Capítulo 2

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O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA DE UMA DIMENSÃO SUPERIOR

Não foi por acaso que Tony e Sofia se encontraram no campus da universidade. Sofia com a mochila de lona nas costas, caminhava pelos corredores da universidade em busca da mesinha do café. Havia um movimento contínuo de rapazes e moças, com risos e conversas que ecoavam ao longo do corredor. Tony, vindo em sentido contrário, um pouco apressado para chegar em tempo na sua primeira aula, desviou-se de dois rapazes que vinham conversando juntos e inesperadamente se encontrou frente a frente com Sofia, praticamente esbarrando nela. Algo muito superior promoveu esse encontro. — Desculpe, quase derramei o meu café em você — disse Sofia. — Não se preocupe, nada aconteceu. Meu nome é Tony — e estendeu a mão para Sofia, que se apresentou segurando sua mão. Tony e Sofia se entreolharam e sentiram uma energia forte fluindo entre eles, como se dois ímãs se aproximassem gerando um forte campo magnético.

Tony seguiu para sua aula, mas antes pediu a Sofia o número de telefone do seu dormitório, e ela, ainda sob aquela estranha e forte emoção do encontro, seguiu também para sua aula, mas olhou para trás mais uma vez. Tony também a olhava antes de dobrar um corredor em direção a sua aula. Tony e Sofia voltaram a se encontrar naquele mesmo dia ao final da tarde e foram jantar na cafeteria, onde conversaram longamente até quase a hora de fechar a cafeteria. Saíram juntos da cafeteria, caminharam pelo campus e se sentaram em um banco, onde continuaram conversando sobre suas vidas e seus objetivos até a madrugada. Os dois passaram a se encontrar todos os dias durante horas a fio pela manhã, à tarde e à noite, até a hora de irem para os dormitórios. Ambos tinham colegas de quarto, o que os impedia de passarem a noite juntos. Entretanto, no fim de semana seguinte, ficaram sós no dormitório de Tony porque seus colegas saíram na sexta para suas casas e somente retornariam na segunda. Foram momentos inesquecíveis para o jovem casal, que além de se deliciar com um amor profundo e inesperado, passou também a procurar entender as razões superiores daquele encontro maravilhoso. A convicção dos dois jovens foi de se conhecerem melhor e buscarem a verdadeira razão da existência humana. Eles entendiam que existiam seres em outra dimensão na Terra e que, intuíam, eles poderiam estar próximos da linha do equador pela menor interferência magnética. O que estava acontecendo entre Tony e Sofia aumentava mais ainda as suas percepções extra-sensoriais.

Desde o primeiro momento em que se encontraram, tiveram a forte sensação de que já haviam se conhecido centenas de anos antes. Tony descreveu a época em que sentia ter vivido com Sofia, foi uma cena tão clara e dramática como uma pintura de Tintoretto. Ele contou detalhes do que tinha acontecido quando, montando um cavalo muito arisco e inquieto, partiu para uma batalha contra invasores bárbaros que destruíam aldeias próximas de onde ambos viviam no interior da Bretanha, na França. Tony tinha o forte sentimento de que estava abandonando a sua pequena aldeia, sua mulher e sua filha, vestidas pobremente com roupas de estopas e olhando para ele com tristeza. Tony nunca mais retornara, fora morto pelos bárbaros contra os quais lutara. Durante muitos séculos e ao longo de muitas vidas, ele teve a clara sensação da ausência da sua mulher, e que tinha deixado Sofia e a filha naquela pequena aldeia. Ele não entendia com clareza o que inquietava sua alma desde que era muito novo nessa vida presente, até o dia em que encontrou Sofia. Nas longas conversas que teve com ela, ele foi se recordando. Contou que, ao combater os invasores bárbaros na Bretanha, foi morto em uma sangrenta batalha, e desde então, há muitas vidas, perseguia o sonho de um dia se encontrar novamente com a sua mulher e filha. A descrição de Tony daquela aldeia medieval fez Sofia ter a sensação de voltar ao passado e ver com clareza a mesma cena. Ela sentia como se estivesse emergindo de um oceano imenso e de um passado remoto, que a remetiam às palavras de Deus a Moisés: "Ego sum qui sum" ou, de uma forma atual, "eu sou aquele que sou" a transcendência absoluta do ser, ou seja, o espírito humano, aquilo que transcende os próprios pensamentos independentemente de onde se encontra a pessoa. Ela sabia que, graças ao avanço da física e da parapsicologia, a alma ou consciência humana vinha sendo submetida ao crivo da ciência e mesmo a experimentações extra-sensoriais em um grande processo evolutivo. Sofia entendia que, na física, a matéria é resultante de adensamentos energéticos de dimensões superiores quase sempre imperceptíveis ao ser humano na terceira dimensão, que vêm e se afastam da fonte inicial até o infinito. Naquele momento em que via como um filme a experiência real de um passado remoto, ela entendeu que o plano mais denso, onde estamos, é tridimensional e está sujeito ao tempo, que tudo destrói. Entretanto, lembrou das visões que tinha quando ainda criança e que continuava a ter de vários seres humanos que haviam deixado o nível terreno e que apareciam na sua frente caminhando e às vezes flutuando, com uma clareza cristalina de pessoas em outra dimensão. Sofia comentou com Tony que com seis anos de idade chegava a conversar longamente com as pessoas que ela enxergava. Recordou das leituras do professor brasileiro Carlos Augusto Pereira, PhD em astrofísica e matemática da Universidade de São Paulo, que afirmava em alguns artigos que todos nós estamos acima do plano chamado denso, cujo limite atualmente é a velocidade da luz, e que existe um nível superior, em um plano além das três dimensões. Ela decidiu se aprofundar nas teorias do professor Carlos Augusto sobre as estruturas densas do ser humano, ou seja,o corpo físico em conjunto com a expansão da mente. Seria possível considerar que seres humanos altamente evoluídos da terceira dimensão poderiam ultrapassar de forma harmônica o limite de tempo. Os dois jovens entendiam que, segundo a parapsicologia, o ser humano tem dois inconscientes, sendo um inconsciente presente e outro passado. A memória inconsciente do passado remete a momentos, imagens e cenas vívidas em algum período em que a pessoa viveu. As coincidências de vidas passadas de Tony e Sofia remetiam a inúmeras informações que podiam revelar quem realmente era e por que estavam tendo aquelas vidas no presente, e por quais razões haviam se encontrado. As indagações que se faziam durante as conversas conduziam cada vez mais na direção do entendimento dos dramas e alegrias da vida que haviam tido. Sofia acreditava que em algumas pessoas existe uma sensibilidade ou mesmo uma sabedoria superior que as ajuda na direção da transcendência de vidas passadas. Segundo vários estudos científicos realizados na parapsicologia e em outras ciên cias relacionadas à mente humana e na própria física quântica que ela já tinha lido, em determinados seres humanos existe uma chave ou um gatilho que consegue abrir janelas e canais para uma verdadeira retrospecção de vidas passadas, permitindo-lhes enxergar em níveis elevados os dramas, as tragédias, os amores, as tristezas, as alegrias e até mesmo a forma de se vestir em vidas passadas. Tony concordava com ela que era muito provável que pes soas com essa alta sensibilidade, ao passarem em locais onde nunca tinham estado na vida atual, teriam sentimentos e impressões claras de que já tinham estado ali em vidas anteriores. Da mesma forma, pessoas ao verem determinadas cenas, essas pessoas sensíveis teriam a certeza de já haver presenciado aquilo antes, ou até mesmo saberiam antes que iriam enxergar aquela cena. Complementando o raciocínio de Sofia, Tony afirmava que os fenômenos de antecipar fatos ou sentir que lugares já eram conhecidos significavam o despertar de uma consciência que, na verdade, envolvia percepções extra-sensoriais extraordinárias.

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⏰ Última atualização: Mar 22, 2020 ⏰

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