Divus Tenebrarum
PRÓLOGO
Connor chegou na aldeia de manhã cedo. Ele saiu com o seu amigo, Patrick, mas este não voltara.
O chefe tribal olhou para Connor que parecia catatônico.
- O que aconteceu Connor? O que houve com você, e onde está Patrick?
Mas o ruivo não dissera nada. E ao fazer uma avaliação mais precisa, todos os homens da tribo perceberam que Connor havia enlouquecido da noite para o dia.
Parte 1
A floresta estava escura, e o mato era volumoso. Mesmo assim o guerreiro irlandês conseguiu tocar o cadáver.
- Ele foi abatido por um soldado romano - disse Patrick ao amigo.
Connor fez uma cara de pessimísta.
- Batedores romanos estão na ilha? Isso significa que Júlio Cesar venceu os gauleses.
- É o que parece. O corpo de Ewan foi dilacerado por uma arma misteriosa.
O homem de cabelo ruivo olhou para o lado, pensando sobre as engenhosas armas e máquinas de guerra que os romanos sabiam fabricar.
- Patrick! Vamos sair dessa floresta escura e voltar para a nossa aldeia.
Patrick se ergueu e observou o corpo do irlandês sobre as samambaias.
- Dejeito nenhum!
Connor virou-se, assustado.
- O que disse?
- Devemos ter certeza sobre quem matou o nosso amigo. Se for uma invasão romana, teremos que avisar Brian O'morn, para que ele agrupe o exército de defesa.
Connor passou a mão sobre a cabeça com medo de sair a procura de romanos naquela floresta escura. Mas mesmo assim tinha de concordar.
- Tens razão.
Patrick se abaixou novamente e tateou o cadáver em busca de seus pertences. E depois de alguns segundos encontrou alguma coisa.
- Acenda uma fogueira. - disse de repente. - achei uma carta.
Parte 2.
Após Connor procurar gravetos e acender uma pequena fogueira com sua perdeneira, a dupla pode ler a carta que estava no cinto do morto.
- Ainda bem que aprendi a ler na minha infância. - disse Patrick.
Enquanto a fogueira crepitava, Connor fitou Patrick, atônito.
- Esta carta não pode ser de Ewan, pois ele não sabia ler e escrever.
A curiosidade pairou no ar.
Olhando mais de perto, a carta estava escrita em latim. E Patrick começou a ler.
"Caros asceclas, decidi mudar o culto ao Deus-Negro para uma floresta da Irlanda, onde as forças maléficas fluem com mais intensidade."
Patrick parou de ler por um momento enquanto tentava digerir a informação.
- Ewan roubou esta carta de um bruxo? - Inqueriu Connor.
Patrick apenas assentiu com a cabeça e voltou a ler.
"Após a hecatombe humana, o grão-demônio das trevas me passou outra oração de invocação"
Patrick estremeceu de medo ao ler aquela oração macabra com a mente.
- O que te aconteceu amigo? - perguntou Connor, nervoso.
- Ewan descobriu um culto macabro onde se sacrifica pessoas para um deu negro.
Connor se levantou com o coração acelerado.
- Vamos embora daqui. Pois temos que alertar o chefe tribal. - ele olhou para a escuridão em sua volta. - Além disso, estou ficando com medo.
No momento que Patrick se levantou para ir embora, uma voz masculina falou atrás deles.
Parte final.
- Encontrei algo melhor do que o bisbilhoteiro. - falou um homem careca usando uma túnica preta.
- Quem é você? - inqueriu Patrick.
- Apenas um devoto da noite. Esse homem que jaz morto no chão roubou uma carta que me pertence.
Os dois olharam para a carta na mão de Patrick.
- Vamos avisar o líder tribal. Nenhum sacrifício é permitido nessa região.
- Então não vão colaborar? - falou o ascecla em tom irônico.
Os dois ficaram imóveis. O ascecla começou a falar:
- Niger Divus vagans per tenebras tibi oferro hoc sacrificium. - proferiu ele.
Connor não entendia latim.
- O que ele disse, Patrick?
- Vamos fugir!
Connor arregalou os olhos ao ver Patrick sair em disparada pelo meio da floresta de cedros. Em seguinda Connor correu atrás, mas ainda pode ouvir o ascecla dizer: "não há escapatória para vocês".
Depois de quinze minutos de corrida, os dois pararam e olharam para trás, certificando-se que não havia ninguém.
- Pelo sangue dos deuses, Patrick. Nunca senti tanto medo de um homem.
- Temo que há algum mal hediondo por trás daquele homem.
- O que ele disse em latim?
- Ele disse: "Deus Negro que vaga pelas trevas, ofereço-te este sacrifício.
Connor não entendeu.
- Por que ele disse isso para nós?
Patrick iria responder quando ele fez uma careta.
- O que foi, Patrick? - perguntou Connor.
Patrick gemeu de dor, fazendo uma careta angustiante. Em seguida, ele gritou.
- Patrick! O que está acontecendo?
Como num passe de mágica demoníaca, Patrick foi erguido do chão enquando se debatia feito um peixe fora d'água. O sangue espirrava de seu corpo como se tivesse sido perfurado por lanças.
Houve mais gritos e Connor caiu de costa no chão abalado pelo que estava vendo. Patrick girou no ar enquanto as partes de seu corpo eram mastigadas por uma sombra. No final, todo corpo de Patrick havia sido devorado pela escuridão.
Aquilo foi algo tão chocante que Connor nunca mais foi o mesmo.
FIM.
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Divus Tenebrarum
Short StoryUm irlandês foi morto por roubar uma carta escrita em latim, e batedores scotos tem de descobrir se a Irlanda está sendo invadida por Júlio César.