Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.
João 16:33
Quatro anos antes... 2016.
Brasil, João Pessoa.
As lágrimas continuam a cair, pequenos soluços saí dos meus lábios e minhas mãos tremem assim como todo meu corpo. Ele está morto! Ele morreu sem sentir dor, lentamente ele se foi e nem mesmo consegui me despedir. Ainda não caiu a ficha que em poucos meses tudo tinha se tornando essa confusão, foram idas aos hospitais e remédios que ele já nem mesmo queria tomar por mais que nós tentássemos, e por fim o coma induzido. Um sono tranquilo. Disseram na parte da manhã que ele estava melhorando, que logo iria acordar e estaria do nosso lado novamente, só que não foi assim... de algum jeito ele sabia e isso foi confirmado o que pensei dias antes: Ele sabia que iria ir.Deus por que?
Eu nunca te desobedeci, tentei cumprir tudo o que todos falaram e tentei seguir suas leis escritas, tentei e tentei. Eu só tentei. Me explica, por favor me diz o que fiz de errado. A resposta não veio, ela ainda não chegou... talvez ela nunca chegue.Choro mais e encosto minha cabeça na janela do ônibus ouvindo a chuva cair, a noite está escura assim como meu estado de espírito. Não me importando com os poucos passageiros que provavelmente não estão entendendo nada e dou uma olhada rápida para minha mãe e irmão um pouco mais a frente juntos. Não me importei com o dia seguinte, com as aulas ou provas, se era tarde demais ou se só iria atrapalhar todos. Eu queria ir para a casa da minha vó, não, eu preciso está lá!.
Abro um pouco a janela e deixo o vento frio com gotas de chuvas molharem meu rosto, pela primeira vez pensei como seria minha vida agora que ele se foi. Talvez entre em depressão, talvez o esqueça, talvez nada mude ou... Minhas lágrimas parecem mais grossas molhando meu rosto e eu já não aguento mais a dor sendo que ela nem mesmo começou. Ela talvez fique pior.
Não sei quanto tempo passou, nem me importo na verdade, só sei que a chuva já passou, minhas lágrimas não caem mais e que tinha chegado ao meu destino. Minha mãe avisou, só assim, para eu entender que tinha chegado. Depois de dois ônibus finalmente eu tinha me controlado e talvez esteja pronta para encarar a realidade... Talvez.
- Por favor, não chorem daquele jeito na frente da sua vó. Ela precisa do nosso apoio, então tentem se controlarem um pouco. - Ela fala baixo enquanto descemos do ônibus e começamos a subir a ladeira curta, cheia de barro e pedras no caminho que não foi asfaltada. - Agora é hora de vocês serem forte! - Ela disse com a voz a balada. - Ele não sofreu. Foi o melhor para ele, ninguém aguentava mais tudo isso. - Diz enquanto pega a mão do meu irmão seguindo o caminho que tanto já fizemos, as casas desiguais com cores desbotadas e até sujas de lama. A rua em silêncio, escura com um poste que parece pisca-pisca e que agora nem parece tão assustador quanto o medo de não vê-lo.
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Acorrentadas Em Busca Da Liberdade - Livro I - Duologia: Livre Pelo Espírito.
SpiritualTrês garotas. Realidades opostas, mundos diferentes. O que tinham em comum? "Eu já não sei quem eu sou, minhas mentiras estão virando verdades e a cada dia sou acorrentada." "Sou prisioneira das crenças, sou prisioneira deles, sou prisioneira de mi...