Capítulo Único

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Bruce estava sentado, de frente para o Batcomputador. Se havia qualquer coisa capaz de processar dados tão bem quanto a máquina diante dele, seria melhor descobrir onde essa coisa estava. Ele já estava aqui há horas, e pouco ou nenhum progresso foi feito.

O homem parou de digitar e olhou para a tela principal do computador, escrutinizando a foto que tomava todo o espaço. Ela havia sido obviamente tirada por um amador com um celular, e o rosto da figura central era quase irreconhecível. Mas Bruce não precisava olhar a face para saber quem era. O azul e vermelho gritavam no seu cérebro, e seu cérebro estava inclinado à gritar de volta. O escudo vermelho com fundo amarelo, porém, era o que o deixava quase sem visão de tanta raiva, aquele S fluindo pelo tórax da pessoa. A capa vermelha balançando majestosamente pelo vento também não melhorava seu humor.

É oficial, Bruce pensou, eu odeio vermelho.

E então, ele suspirou. Um suspiro longo, cansado, uma tentativa fútil de apagar a chama que crescia incontrolavelmente na sua mente, o que quer que ela significasse. Obviamente, não adiantou, e Bruce se resignou a pressionar seu rosto contra suas mãos, cobertas por luvas pretas. Ele não havia tirado o traje ainda, apenas o capuz. Nesta noite, o Cavaleiro das Trevas havia interceptado algo que suspeitosamente parecia um tráfico massivo de drogas, e ele estava determinado a encontrar a fonte.

Isso é, até ele se deparar com um artigo sobre o Superman, e o resto foi história.

Isso não é bom, Batman pensou de novo. Isso está atrapalhando meu desempenho. O que quer que isso significasse.

O que era uma excelente pergunta, na verdade. O que era isso que ele estava fazendo agora?

Coletando o maior número de informação sobre o Superman possível, uma parte do seu cérebro respondeu.
Para se preparar. Você não sabe o que pode acontecer.

E Bruce se satisfez com essa resposta, por um tempo; era um bom motivo para o que ele estava fazendo. Apenas se preparando para algo que poderia acontecer. Um plano de contingência. Algo para conter o Kryptoniano caso necessário.

Mas então, a outra parte da sua mente  decidiu falar. A parte considerada instável, imprevisível, uma traidora. A parte da qual Bruce tinha medo.

Não é por causa disso. Se fosse, você estaria procurando por qualquer coisa relacionada à Biologia Kryptoniana, não olhando fotos e reportagens sobre ele.

Bruce odiava o fato de que essa parte do seu cérebro era inteligente também.

Mas, agora ele voltou à questão inicial: o que ele estava fazendo?

Você quer saber mais sobre ele. Você está curioso.

Ah. Ok, então. Só curiosidade. Tudo bem.

...

...Por quê?

Quando nenhuma das partes da mente de Bruce respondeu imediatamente, ele sentiu que havia algo de errado consigo mesmo. O Cruzado de Capa levou uma das mãos ao queixo, pensativo.

- Me perdoe pela intromissão, Mestre Bruce, mas o que poderia ter deixado o senhor tão pensativo a ponto de interromper sua investigação?

A voz calma e imparcial de Alfred tirou Bruce de seu estado contemplativo. Depois de piscar os olhos uma vez, ele se virou lentamente para a fonte daquele sotaque britânico.

- Nada em especial, Alfred. Eu... Vou voltar à investigação.

Um pequeno deslize na fala. Só isso. Uma pausa de milissegundos de duração, algo que não podia ser notado.

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