Capítulo 2 - Mio

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Hyakkimaru sentiu sua pálpebras serem iluminadas pela luz do sol que vinha da janela. Quando fez menção em se levantar, sentiu sua cabeça pesar uma tonelada, voltando novamente a se deitar.
– Bom dia, Hyakki-san – disse Osushi que estava ali perto – como se sente?
– Minha cabeça dói... O que aconteceu?
– O senhor saiu com seus servos para conhecer a cidade e voltaram hoje pela manhã com eles o carregando.
– Como? Como isso é possível?
– Não sei, senhor Hyakki. O importante é que o senhor já está em casa – disse Osushi, a mesma pegou uma xícara de cerâmica que continha chá de manjericão – beba, vai ajudar na sua ressaca.
– Arigato – disse ele pegando a xícara para beber – não acredito que bebi tanto assim. Que horas são?
– Acredito que seja 10:00 da manhã.
– Certo. Preciso ir até os Nobunaga – disse Hyakkimaru se levantando – sabe dizer se meus servos estão disponíveis senhorita Osushi?
– Sim, senhor. Eles aguardam suas ordens.
– Certo, irei me arrumar – após vestir-se, Hyakkimaru saiu com Zabuza até o acampamento dos Nobunaga que ficava fora da cidade.
Hyakkimaru foi recebido muito bem pelo líder Yoshiro, já que o mesmo reconheceu o emblema do clã Kagemitsu.
– Meu pai está oferecendo apoio a vocês na tomada a Okinawa.
– É com grande satisfação que aceitamos o apoio de Daigo. Porém, só temos 500 homens disponíveis no momento contra os 10.000 soldados de Asakura.
– Não se preocupe. Em três dias o dobro de soldados estão aqui em Sendai para se juntar a batalha.
– Eu fico muito honrado em saber que Daigo está do nosso lado. Ele, com toda certeza, será recompensado – após terminar os acertos para batalha contra o exército de Asakura, Hyakkimaru retornou para a cidade. Enquanto andava pelo caminho, ouviu uma doce voz. A voz fina e delicada vinha de dentro de uma vila, na qual Hyakkimaru logo adentrou. A dona da voz estava perto de um poço pegando um balde, parecia não ter notado a figura de Hyakkimaru. Os cabelos negros estavam soltos e usava o quimono vermelho com flores brancas. Quando terminou de puxar o balde, percebeu que o homem no cavalo a olhava. Se assustou deixando o balde cair e saiu correndo.
– Espere – disse Hyakkimaru, mas foi em vão. A moça já havia desaparecido por entre as casas – Zabuza... Descubra quem era aquela moça.
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Mio dormia serenamente na esteira de bambu, quando alguém entrou abruptamente no cômodo onde ela dormia.
– Acordem – gritou uma mulher abrindo a janela do quarto. Mais quatro garotas dormiam naquele quarto de forma deplorável, elas não tinham lençóis para se cobrir ou um travesseiro para apoiar a cabeça – vamos preguiçosas, acordem.
– Já vamos senhora Sayuri – disse uma das moças. Mio se acordou com a movimentação e alongou os músculos do corpo – Mio, pode pegar um pouco de água lá no poço da vila?
– Hai – Mio pegou um pequeno balde de madeira e seguiu para uma pequena vila que havia ali perto. A garota trabalhava em um bordel para sobreviver, ela havia sido vendida por um tio depois que seus pais faleceram. Sem muita escolha, tinha que vender seu corpo ou poderia passar fome, apesar que as condições do bordel não era das melhores. Senhora Sayuri fazia promessas de que as meninas, incluindo Mio, poderia ser vendidas a senhores feudais, samurais e até para harém de imperadores.
Claro que Mio sonhava com uma vida melhor para si mesma, mas também queria um homem que a amasse verdadeiramente e a protege-se. Porém, aquilo estava demorando. A mesma chegou ao poço e desceu o balde para pegar a água do fundo. Enquanto isso, cantava uma música que havia aprendido com sua mãe quando pequena. Quando puxava o balde alguém apareceu de repente.
– Ei – uma voz grossa mas ao mesmo tempo fina chamou. Ao olhar viu um nobre rapaz de cabelos negros e longos, com um olhar reluzente e sereno. Mio logo se lembrou que era o rapaz que estava bêbado na noite passada. Com medo de que ele a reconhecesse saiu correndo deixando o balde para trás. Chegou correndo ao bordel ofegante.
– Mio, o que aconteceu? Onde está a água? – perguntou uma colega que trabalhava com ela, seu nome era Otae.
– É que... eu...
– Calma, deve ter sido aqueles samurais, não é? Eles não podem ver uma mulher bonita que já caem em cima como lobos – Otae pegou um pouco de água e ofereceu a jovem – beba, vai se sentir melhor.
– Obrigada. Desculpe não ter trazido a água.
– Não se preocupe, depois o Hamura pega. Agora vamos comer.
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Após o ocorrido, Hyakkimaru retornou para casa de Tanosuke. O mesmo permaneceu em seus aposentos a tarde toda até a hora do jantar, até que Zabuza trouxe as informações que ele havia pedido.
– O que descobriu, Zabuza?
– Jovem Mestre, eu sinto dizer que não tenho informações sobre a moça que vimos mais cedo – disse Zabuza de cabeça baixa – ninguém sabe quem ou seu nome.
– Não é possível que fosse um youkai. Teria desaparecido em nossa frente na mesma hora em vez de sair correndo – disse Hyakkimaru andando de um  lado para o outro – será que é alguma forasteira que vive fora da cidade?
– Percebo que o Hyakki-sama demonstra muito interesse pela jovem. Deve ser uma moça qualquer ou uma mendiga – disse Zabuza – Jovem Mestre, agora o senhor deve pensar na tomada a Okinawa e na vitória.
– Você tem razão, afinal este é o meu propósito.

Enquanto isso no castelo do clã Kagemitsu, Tahomaru andava pelo pavilhão de caça com Mutsu e Hyogo.
– A noite está muito bonita não acham? – perguntou Tahomaru.
– Sim, Jovem Mestre – disse Mutsu.
– O que será que Hyakkimaru deve estar fazendo agora?
– Provavelmente resolvendo os últimos preparativos para a tomada de Okinawa – disse Hyogo.
– Em entediantes reuniões com líderes militares – disse Tahomaru revirando os olhos h prefiro ir logo para os campos de batalha.
– Mas sem preparo militar, não há ninguém que vence uma boa batalha.
– Hyogo tem razão. Mas acredito que o vosso irmão sairá vitorioso na tomada de Okinawa.
– Não tenho dúvidas de disso.

Enquanto isso no bordel da Sayuri...
– Meninas, tenho novidades para vocês – disse senhora Sayuri reunindo as garotas – depois de amanhã ocorrerá a batalha em Okinawa. Homens de Nabunaga com os homens de Daigo lutaram contra os homens de Asakura, obviamente que sabemos quem serão os vencedores dessa batalha e é por isso que devemos nos aprontar para os heróis.
– Finalmente algum evento para movimentar está cidade – disse uma das meninas.
– Mas se estourar uma nova guerra, não será nada bom para nós – disse outra moça.
– Pare com esse mal agouro – disse senhora Sayuri – pensem bem, muitos homens estarão procurando uma esposa, enquanto outros apenas diversão. Por isso, saibam bem o que vocês esperam encontrar em breve.

O dia da batalha chegou. Homens de Asakura se preparavam pra receber o pequeno exército Nabunaga. Porém, os guerreiros tiveram uma surpresa ao ver o dobro dos homens lá. O general do exército de Asakura, Araki, conhecia Hyakkimaru e o reconheceu na linha de frente.
– Daigo... – disse ele furioso – vamos homens.
– Avancem homens – disse Hyakkimaru ao ver o exército de Asakura vindo. Finalmente as tropas se chocaram. Sangue, gritos e poeira se misturaram. O cavalo de Hyakkimaru foi atingido com uma flecha, sendo então derrubado pelo animal. O mesmo logo se levantou e começou a lutar com os soldados. Passado algum tempo, a batalha continuava seguir. Ninguém tinha noção de quanto tempo se passava, mas o sol estava alto no céu e queimando aquele campo de homens com cadáveres. Hyakkimaru continuou a lutar até ficar cara a cara com Araki, ambos começaram a lutar. Já não havia muitos homens vivos, os que restaram estavam feridos e a maioria dos mortos era de Araki. Vendo que poucos soldados lhe restaram, o general resolveu fugir. Aquilo surpreendeu Hyakkimaru, pois não era digno um homem do posto de Araki abandonar a batalha. Mesmo assim, Hyakkimaru começou a persegui-lo, até adentrarem a uma floresta de bambus. Hyakkimaru o alcançou e ambos entraram em lutar corporal. O rapaz deu um soco no general que o fez cair, porém, quando Hyakkimaru voltaria a lhe atacar, Araki desferiu um golpe na sua costela com uma kunai, fazendo Hyakkimaru cair ferido. Araki saiu correndo deixando o jovem lorde caindo e sangrando. Hyakkimaru olhava ofegante os raios solares que refletiam nos bambus. Estendeu sua mão como se quisesse pegá-los.
– Amaterasu... Me ajude... – o mesmo acabou desfalecendo.
Andando pela mata, a jovem Mio o encontrou caído. Assustada, tocou nele para ver se ainda estava vivo, percebendo que a respiração do mesmo estava fraca. Com grande esforço, o ergueu colocando o braço direito dele em seus ombros, levando consigo a mata adentro.
Enquanto isso, Araki fugia, independente do rumo que estava tomando. Porém, distraído, acabou pisando em uma armadilha e foi atingido por pequenas lanças. Morrendo instantaneamente ali. Uma criança apareceu no local.
– Droga, não era pra pegar um homem e sim um javali – disse a criança. Logo apareceu uma mulher atrás da criança.
– Koharu – a mulher ao ver o corpo se assustou – kami-sama. O que você fez, menina?
– Não foi culpa minha, era pra pegar um javali e não ele.
– Com certeza, ele não sobreviveu – disse a mulher se aproximando. Ao ver o símbolo do clã de Asakura ficou nervosa. Puxou a garota pela mão e saiu correndo – vamos embora, menina Koharu. Preciso falar isso para seu pai.
– Ei, se ele souber, ele vai ficar furioso – disse a garota. A mulher e ela continuaram correndo, deixando o corpo perfurado de Araki.

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