O começo

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 -Kabuto?

-Sim, Orochimaru sama?

-Os preparativos para darmos inicio ao Fushi Tensei estão prontos? -Tosse, encontra-se muito fraco, a batalha contra Sarutobi quase o matou.

-Sim Orochimaru Sama – Kabuto vai apressado em direção a porta -Os ninjas do som, todos foram derrotados, inclusive Kimimaru, perdeu contra a criança da areia, Gaara do Shukaku, mas felizmente a criança raposa espera o senhor na câmara ao lado.

-Ninjas incapazes -Sibila Orochimaru -Meu próximo corpo devia ser o da criança raposa,mas temo que no estado em que ele se encontra, seu corpo não seja forte o suficiente para se tornar meu. Por hora vou me contentar com um dos meus experimentos, e daqui a três anos... -Orochimaru lambe os lábios, e suspira em deleite -Essa criança estará pronta para ser um dos meus mais valiosos e poderosos corpos.

Seis anos atrás.

Naruto acorda mais uma vez sozinho, abre os olhos devagar e se espreguiça lentamente. Na mesa, os potes de lamen se amontoam em torres, e o único leite que havia na geladeira estava azedo. No passado Naruto costumava pensar que tudo bem, que aquela situação miserável em que se encontrava iria passar, ele se mantinha positivo independente das coisas horríveis que ouvia sobre ele, ou das coisas que as pessoas faziam. Mas a situação mudou, ele sente aquela raiva borbulhar novamente em seu estômago, e pensa pela milionésima vez que Konohagakure no Sato e as pessoas que ali moravam deviam pagar. Pagar pelas coisas que o fizeram passar, sem ao menos considerar que ele era apenas uma criança que não entendia o direcionamento daquele ódio sem sentido. As vezes tinha vontade de chorar por toda a injustiça que rodeava sua vida, mas a tristeza acabou virando ódio,um ódio profundo que se agarrara até em seus ossos.

Levanta com má vontade, cheira o leite azedo, contorce o nariz e o joga na pia. Em pouco tempo se apronta e sai de casa para mais um dia, reza em seu âmago para não encontrar o metido do Sasuke por ai, mas lembra que tem de se apressar para mais uma aula na academia ninja, e provavelmente o exibido vai estar lá, o aluno prodígio, o Uchiha perfeito, talvez o irmão do próximo Hokage da vila. Suspira.

Ao andar pelas ruas apertadas de Konoha, o cheiro dos diversos restaurantes se misturando no ar, os ninjas fazendo patrulha aqui ou ali, ou simplesmente jogando conversa fora, percebe novamente os olhares se focando nele. Se uma pessoa o encara por mais de três segundos, faz questão de mostrar a língua e sair correndo.

-O que foi? - grita ao correr– E as pessoas voltam a cochichar e fazer cara de desgosto.

Seu estômago ronca ao passar em frente ao seu restaurante favorito, Ichiraku, mas lembra que sua carteira de sapo está vazia, pois o auxilio que o Hokage estúpido dava para as crianças órfãs da vila só chegaria dali a dois dias.

Como não tinha nada para fazer em casa, nenhum amigo para brincar ou alguma estupidez de criança para fazer no caminho até a academia, acabou chegando cedo demais, e foi para um de seus lugares favoritos. O balanço carrancudo que ficava em baixo de uma árvore alta de copa exagerada.

Enquanto balançava lentamente, com os pés se enterrando na terra fofa, lembra da aula anterior em que o maldito Uchiha acertou todas as malditas shurikens no maldito alvo de madeira, e passa a mão pelos cabelos amarelos em frustração quando lembra também de seu fracasso, pois quase acertara seus colegas de classe e seu Sensei Iruka, mas o alvo? Ahh, o alvo permaneceu intocável. Como se sentia estúpido ao lado daquele Uchiha idiota, desde o primeiro dia na academia declarou mentalmente que aquele era o seu rival para a vida toda.

De repente escuta uns gritinhos estridentes de algumas garotas que se reuniam na frente do portão da academia e percebe que elas fazem parte do fã clube do Sasuke, e o motivo dos gritos é por que o mesmo acabou de chegar.

O sinal da academia toca, anunciando o início de mais uma aula insuportável e Naruto sai correndo esbarrando no senhor perfeito de propósito, fazendo ambos se encararem de forma hostil.

O dia acontece com Naruto aprontando de propósito, Iruka Sensei gritando em plenos pulmões até ficar vermelho, Sasuke respondendo tudo com perfeição, Hinata tocando os indicadores e falando tão baixo que todos desistem de escutá-la e todo o pandemônio daquela sala de pequenos "ninjas" complicados.

Mais tarde, quando as aulas enfim acabam, os alunos saem correndo da academia, uns para suas casas, outros para o parquinho mais próximo, outros para restaurantes. Choji era uma das crianças que estava babando só de pensar em comer churrasco junto de Shikamaru, aquele preguiçoso que queria ser uma nuvem e não um ninja.

E Naruto seguiu sem rumo, pensando em formas criativas de finalizar mais um dia naquela aldeia insuportável. Ao chegar novamente no centro de Konoha notou que havia uma loja com máscaras perfeitas para assustar alguns colegas que teimavam em praticar bullying com ele. Sorriu travesso e foi conferir as máscaras de mais perto. Assim que se aproximou o dono da loja foi logo perguntando:

-O que você está fazendo? Essa loja não tem nada que lhe interesse, saia daqui e vá procurar o que fazer rapo... digo, fedelho! Vaza, daqui, xô! Xô! - As pessoas curiosas começaram a se acumular e quando viram que era novamente o baderneiro do Naruto, as expressões de todos mudaram como mágica.

Naruto com raiva mas sem entender nada continuou olhando as máscaras, ignorando a gritaria daquele velho mal humorado.

-Você é surdo? -Gritou o velho, agarrando Naruto pelo cotovelo e o jogando na rua. -É a máscara que você quer? -Pegou a máscara e a arremessou na testa de Naruto -Pegue e suma daqui!

Segurando as lágrimas com toda sua força, Naruto pegou a máscara que acabou rachando ao cair, sua testa doía mas nada se comparava com a humilhação que estava sentindo. Saiu correndo sem olhar para trás, amaldiçoando todas aquelas pessoas em pensamento e principalmente o dono da loja, prometendo para si mesmo que um dia se vingaria de cada uma delas.  

Naruto - Uma história de ódioOnde histórias criam vida. Descubra agora