Eu queria te escrever. Talvez um poema sem sentido ou mais uma carta clichê. Desculpe se estiver sem sentido, é que a minha vida anda da mesma maneira. Está chovendo lá fora e dando vários trovões. Eu tinha medo de trovões, você lembra papii? E eu só conseguia me sentir seguro quando estava nos seus braços, parecia que tudo me acalmava. Você sussurrava dizendo que estava tudo bem e que eram apenas trovões, pegava na minha mão e me abraçava forte, depois deitava comigo na cama, cantava baixinho até eu dormir, me cobria com o edredom e fechava a cortina. O problema é que eu me acostumei com isso, toda tempestade é a mesma coisa. Eu fico aqui na cama todo coberto com o edredom da cabeça aos pés e morrendo de medo a cada estouro do trovão lá fora. Eu agarro aquele urso de pelúcia que você me deu e tento me sentir seguro, mas não é a mesma coisa. Falta o calor do seu corpo, sua voz baixinha me dizendo que ficará tudo bem, falta você.
Estou indo a psicóloga diariamente desde que você saiu por aquela porta. Ela disse que eu posso ter uma vida normal e que apenas eu posso me ajudar. Ontem ela me pediu para escrever sobre quem eu era, logo na primeira página "Não costumo confiar em ninguém.". Fiquei cabisbaixo, olhos marejados, um leve sussurro escapou "Eu confiei tanto em você..."
Ela me pediu para levantar o suéter e viu as marcas de arranhões nós meus braços, eu a disse que era apenas uma mania nervosa quando a ansiedade me atormentava. Com aquela voz tão calma que me fazia querer chorar todas as vezes que me aconselhava disse.
"Uma ferida feita no corpo, não irá curar uma ferida da alma Gun. "
Eu sinto tanto sua falta P'Off...
Você foi embora com promessas de passeios pela cidade, borboletários e manias que eu te contei. Você foi embora com a ideia de museus, e cafeterias com nos dois sentados e sorrindo, felizes...
Eu sei que preciso sair dessa névoa que tá cada vez mais me puxando para um abismo sem saída. Mas eu simplesmente não consigo me desfazer de todo esse amor que criei por você.
Você ainda está nos meus textos e a forma como eu descrevo o amor ainda é sobre como eu me senti com você nas manhãs em que acordamos juntos, da vez que segurei a sua mão até entrar no carro, da vez em que você me chamou pra beber depois do trabalho e disse que estava apaixonado e não sabia o que fazer com esse sentimento.
Te escrevo com os olhos cheios de lágrimas, me pego pensando naquele teu texto de despedida e em como você dizia me amar mas não queria me magoar, parte de mim se pergunta se você estava tentando me proteger ou se era só covardia sua por não conseguir dizer que escolheria outra pessoa. Já te disse: em terra de primeira opção eu nem entro na corrida. Já esperava a sua partida mas aconteceu de forma tão brusca foi como acordar sem um braço e ter que conviver com a dor do membro fantasma porque eu ainda sentia o seu cheiro na minha jaqueta daquele dia em que nós dormimos juntos e quando acordei fiquei encarando as suas feições pedindo pra qualquer deus que pudesse me ouvir que você não desistisse da gente porque eu não seria capaz de lutar por nós sozinho.
É um vazio quase que indescritível cair de novo nas suas incertezas no seu "eu te amo mas vou escolher outra pessoa" e eu quero acreditar que você também me ama porque eu vejo a forma como você me olha mas a luz bate nas tuas palavras e te queimam como uma formiga sob a lupa porque a verdade é que amor é escolha e você não me escolheu e eu tenho dito isso sem parar na minha cabeça e nos meus textos pra ver se meu coração finalmente entende que seu lugar não é aqui, mas ele é teimoso você sabe Jumpol, ele implora e chora um pouquinho toda vez que joga um pedaço teu fora e a cada dia me desfaço mais dos seus restos em mim.
Se me perguntassem antes de te conhecer eu diria que não acreditava mais que poderia sentir algo avassalador por alguém. Não ousei dizer isso em voz alta pro universo não achar que era um desafio e mesmo assim você veio como um desastre natural que me beijava como se a sua vida dependesse disso.
É engraçado e trágico como lembro de você nos detalhes como noutro dia quando eu estava cortando pedaços de melancia e lembrei de quando eu fiz suco dessa mesma fruta e você me abraçou por trás e disse como a gente seria um casal bonito.
E nunca fomos..
Nunca fomos papii...
❝ So tell me to leave
I'll pack my bags, get on the road
Find someone that loves you
Better than I do, darling, I know
'Cause you remind me every day
I'm not enough, but I still stayFeels like a lifetime
Just trying to get by while we're dying inside
I've done a lot of things wrong
Loving you being one, but I can't move onYou know I, I'm afraid of change
Guess that's why we stay the same.. ❞thx..
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CLICHÊ
Fanfictioneu amo clichês e por mais que eu queira, talvez eu não sirva pra viver um, pois girassóis não vivem clichês, histórias de amor convencionais foram feitas para garotos convencionais, e como você sempre disse, eu não sou um deles. 🖇️. 29. 04. 19