A ÁGUIA E O TEXUGO

CAP I - A CARTA

Então eles sempre escutavam dos pais: Esperem a carta, esperem a carta! Não era um dia de sol, afinal, nunca tinha chuva mesmo na cidade, mas quando o carteiro chegou naquele dia com cartas, não imaginava que faria feliz duas pessoas que até então não se conheciam. Rogi Bridges tinha acordado tarde, seus pais sacudiam e gritavam: Sabe o que é isso, filhão!? Sabe o que é isso?! A tal sonhada carta!!! A alegria era imensa, com razão. Rogi havia passado para a escola de mágia e bruxaria Hogwarts, a mais famosa e bem avaliada.

Do outro lado da cidade, Tallulah Malosilov também dormia, quando seus pais com a mesma euforia a acordavam repetindo as mesmas coisas, parecia combinado. A jovem de cabelos cacheados tinha que preparar suas malas, pois chegaria em Londres na segunda, na plataforma nove três quartos. Aquele sábado que seria de diversão no parque e cinema de noite, se transformou em intensa atividade, compras no shopping, casaco de frio, roupas de frio, uma mala mais ou menos grande, daquelas capazes de Tallulah carregar com uma mão e uma outra maleta para coisas menores, coisas de mulher... A mãe dela falava.

Os pais de Rogi realizavam a mesma atividade, só que em outro shopping. Casaco de frio, roupas de frio, uma mala mais ou menos grande. Tudo pronto, tudo certo, voltaram para casa felizes e empolgados, pediram pizza, calabresa com bastante cebola, um refrigerante de cola ao lado, e o momento decisivo chegava, o pai puxou um pacote e entregou a Rogi, abra... Ele disse gentilmente com um imenso sorriso no rosto. O que poderia ser? Eram tantos os presentes ao longo do dia, mais um? Ao abrir a caixa, se deparou com uma varinha azul marinho, lisa e com a letra 'R' na ponta. Eles sorriram, Rogi mais ainda, achou a coisa mais linda desse mundo. Do ladinho do pé da mesa, um canto peculiar nunca antes escutado naquela casa. - O que é isso, papai? Perguntou bastante curioso. - Ah! Esse é o seu mascote... Disse a mãe com um certo pé atrás. - Você sempre quis um bichinho, não é? Então, esse é o seu... Ele se chama Araripe, aqui chamamos de soldadinho-do-araripe, é um Antilophia bokermann! Completou o pai. Um o quê? Disse Rogi.

Tallulah teve uma reação bem diferente quando viu Bolinha, o charmoso e simpático Tolypeutes tricinctus ou Tatu-Bola! - Ah! Ele é bem fofinho, mamãe! Obrigada! Os pais orgulhosos, a passagem comprada, o inglês em dia - YES! OF COURSE! Repetia Tallulah! Mal conseguia dormir de tanta ansiedade! Viajaria no domingo pela manhã, disse que dormiria no avião, iria ao aeroporto com seus pais, e lá seria recebia por Meredith Rog, a representante dos alunos do eixo das ámericas, responsável por levar os alunos do Canadá até o Chile. O trem partiria segunda de tarde, o cansaço era evidente, mas a empolgação latente.

Na fila do aeroporto, Meredith Rog era uma das mais altas, falava com os pais empolgados e tomava para si a missão de cuidar dos cinco representantes das ámericas. - Vocês estão todos prontos? Falava Rog numa empolgação quase infinita. E as crianças gritavam: - SIM! Os pais orgulhosos, despedidas, choros, só iam ver seus filhos nas férias. 

Entraram todos no avião, destino? Londres. Tallulah respirou fundo, estava tão animada. Rogi lia um pequeno livro begê, um manual de peculiaridades, fechava o livro e também respirava fundo. Aquela era o ínicio de uma jornada cheia de desafios, os dois estavam animados, não conseguiram dormir, foi quando Igor se levantou para ir até o banheiro e Tallulah também no mesmo ritmo, os dois se esbarram no corredor, não sabiam como falar um com o outro, mas pediram desculpa na mesma hora e perceberam que eram do mesmo lugar, riram e Tallulah foi primeiro, pois Rogi havia feito um sinal de como: vai primeiro você.