Prólogo

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P.O.V Mia

Quando eu acordei pensei que seria um dia normal como qualquer outro. Me arrumo, vou para a universidade, tomo um café, faço meus deveres, e sigo com a minha vida até consegui me formar em Letras.

Você pode ficar pensando: sério, Letras? Mas humanas sempre foi o meu forte e o que mais me deixa feliz. Acho incrível como as palavras podem expressar tantas coisas. A literatura é o que mais me deixa animada, ficaria o dia inteiro na presença de um bom livro e um caderninho para anotar sobre ele e algumas ideias.

O meu hobby favorito é fazer poemas, além de ler, obviamente, depois eu mostro alguns deles. A única pessoa que sabe do meu amor sobre poemas é a Julie, minha amiga da escola. Quando eu me mudei, fiquei muito nervosa e ela me ajudou a me ajustar a essa nova vida. Eu não imaginava que uma mulher iria adotar uma garota no 2° ano do Ensino Médio, sabe, normalmente as pessoas não adotam alguém com mais de 13 anos.

Minha mãe adotiva se chama Christine Abraham, o útero dela é muito fraco e ela não conseguiu ter nenhum filho, nem com ajuda da medicina. Quando chegou aos 48 anos ela desistiu e começou o processo de adoção, mas como ela já estava mais velha queria uma pessoa mais velha. A pessoa que não achou essa uma ideia muito legal foi a Trycia, sobrinha de Christine, ela tem a mesma idade que eu, mas odiou a ideia de ter uma prima... Ela é filha única e como a tia e os pais davam tudo para ela, achou horrível a ideia de dividir as suas coisas.

Estive aturando Trycia nos dois últimos anos do ensino médio, ela me fez ser quase seu cachorrinho, tendo que levar as coisas dela, comprar outras, quando eu não ficava noites acordadas tentando fazer o meu trabalho e o dela. Ela ia mal na prova e ainda me culpava! Mas, pelo menos, quando eu fui para a faculdade via ela dificilmente.

Desde que ela terminou o seu namoro com o Luke, há um mês atrás, ela não para de me perturbar. Se o vento bate mais forte a culpa é minha!

Então nesse momento estou me escondendo no Starbucks tentando terminar alguns poemas.

- Aí está você! Eu não falei que era para você me buscar no shopping a meia hora atrás? - E foi aí que meu sossego acabou, Trycia acabou de entrar no estabelecimento.

-Meu carro está na manutenção e você não deixa eu chegar perto do seu carro. Quer que eu te busque de bicicleta? - Falo já começando a pegar as minhas coisas do balcão pronta para ir embora. Ela fica parada com as mãos na cintura me olhando.

- E você não poderia ter mandado uma mensagem? - ela fala como se fosse óbvio, ela acha que eu sou lesada?

- Você me bloqueou , mesmo eu mandando você não receberia as minhas mensagens - falo suspirando e ela começa a bater o pé com aquele salto irritante.

- Ai meu Deus, você não serve para nada!Deve ter sido por isso que seus pais te abandonaram num orfanato. -fala com um sorriso vitorioso. Ela sabia me acertar nos meus pontos mais fracos.

- Meus pais não me abandonaram. Eles estão mortos - falo já me levantando, segurando a vontade de chorar. Eu passei por vários orfanatos em diversas cidades quando era adotada, até hoje estou tentando conseguir informação sobre os meus pais.

- Vamos lá, seja realista você é uma imprestável. Ou então porque acha que nunca ficava com os pais adotivos, ainda acho que minha tia tem algum parafuso solto por ter escolhido você naquele lugar. 
- Seguro os meus livros com força, não posso fazer nada contra ela. Sei que ela iria se fazer de vítima e só iria me dar dor de cabeça com os pais dela.

Mesmo Trycia falando isso várias vezes, dói muito porque é verdade. Eu posso ter sido abandonada pelo meus pais, nenhuma família ficou comigo por muito tempo e eu ainda não sei como uma pessoa tão boa quanto a Christine decidiu me adotar, eu já tinha desistido de achar uma família e é apenas por ela que eu ainda não dei um tapa bem dado nessa garota. Ela com certeza ficaria triste, para ela nós somos muito unidas e ela fica muito feliz com isso... Não quero ver Christine triste.

Enquanto eu andava para a porta de cabeça baixa, ignorando a Trycia me chamando, acabo trombando com alguma pessoa. Todos os meus pertences estavam no chão e não conseguia falar nada naquele momento, estava apenas pensando nas palavras da Trycia rondando a minha cabeça.

- Ei você está bem? - Olho para cima e vejo Luke parecendo preocupado, em um breve resumo uma das pessoas mais lindas ao meu ver mas que tem mal gosto o bastante para ter namorado Trycia. Confirmo com a cabeça pegando as minhas coisas rapidamente e saindo do local.

- O que você fez com a garota, Trycia? - foi a última coisa que ouvi depois de sair. Não me dei o trabalho de ouvir o que eles iriam falar, eu apenas queria respirar fundo sem ninguém me perturbando. E eu sabia de um lugar que sempre aumentava o meu ânimo

O Key Park é o único lugar que consegue me fazer feliz em qualquer situação

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O Key Park é o único lugar que consegue me fazer feliz em qualquer situação. É aqui que tenho uma das melhores lembranças de quando meus pais ainda eram vivos. Se eu fechar os olhos consigo lembrar perfeitamente daquele dia, cada som e cheiro. E quando eu me vejo dentro daquela lembrança todos os problemas, como mágica, deixam a minha mente por alguns instantes. É exatamente isso que faço, sentada na grama, fecho os olhos e me deixo voltar àquela memória.

Meus pais decidiram fazer um piquenique porque estamos, finalmente, de férias! O parque está cheio de pessoas andando, conversando, brincando. Eu e papai estamos carregando as coisas para o nosso piquenique, enquanto mamãe procura o lugar perfeito para por as nossas coisas.

— Já encontrou, mãe? Meu braço já está começando a doer por ter que ficar segurando essas coisas. - falo, já arrependida de ter oferecido ajuda ao meu pai.

— Mais paciência, minha filha, a pressa é inimiga da perfeição. Ah aqui! Esse é o lugar perfeito para nossa tarde em família! - diz animada, gesticulando em direção à um gramado um pouco afastado da agitação do parque.

Depois que a nossa área de piquenique está pronta, pego a bola que eu trouxe para jogar vôlei junto com papai – não que eu fosse esportiva, mas era legal jogar alguma coisa com ele.

A tarde passou tão rápido que a gente nem percebeu. Mamãe trouxe a câmera dela e ficou tirando fotos do parque, do meu "jogo" com papai, do nosso lanche e de tudo que ela achava interessante o suficiente para ocupar um espaço no cartão de memória da câmera.

No fim da tarde, estávamos quase indo embora quando meu pai decidiu que nós precisávamos fazer uma foto em família para registrar aquele dia incrível.

— Agora, pai? Eu tô suada, com o cabelo oleoso e esquisito.

Eu mal tinha acabado de falar quando meu pai pegou a câmera.

— Digam "xis"! - ele disse, ignorando minha reclamação, apertando a minha cintura para me fazer rir - Viu? Nem precisava reclamar, foi tão rápido.

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⏰ Última atualização: Mar 28, 2020 ⏰

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