Três

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Nada como começar o dia com uma canção da Trícia Brock, e principalmente essa, que me faz sempre lembrar que ele nunca me deixou, é uma música pra meditar, fala sobre fé, e mesmo me faltando tudo, o que eu sei é que ele é real, por isso amo essa letra, ouço várias vezes em seguida, normal quando se gosta de algo, acordei faz uns minutos, tentando me preparar pra rotina de hoje, daqui a pouco tenho minha primeira aula da faculdade, escolhi o turno da manhã, pois fica melhor, não gosto muito de sair a noite, principalmente em um lugar onde não conheço ninguém, tomei café rapidamente e fui me arrumar, tomei banho, coloquei uma roupa básica, camiseta e calça jeans, uma sapatilha, peguei minha bolsa e sai caminho a universidade, confesso que agora, ao sair do apartamento, senti um formigamento na barriga, o nervosismo chegou, porém, eu tinha controle sobre mim, e não seria um nervosismo que iria me atrapalhar e destruir meus sonhos. Minha caminhada não foi tão longa, em cerca de quinze minutos, já no portão de entrada, dei uma pequena parada, observando o território, vendo as pessoas se locomoverem por todos os lados, me deu uma dor só em pensar que vou ter que ficar em uma turma que não conheço ninguém, mas graças a Deus, aprendi a não fazer acepção de pessoas, pois posso estar no lugar delas algum dia. Ao entrar na universidade, me vieram vagas lembranças do passado, e com elas, a dor pulsando, não sei o porque, eu só queria voltar pra casa e chorar, detestava quando isso acontecia, e normalmente, era em um lugar público, era uma provação, e eu precisava enfrentar, deixar o passado no passado, só queria entender porque é tão difícil esquecer a dor, ou só parasse de me machucar, sei que não tem como, não sou boba, e sabia que isso só iria acontecer quando eu, de fato, me libertasse.
Entrei na biblioteca, a diretora pediu pra me pegar alguns livros do semestre, entreguei a lista a bibliotecária e aguardei enquanto ela digitava no computador, provavelmente comprovando que eu era aluna, quando ela liberou que eu pegasse os livros, fui até às prateleiras e peguei os mesmos, em seguida, fui para a minha primeira aula, e esperava, eu orava, para aquela angústia sair do meu peito, pelo menos, até eu sair do prédio, só assim eu iria conseguir ficar na aula. Meus planos de ter um dia bom e produtivo foram por água a baixo, me reprimi por ser tão fraca, por me permitir sofrer por algo que já fazia anos, e que não tinha nenhuma importância na minha vida, não mais, o sinal tocou, corri pelos corredores da universidade, em direção a saída, não esperei pela última aula, não dava, eu precisava ficar sozinha, já prestes a sair, um cara que estava encostando no portão, me olhou com ternura, caminhou até mim, e ficou me olhando por um instante.

- tudo bem moça? - perguntou gentilmente.
- sim, obrigada, com licença.- falei educadamente, e continuei andando.

Ele parecia ser uma boa pessoa, mais apareceu no momento errado, eu não queria conversar com ninguém, só entrar no meu quarto e chorar, suplicando a Deus por misericórdia.

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