Cap 2: I love you, Baby!

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Era com as pernas bambas que Galo fechava a porta de Lio.

Seus dedos tremiam quando deixou-se escorregar pela própria porta enquanto tentava acalmar a própria respiração. Estava com os pensamentos a mil e seu sangue fervia como um rio . Por Deus! pensava em meio a sua confusão. Havia beijado seu vizinho, praticamente havia cogitado transar com ele no corredor sem se preocupar com o resto do mundo.

- Que merda_ ele sussurrou para si ainda sentindo os lábios dele. Não teria medido esforços para atravessar o corredor e toma-los de novo. Sentir o corpo dele novamente enquanto o prendia contra a parede, a cama ou o quê fosse.

Sentiu novamente um desespero entre suas pernas. Lio estava se tornando mais do que uma perdição. Mesmo depois de deixa-lo em seu quarto em meio as cobertas Galo ainda pode ouvir protestos murmurados de forma incoerente. Mesmo estando entorpecido pelo álcool, Thymos ainda tinha o mínimo de noção de o que estava fazendo diferente de Lio que praticamente implorava por sexo em meio a sua embriaguez.

Deixou que a água fria do chuveiro varresse seus pensamentos mas foi inútil, obviamente. Ainda queria voltar no tempo para beija-lo de novo. Galo não se deixaria ser levado por instintos que talvez levassem a algum tipo de arrependimento. Gostava de Lio e não queria que algo que ele desejara inconsciente fosse se tornar um problema para ambos. Temia que um ato impulsivo como aquele distanciasse os dois.

****

As costas de Lio não doíam tanto quanto sua cabeça. O sofá era tão confortável quanto uma pedra e sua ressaca era pior do que a última. Sentiu um gemido preso em sua garganta seca ao levantar. Não lembrava de quando pôs a calça de moletom ou de ter ido dormir. Precisava beber alguma coisa pura e de um remédio ou sua cabeça explodiria. Andou a passos arrastados até a cozinha vendo que havia uma pequena bagunça que ia até o seu quarto. Pegou qualquer remédio para dor de cabeça e deu longos goles de água na esperança de que amenizasse a dor em suas têmporas e com isso não notou os próprios sapatos jogados no meio do caminho deixando que o copo escorregasse de suas mãos. Entretanto aquele pequeno acidente o fez as memórias enevoadas da noite anterior retornarem como um trem se chocando com outro. 

Lembrou de beber e de sentir um desconforto ao voltar para casa no carro de Aina, lembrou de ter saído da cama e tropeçado até o sofá e lembrava-se de ter beijado Galo Thymos.

- Mais que merda..._ ele passou a mão pela testa sentindo a franja levemente húmida. Havia tomado banho? Quando? Que droga! Mais do que nunca Fotia queria que qualquer especulação própria estivesse errada como naquele momento. Notou pela primeira vez a camisa de algodão que lhe cobria até as mãos e que não vestia nada por baixo da calça de moletom. Sentiu o corpo todo queimar. 

Não esperou o remédio fazer efeito para arrumar aquela bagunça. Enrolou os cacos de vidro em um papelão e deixou todo o lixo nos fundos do prédio. Precisava de qualquer tipo de atividade, qualquer uma, para que sua mente se ocupasse. Mas ainda haviam imprevistos.

- Lio!_ a voz de Thymos lhe chamou a atenção principalmente pelo fato de estar meio trêmula quando Lio segurava a maçaneta de sua porta.

- Bom dia._ falou e esperava que seu rosto não estivesse vermelho como o esperado.__ Obrigado por me trazer pra casa ontem a noite.

  Notou um leve rubor se formar no rosto de tenso de Thymos.

- Não foi nada. Gueira me ligou e perguntou à que horas chegaríamos lá.

Os lábios de Fotia de comprimiram. Havia esquecido de ligar para Gueira e este provavelmente estava em seu pior humor.

- Quando achar melhor._ respondeu.

- Depois do almoço, certo?

Lio apenas assentiu positivamente e entrou.

***

  Estava no estacionamento a quase três minutos e ainda contava. Thymos não esperava situação pior do que aguardar Lio descer as escadas e encontrar com sigo.  A ideia de que ambos ficariam no mesmo ambiente pelas próximas uma hora e meia lhe causava um certo desconforto, na verdade aquele era um eufemismo para pânico. Ao vê-lo atravessar todos pátio de carros Galo sabia que não haveria lugar para esconder seu constrangimento. Era sufocante manter aquilo para si como um grande segredo.

Ambos jogaram as malas no banco de trás mas quando sentaram no banco da frente, para a surpresa e Thymos, Lio falou o que Galo não teria coragem de dizer.

- Eu nem quero falar sobre o que aconteceu ontem a noite._ ele pôs o sinto e segurou o volante.__ Vamos agir como adultos e não fazer uma tempestade em copo d'água.

- Você não precisa dizer isso, eu sei bem que aquilo não pode nos afetar em nada.

- Obrigado por entender. O fato é que eu não quero que as coisas fiquem mais constrangedoras para nós dois, ou que você se sinta mal de alguma forma.

- Eu pensei a mesma coisa_ ele tinha um tom agradável.__ achei que você fosse ficar irritado ou que achasse que eu fiz merda.

- Não! Eu quem estava bêbado. Não queria que você se sentisse mal por minha causa só porquê eu te constrangi. 

- Obrigado. Mas não se sinta um babaca por isso, eu não devia ter deixado você beber tanto. Poderia ter evitado toda essa droga.

- Podemos ficar quites com isso. Não quero mais pensar que eu quase ferrei nossa amizade.

- Precisaria de mais que isso pra acabar com a nossa amizade_ ele tinha um tom divertido.__  você sabe disso. Mas concordo que precisamos deixar isso pra lá.

- Uhum.

Como uma alavanca que se desliga, Fotia acelerou o carro para fora do estacionamento. Gostou de ter usado suas próprias palavras. De ter sido totalmente sincero. Mas o fato era que ainda temiam um conflito que acarretaria em uma convivência de desconfiança por ainda estarem guardando para si o medo de uma relação confusa. Não queriam que no fim as ações da noite anterior tivesse sido apenas um desejo gerado pelo delírio da bebida ou por uma simples atração. Ambos temiam que uma palavra pudesse realmente magoa-los mas o fato de concordarem em deixar suas ações passadas no passado foi algo inesperadamente irritante. Como um anticlímax numa obra de ficção que os dois eram obrigados a aceitar.

  O caminho se seguiu de forma silenciosa com alguns momentos para mencionarem sobre o trajeto ou para trocar algum contrário sobre a paisagem.

- Você nunca visitou o litoral de Promepolis?_ perguntou Galo que parecia mais relaxado enquanto analisava o GPS.

- Apenas uma vez mas não cheguei a ir até as praias._ respondeu mas não tirou os olhos da estrada.

  Galo soltou um suspiro olhando pela janela a vista de algumas pedras grandes seguidas por casas com grandes quintais.

- São mais bonitas durante o verão. Quando é possível pegar as ondas grandes.

- Nunca me falou que sabia surfar.

- Morei próximo ao litoral durante um tempo. Se tivermos sorte podemos entrar no mar.

- Eu não surfo.

Galo o encarou com surpresa.

- Mas você morou na Califórnia, não é? Como pode não saber surfar?

- Eu nunca disse que não sabia._ ele acelerou.

- Não faz muito sentido._ ele fez uma pausa e o encarou com certa malícia.__ Por acaso tem algum medo do mar, Lio Fotia?

Lio o encarou por um instante antes de suspirar como se quisesse acabar com aquele assunto.

- É mais uma fobia, um medo irracional, como um desconforto ou sei lá. Digo, aquela coisa é imensa e só de olhar eu o imagino consumindo o mundo inteiro.__ ele segurou o volante aparentemente com mais força para dar efeito as próprias palavras.

- Entendi. Mas ainda quero ter a chance de te levar até as praias.

Lio soltou um leve sorriso.

- Não seja idiota. Eu ainda gosto do mar de certa forma, gosto daquele tom azul._ ele o encarou por um instante maior que o anterior mas igualmente rápido antes de desviar a vista.__ É algo misterioso.__ ele abriu a janela deixando que um pouco do ar salgado e gélido entrasse.

Galo sorrio. Havia sempre um pouco de beleza mas palavras de Lio quando o mesmo se referia a coisas simples como livros de literatura, ou em como as flores da mulher do andar de baixo estavam bonitas ou simplesmente para falar do tempo.

- Gostei do que fez no cabelo._ Pela primeira vez Galo notou que Lio havia, como sempre, cortado o próprio cabelo mas dessa vez ele havia cortado a parte de trás deixando ela rente ao pescoço e também havia cortado um pouco mais a parte da frente. Thymos culpou sua capacidade de nunca observar as pessoas por completo, maioria das vezes ele se concentrava por completo  em seus olhos.__ Ficou bonito.

- Obrigado.__ instintivamente ele levou os dedos até a franja fazendo com que Thymos também notasse que os cabelos dele estavam voltado ao loiro natural.

- Seu cabelo natural está mais amostra. Não vai pintar de novo?

- Não quero, vai ser melhor para quando começar meu estágio.__ ele fitou o outro.__  O seu também está ficando castanho de novo.

Galo riu. Gostava de conversar com ele de forma a não se preocupar. Estavam conversando de forma descontraída o que era ótimo visto a bagunça que haviam deixado no estacionamento.

- Acho que vou cortar. Por falar nisso, eu não lembro a última vez que eu vi você tingir o cabelo.__ ele sorrio malicioso.___ Deve ter sido uma cena e tanto quando você pintou seu cabelo pela primeira vez, não consigo imaginar a expressão da sua mãe.__ Thymos mordeu a bochecha sentindo que havia feito uma besteira ao mencionar a mãe de Fotia. Ele sabia que ambos não se davam bem.

- Ela achou que seria ruim para a minha imagem mas não pareceu ligar de verdade. Mas podemos não falar sobre ela.__ ele apertou o volante. 

- Desculpe.

- Ela é só uma megera alcoólatra e egocêntrica.

- Tudo bem. Você não quer falar sobre ela, não é?

- Não quero! Eu não tenho muito o que falar dela mesmo. Aliás, ela é totalmente vazia de emoções reais e foi uma péssima influência. Eu poderia ter me tornando um alcoólatra como ela mas que se dane, eu fiz a diferença. Ela não teve os pais mais presentes do mundo mas eu fui diferente dela e não joguei minhas frustrações em ninguém.

- Eu sei.__ Galo se ajeitou no banco. Sentia que apesar de Fotia querer se livrar do peso de ter uma família disfuncional ainda se apagava ao conceito de que aquela era a única família que ele tinha e nada podia mudar aquele fato que só era mais claro porque o mesmo continuava a destacar que sentia uma certa mágoa pela mãe e ao mesmo tempo que deixava claro que não queria falar sobre ela continuava a falar sobre a mãe. Galo não falou nada sobre isso, sobre sua percepção, seria melhor evitar outro conflito. simplesmente disse:

- Eu sinto muito.

- Obrigado.

Se passaram alguns minutos até ambos avistaram o casarão branco de dois andares e um quintal deslumbrante. Lio foi o primeiro a sair do carro é a ser cumprimentado por Meis. 

- Se demorassem mais acharíamos que passariam o ano novo em outro lugar.__ falou Meis com um sorriso de receptação.__ O que fez com seu cabelo?__ ele arqueou uma sobrancelha.

- Parece que tem quinze anos de novo.__ falou Gueira da entrada da casa.

- Isso não é da sua conta!__ Fotia gritou de volta se virando para ajudar Galo com sua mala.

- Podem levar para o quarto de hospedes.__ disse Meis fechando a porta do carro.__ Não se importam de ficar no mesmo quarto, não é?

Ambos negaram.

- Podemos pegar alguns futons._ disse Galo enquanto ambos entravam na casa. Era um conjunto de dois andares bem arejado pintado de branco e verde escuro. Haviam alguns enfeites de conchas, provavelmente ideia de Meis que era biólogo marinho. 

- Vocês não discutiram muito quando compraram essa casa, não é?__ perguntou Thymos.__ Parece que a decoração foi feita sob medida.

Gueira e Mais se entreolharam.

- A casa era dos pais do Meis. Eles nem questionaram muito quando ele resolveu ficar com ela.__ falou Gueira.

- Provavelmente eles nem se lembravam que tinha alguma propriedade e Promepolis, deixaram a escritura sem mais nem menos.__ disse Meis em meio a um riso contido enquanto abria a porta do quarto de hospedes. Era um lugar que se assemelhava muito ao resto da casa, bem arejado e pintado em tons de branco com uma única parede pintada de azul néon entre um pequeno armário e uma única cama de solteiro.

- O aquecedor está quebrado então a temperatura não vai sair de vinte e poucos graus.__ disse Gueira antes de deixa-los sozinhos.

- Não me lembrava que o Meis era de família rica!__ falou Galo.

- Os pais dele compraram ações nos anos oitenta e agora tem algumas propriedades. Mas acredite, eles não valem nem mesmo um centavo.

Galo franziu a testa e como se lesse seus pensamentos Lio continuou.

- Os dois podiam ter todo o dinheiro do mundo mas não eram bons pais. Jogaram o Meis em um colégio interno no meio da nova Escócia sem mais nem menos e quando tiveram a chance de se livrar dele deixaram que ele ficasse em Promepolis.  

- Isso explica o motivo de ele não querer voltar a Los Angeles.

- É uma questão de orgulho e ressentimento.__ ele deu de ombros.__ Ele botou na cabeça que não vai sair daqui até que tenha o dinheiro para comprar essa casa.

  Galo deixou Lio arrumar as roupas no armário enquanto Galo descia as escadas até a cozinha.

  A tarde passara rapidamente. O jantar havia sido coordenado por conversas descontraídas e elogios a comida de Thymos. Depois do jantar Lio fora preparar uma xícara de café como de costume enquanto Galo e Gueira assistam a um filme. 

- Fico feliz que tenha vindo, Thymos.__ disse Gueira se jogando no sofá com um balde de pipoca.__ O Lio havia mencionado que cozinhava mas aquilo estava ótimo.

Galo maneou a cabeça apoiando-se no braço do sofá.

- É um talento.

- Seu convencido.__ disse Fotia que estava sentado no balcão da cozinha. Ele usava meias diferentes e estava com uma xícara de café em mãos , parecia tão ameaçador quanto um vaso de flores o que fez Galo soltar um leve riso.

- Não me venham com uma competição de quem mais odeia o outro porque isso é inútil.__ disse Gueira sem tirar os olhos do filme de ação. Lio e Galo deram de ombros e depois de alguns segundos Fotia se ofereceu para ajudar Meis a arrumar o quarto onde ambos iriam passar a noite.

De canto de olho Thymos notou a pequena moldura próxima à um vaso. Na foto havia um Lio mais jovem ao lado de Gueira e um grupo de outros adolescentes ao lado de um homem que Galo recordava-se bem.

- Aquele com vocês é o Kray Foresight?__ ele pegou a moldura.__ Não sabia que já haviam trabalhado com alguém de tanto prestígio.

- O Lio quem foi um dos alunos da companhia dele. Na verdade nos dois passamos um tempo estudando por lá.

- Nossa! Agora eu entendo como ele tão bom. Digo, trabalhar com Kray Foresight deve ser uma honra.

Só então que Galo notara a expressão no rosto do amigo. Ele estava sério e encarava a foto com um certo desdém.

- Não foi nada bom pra o Lio. Acho que não foi bom pra muita gente. Eu devia ter queimado isso quando saímos da Califórnia.__ ele tomou o objeto das mãos de Galo.

- Como assim?

- O Kray nunca foi lá uma boa pessoa como ele se mostrava na mídia. Pra falar a verdade ele era só um merda manipulador. Ele era o tipo de pessoa que enche a cabeça dos outros de pressão psicológica e quando se comete um único erro que seja é punido com mais pressão. E até mesmo dor física.

- Dor física?!

Galo ergueu a sobrancelha em surpresa. Na própria percepção Foresight era um filantropo e um dos maiores compositores da América.

- Não deveria ficar surpreso, a mídia esconde quem as pessoas realmente são e as torna em criaturas mais agradáveis. O Kray mantinha todos na linha enquanto se fazia de bom homem e quando não apresentavam a perfeição ele deixava os alunos se culparem.

- Ele nunca foi punido por isso?

- Com a boa imagem que ele tem isso seria difícil, não é?

Galo concordou.

- Quando alguém se destacava ele costumava deixar que a pessoa se desgastasse noites a fio, foi o caso do Lio e outros alunos. Kray deixava que eles ficassem noite inteira trancafiados em um estúdio tentando chegar a uma perfeição em todas as notas.__ Gueira tinha um semblante amargo que não lhe fazia jus.

- É inacreditável. Não entendo o motivo de Lio nunca ter me falado sobre isso.

- Talvez ele não queira voltar a lembrar disso. O Kray foi o maior motivo dele ter saído de Los Angeles e eu não sei se ele se sente bem em falar sobre isso considerando o que aconteceu durante a época em que nós éramos alunos do Kray.

- O que aconteceu?__ Galo as inclinou em direção a ele. Gueira se conteu por um segundo.

- Uma das alunas, eu não lembro bem do nome dela acho que Thyma, ela era muito próxima do Lio. Ambos eram um dupla incrível só que depois de um acidente ela ficou com um problema com as mãos e Kray simplesmente a dispensou sem mais nem menos desconsiderando que a companhia era a única coisa que ela ainda tinha. Menos de dois meses depois recebemos a notícia de que ela cometeu suicídio.

Thymos sentiu os olhos arregalarem. Não esperava que a vida de Fotia havia estado tão fora dos trilhos como naquele momento. Compreendia o motivo de ele querer esquecer.

- Eu não queira aceitar mas o Lio sabia que a culpa de tudo aquilo era do Kray. A pressão constante e depois o desamparo foram o motivo de Thyma ter se matado. Em todo o caso, aquilo  foi o suficiente para tirar Lio da companhia.

- Ele nunca...

- Não o culpe. Ele detesta aquele cara e tudo o que ele representa.

- Mas ele ainda toca.

Gueira finalmente voltou ao seu habitual sorriso.

- É algo que ele ama. Independente de que se envolva com o Kray de certa forma, que se dane. O amor dele por música não é tão frágil. E ele é orgulho demais para parar de fazer algo que gosta por causa do Kray.

****

Quando chegou ao quarto, Lio já estava se acomodando na cama. Havia um espaço ao lado para Thymos. Ambos não trocaram muitas palavras antes das luzes se apagarem. O quarto ficou em completo silêncio por quase uma hora até que Fotia se virasse em direção a Galo. Os olhos azuis brilhavam na escuridão. Lio respirou fundo.

- Desculpe por não falar sobre o Kray.

- Tudo bem. Você não tinha obrigação alguma.

- Eu não queria te envolver ou fazer com que você pensasse que eu fosse um péssimo amigo por não me abrir com você.

- Você não é um péssimo amigo. Se você fizesse isso apenas para provar que se importa estaria se forçando a algo.

Lio ficou em silêncio.

- Por que você faz isso?

Galo franziu o cenho e abriu os lábios para proferir algo mas Lio se adiantou.

- Você está sempre procurando uma resposta mais agradável. Nunca deixa suas frustrações a mostra. É sempre um porto seguro mas nunca aparenta ter problemas.

Os ombros de Thymos se encolheram e seus olhos ficaram turvos. Não queria chorar.

Não... por favor não...

- É como você disse, não é? É mais fácil lidar com as pessoas indiretamente.

- Galo...

- A minha vida inteira eu vivo por outras pessoas! Pelas expectativas delas.

Thymos sentou-se na cama deixando os joelhos as curvarem até o peito. Fotia inclinou-se recostando as costas na cabeceira.

- Eu sempre procurei a aprovação dos outros. Sempre me obriguei a fazer o que os outros queriam e esqueci do que realmente esperava de mim mesmo. Era mais fácil ser alguém agradável do que alguém que se magoar e se frustra e frustrar aos outros. Mas eu me importo. Me importo de verdade! __ a aquela altura as lágrimas deviam sem parar.__ eu me importo de verdade com você e com todo mundo, que droga...__ as últimas palavras saíram como um murmúrio.

- Galo... você está chorando?__ não dava para ter certeza no escuro mas naquele instante Thymos notara as próprias lagrimas e no que havia dito.

- Ah...d-desculpe...meu Deus...eu não...

Ele secava o rosto de forma desajeitada e se perdia e meio as palavras. Em um ato simplório em meio ao escuro Lio tateou na escuridão até encontrar o topo da festa de Thymos, deixou que os dedos escorregassem até a nuca do outro e deixou que a cabeça dele pousasse em seu obro sentindo os braços do mais alto lhe segurarem. Mas apesar disso Galo não emitia nenhum som.

- Está tudo bem, existem mais coisas no mundo do que viver para agradar os outros. Não se esqueça de quem você é por causa deles.

Foi como se pela primeira vez na vida Galo tivesse se permitido chorar diante de alguém. Como se finalmente tivesse se dado a permissão para transbordar o que realmente sentia e não ser o que as pessoas queriam que ele fosse. Chorou sentindo um alívio se formar em seu peito enquanto as mãos de Lio o confortava.    

Depois daquela noite não houveram mais aglomerações de sentimentos ruins entre ambos. Era quase o último dia do ano quando o sol aparecera no litoral e Meis os chamou para irem até a praia. Estavam planejando surfar mesmo com a água gelada.
 
- Você tem uma prancha?__ depois de muito tempo Galo se virou para encarar um Lio seminu, coberto apenas por uma toalha. Seu sangue ferveu. Como ele ousava ser tão...

Ele resistiu o impulso de arrancar a toalha do corpo de Lio e transar com ele contra a porta do banheiro naquele mesmo instante. Se conteu porque ainda lhe sobrava em mente de que se o fizesse haveria barulho o suficiente para que Meis e Gueira pudessem ouvir

- Não. Na verdade, eu não fazia ideia de que iríamos surfar.

- Pode usar a minha.

A cabeça de Thymos tombou para o lado.

- Você não vai entrar no mar?

- Não mesmo.

- Um cara da Califórnia que não quer entrar no mar.__ ele murmurou.

- Calado.__ ele tinha aquele mesmo tom que fazia os pelos da nuca de Thymos se arrepiarem.

A voz rouca como se tivesse acabado de transar com alguém. Por Deus, como ele ousava ser tão sexy? Os pensamentos mais impuros se apossaram da mente de Galo. Mas como sempre ele reprimiu a necessidade de tocar cada parte do corpo de Fotia.

- O que foi?__ naquele instante Thymos notou que estava olhando demasiadamente para o corpo dele e logo tratou de desviar o rosto.

- Nada.__ disse enquanto pegava a própria toalha e ia em direção ao banheiro sentindo o rosto ferver assim como sentia o desconforto entre as pernas.

****

  Minutos depois os quatro estavam a caminho da praia. Enquanto Lio dirigia, Meis, Galo e Gueira conversavam animadamente.

- É tão estranho juntamente hoje o sol sair. No dia trinta de Dezembro!__ falou Meis.

- Foi só sorte.__ retrucou Gueira.

- Vocês precisam vir no verão. Podemos até armar uma barraca na praia.

- Seria ótimo. Se o Lio prometer que vai se juntar a nós e entrar no mar...__ Galo direcionou um olhar malicioso para Fotia que revirou os olhos.

- Imbecil. Filho da...

- Lio...__ Meis impedi-o de continuar a xingar o pobre motorista que os ultrapassara.

- Isso é contra a lei.__ Fotia se defendeu fazendo com que o moreno desse de ombros.

Depois de mais alguns minutos o grupo chegou até a área de areia e ventos salgados. Lio não gostava muito de toda a salinidade mas deixou o carro em um lugar bom o suficiente para se manter próximos aos amigos sem ter maior contato com o ar salgado.

- Tem certeza de que não quer vir.__ perguntou Galo tirando a própria camisa. Lio comprimiu os lábios com a visão do corpo torneado.

- Eu, não. Esta muito frio.

- Tudo bem.__ disse enquanto punha a camisa de mergulhador deixando que Lio o ajudasse a fechar a parte de trás.__ Obrigado.

Enquanto os três entravam no mar Lio puxou um exemplar de  “Metrópoles” de dentro do porta luvas e tirou a garrafa térmica de café do banco de trás deixando-a próxima a si e começou ler. Demorou alguns minutos até Fotia notar uma movimentação na areia. Eram Gueira Meis.

- Vamos procurar um caranguejo.

- Não vão achar, esta muito frio.__ disse Gueira atrás do carro puxando uma toalha.

- Eu vou.__ falou Lio. Na verdade, só queria esticar as pernas e molhar os pés.

Meis se abaixava de vez em quando para pegar uma concha enquanto ambos caminhavam próximos a arrebentação. Galo estava mais ao longe. Estava remando em direção a uma onda de provavelmente quatro metros ou mais. Mas foi derrubado assim que ficou na crista.

- Ele caiu.__ falou chamando a atenção de Meis.

- Ele está bem?

Os pés de Lio foram cobertos pela água até acima de seus tornozelos. Demorou alguns instantes relativamente preocupantes até Thymos aparecer na superfície.

- Não foi tão ruim vocês não aparecerem no natal.

- Por que? Estavam tão bem assim.

- Claro. Se não nós não teríamos aproveitado a noite.

O cenho de Lio se franziu em desdém mas Fotia ainda sentia um riso se formar em sua garganta.

- Eu não acredito que vocês transaram. Depois de tudo o que você disse sobre ser só uma atração.

- Ah cala a boca, seu virgem.

- Eu não sou virgem.__ os olhos violetas se estreitaram.

- Eu sei, mas está falando como um.

- Quem é virgem?__ a voz de Galo foi ouvida enquanto o mesmo saía da água.

- Eu, não.__ disse Lio.

Os lábios de Galo formaram um O confuso  enquanto Meis ria deixando que as conchas que segurava caíssem.

Voltaram para o carro onde Gueira estava digitando algo no celular.

- O que acham de irmos à um bar hoje. Amanhã podemos ver a queima de fogos na praia.

- Bar? Prefiro não pegar nenhum porre antes da meia noite de amanhã.__ falou Meis.

- Conheço um lugar próximo ao Píer que faz cerveja artesanal e tem música ao vivo. Podemos ir lá. E você não precisa beber se não quiser, Meis.__ retrucou Lio.

- Não vejo porquê não.

- Contanto que eu não dirija.__ Meis deu de ombros.

***

Ironicamente e de forma quase infame, Meis foi quem virou o primeiro copo. Depois de voltarem para casa, Lio insistira que tomassem um táxi. Foi um dos muitos acertos que ele cometera naquela noite.

O som de jazz era o que preenchia o bar por inteiro enquanto as vozes se misturavam em todos os tons. Gueira havia se juntado a outro grupo de pessoas na pista de dança sendo seguido por um Meis completamente bêbado. Lio não reprimia nenhum som, já estava um pouco bêbado mas não totalmente fora de si como Meis.

- Eu ainda não acredito que eles demoraram tanto pra transar.__ ele riu enquanto Galo acompanhava seu campo de visão encontrando a dupla de mãos dadas tentando inutilmente acertar algum passo de dança.

- Parecem idiotas.__ Fotia riu sendo acompanhado por Galo que bebericava a cerveja artesanal.

Já se passava da meia noite.  Notou que Lio pedira mais uma. Precisava pelo menos supervisiona-lo para evitar outro constrangimento.

- Acho que já chega por hoje.__ disse pondo a mão sobre a de Lio.

Fotia o encarou depois olhou para as mãos dele com os olhos enevoados pelo álcool. Ele esboçou um sorriso quase imperceptível.

- Quero te beija de novo.__ ele murmurou baixo. O coração de Thymos palpitou, seus lábios estavam secos.

Fotia soltou um riso fraco. Empurrando a bebida em direção a Galo.

- Desculpe.__ Fotia se virou para a pista de dança e voltou a observar a confusão de risos e dança banhados pela melodia agitada do jazz.

Já eram quase duas horas da manhã quando a mente de Galo ficou confusa, estava em um estado de embriaguez que não lhe permitia passar mais um segundo no bar sem que seus pensamentos voassem para a noite em que Lio o beijou. Avisou a Gueira, este era o mais sóbrio do grupo, que iria chamar um Uber e voltar para casa.

- Acho melhor levar o Lio.__ disse o ruivo.__ Ele tá meio debilitado e o Meis não vai sair daqui tão cedo.

Não demorou até que ambos estivessem no banco de trás do carro. Não trocaram palavra alguma antes de dividirem a corrida.

  Quando chegaram na casa, Galo caiu na cama com um baque alto, ele gemeu quando sentiu a cabeça girar. Percebeu que deveria ter parado talvez duas ... a três bebidas atrás. A porta do quarto as abriu fazendo com que Galo se lembrasse de que ainda estava dividindo a cama com Lio. Isso não é bom, pensou, estar na mesma cama que Fotia e ainda mais estando ambos bêbados lhe soava tão tentadora e ao mesmo tempo lhe fazia se conter dentro de si.

Lio se aproximou e Galo se recostou com nervosismo apoiado as mãos no colchão. Antes que ele pudesse se afastar mais, Lio sentou-se em seus quadris abruptamente com suas coxas uma de cada lado. A voz de Galo ficou presa na garganta quando ele sentiu o aperto firme das pernas de Lio. Aquele homem definitivamente seria sua perdição.

- Seu idiota.

Naquele instante o corpo de Fotia se reclinou para frente deixando que o espaço entre os labios de ambos cessar.

- Lio...__ sua voz estava tremula pela luxúria e a falta de ar.__ Você está muito bêbado.

- Você também.

Lio era lindo e difícil de resistir, mas fazer qualquer coisa agora não parecia certo. Era como se estivessem voltando no tempo. Entretanto, a única coisa na qual Thymos conseguia se concentrar era na respiração de Lio no lóbulo de sua orelha. Galo ofegou quando o sentiu acariciar seu rosto quente na lateral do pescoço, ele estremeceu. O outro homem usava sua calça preta apertada de vinil e elas deslizaram facilmente quando Lio começou a esfregar seus quadris contra a virilha de Galo.

- Lio, p-pare.__ ele gaguejou.__ Você faria isso se estivesse sóbrio?__ indagou enquanto segurava os pulsos dele de forma cuidadosa.

- Eu esperei que nós dois ficássemos bêbados.__ ele soltou uma risada rouca. Galo afrouxou o pulso quase o soltando.

- Isso tudo foi uma desculpa para você foder comigo?!

- Você parece ser bem fácil falando assim.__ Fotia murmurou.

- Foi você quem planejou isso tudo.__ Galo lhe sorriu malicioso.__ Eu acho que eu não seja o fácil por aqui.

- Calado.

A cabeça de Lio estava girando, pensamentos sobre o quanto ele desejava isso, desejava Galo , enviavam ondas de choque suaves que provocavam arrepios em sua pele, apesar do calor.  O aperto contundente de Galo em sua cintura, sua camisa, seus lábios se reconectando, línguas deslizando uma sobre a outra, a pressão de seu pau contra o dele, tudo em uma intensidade que ele nunca havia experimentado. Seus olhos violetas estavam perversos de luxúria, ele parecia irresistível nesse estado. Lio apoiou os quadris na ereção de Galo enquanto o mesmo soltava um suspiro quente ele passou a mão pelo corpo quente de Fotia, observando-o tremer sob seu toque. Agarrando os quadris de Lio e o puxando para cima aproveitando as reações de Fotia.

Os olhos de Galo estavam fechados e seu rosto estava vermelho quando ele ofegava, estavam desleixados porque estavam bêbados, mas Lio não se importava, ele não queria nada além de sentir seu atrito. Galo parou os movimentos e levou as mãos trêmulas às calças apertadas de seu amante.

- Ah...

Fotia gemia ao sentir os dedos de da mão direita Thymos acariciarem sua excitação enquanto a outra subia lentamente até os mamilos do outro. Apreciava a visão de um Lio completamente  entorpecido pelo desejo, os olhos úmidos e escuros e uma respiração desordenada.

- Você é tão fodidamente sexy...

O pré-gozo havia encharcado ambas as boxes. Galo lambeu os lábios sentindo a ereção de Fotia se atritar ainda mais. Com isso Thymos aumentava a velocidade deixando os movimentos mais fortes.

-  Isso! Não pare de me tocar...__ Fotia agarrou o pulso de Galo, as unhas apertando sua pele. Seus olhos azuis estavam cobertos de luxúria que apenas o incentivava a continuar.__ Ah...__ ele segurava uma das bochechas de Thymos fazendo com que o contato visual ficasse mais intenso.__  por favor eu o quero tanto...

Novamente eles prenderam os lábios um no outro de forma lasciva.

  Lio sentiu borboletas de excitação ao sentir Galo remover suas últimas peças de roupa, deixando-o nu e vulnerável. O homem maior se inclinou para trás e tirou a camisa ansiosamente juntamente com a calça. Não demorou muito, eles rolaram para que suas posições fossem trocadas e Galo estava acima de Lio, aninhado entre as coxas abertas, nunca interrompendo o beijo, exceto por desesperadamente ofegar "Lio" em sua boca. Em um esforço para não perder o calor sólido de Galo nem por um segundo, Lio cruzou as pernas atrás da parte inferior das costas de Galo, o que resultou em Galo rolando suas virilhas juntas. Lio capturou o gemido de resposta de Galo com um beijo de boca aberta, antes de arrastar as unhas ásperas sobre o couro cabeludo de Galo, chupando sua língua, seus quadris rolando para cima para criar mais atrito. Galo gemeu, a respiração quente contra a boca molhada e as mãos viajando, como se quisesse memorizar os contornos do corpo do homem menor. Seus movimentos se tornaram cada vez mais desleixados e frenéticos à medida que o prazer aumentava e eles se perseguiam, chegando perto da liberação muito rapidamente, mas não querendo desacelerar por um segundo. Galo agarrou bruscamente a coxa de Lio.

Eles ofegaram na boca um do outro, provando os restos do álcool que consumiram, deixado em suas línguas. Fotia segurou seu pênis molhado quando eles se beijaram. 

- Você tem lubrificante?

Lio fez que sim com a cabeça e se esforçou para pegar uma garrafa que estava embaixo da cama. Galo pegou a garrafa e a abriu, derramando o líquido sedoso. Thymos tinha uma quantia decente em mãos. Com uma das mão, Galo segurava gentilmente a cintura de Lio em com a outra ele inseriu o primeiro dígito lubrificado ouvindo um gemido de dor escapar dos lábios do loiro . Queria se certificar de que ele estivesse totalmente preparado. Sentiu o coração saltar quando via os dedos de Lio descerem até o próprio comprimento e ele começar a se masturbar. Galo adorou o olhar no rosto de Lio enquanto se tocava, um dos olhos lilás estava fechado e o rosto queimava de desejo.

Lio não reprimiu o gemido lascivo quando sentiu o segundo dedo contra seu ponto mais sensível. Galo sorriu diante aquela reação. Segurou a coxa de Fotia enquanto acertava a próstata do outro repetidas vezes.

- Por favor, Galo... eu preciso que você me foda  agora.

Galo rosnou e agarrou seus quadris e se moveu para cima, os olhos do loiro se abriram e ele soltou um som sufocado pelo pulso. Galo lentamente empurrou nele e os olhos de Lio se fecharam novamente enquanto eles se beijavam calorosamente.

- Mais... por favor....

Thymos abriu a boca e passou a língua ao redor da de Lio, enquanto ainda empurrava lentamente em seu pequeno corpo. Ele avançou cada vez mais fundo e mais rápido. O quarto se preenchia pelos sons eróticos e o cheiro de sexo.

- Ah Lio...

Gotas de lagrimas se acumulavam nos olhos de Lio enquanto o ritmo de ambos ficava mais frenético e desordenado.

- Que droga...__ Thymos gemeu alto, caindo de costas na cama, deixando Fotia cavalgá-lo.

Lio deslizava sobre o comprimento dele sentindo-se engasgar quando os dedos de Thymos agarraram seu membro. Galo sibilou quando olhou para cima e viu Lio mexer os quadris para baixo, ele podia ver seu membro deslizar para dentro e para fora, indo mais fundo dentro dele, ele prendeu os dedos nos quadris do loiro que tremia ao sentir os movimentos da mão de seu amante e sua próstata era atingida de novo e de novo.

- Oh Lio...você vai me enlouquecer.

Ambos sentiam o orgasmo se aproximar. Lio procurou apoio na mão de Galo que segurava sua cintura segurando-a fortemente em meio a um soluço seguido pelo próprio orgasmo sendo seguido em por Thymos gozando por todo o abdômen de Lio. Ambos cobertos de suor e respirando com dificuldade. os dois homens ficaram deitados lado a lado e Lio assobiou, seu corpo doía mas seu coração fervia.

O peito de Fotia subia e descia. Seus olhos estavam cansados e seus rosto e seus lábios estavam rosados.

- Que droga...__ a voz desgastada de Thymos fez o outro virar o rosto minimante para encara-lo.__ Você é tão lindo.

Lio sentiu o corpo queimar e corar. Galo sorriu notando que Fotia mantinha seus dedos entrelaçados aos dele.

- Não me olhe assim.__ Lio se virou na direção de Thymos.

Estavam cansados demais para uma discussão. Portanto, Galo apenas puxou o cobertor e deixou que o corpo pequeno se aninhar ao seu ouvindo Fotia murmurar algo.

- Eu realmente gosto de você.

Galo acariciou os fios claros sentindo seus lábios as contorcerem.

- Eu também.

- Eu te amo. Eu te amo, Galo Thymos.

  Sentia o peito apertar e em resposta a isso entrelaçou ainda mais seus dedos aos dele.

- Eu o amo, Lio.

Podia notar a luz nos olhos de Thymos. Queria sentir a respiração se perder em meio a um beijo novamente.


  O som do chuveiro despertou Galo de seu sono. Não tinha certeza de que horas eram muito menos por quanto tempo havia dormido mas tinha um pouco de noção de onde estava e o que acontecera na noite anterior. Sorriu ao lembrar de como haviam se entregado um ao outro.

A porta do quarto se abriu revelando um Lio Fotia que vestia apenas um moletom e seus shorts de algodão. Ele encarava Galo com um olhar um tanto cansado mas ainda havia um brilho doce. Lio se aproximou pé ante pé em seguida sentou-se ao lado de Thymos.

Ambos não tinham palavras. Não sabiam o que dizer e sabiam disso.

Havia algo genuinamente íntimo naquele silêncio. Algo que não surtia nenhum desconforto.

E foi sentindo os dedos finos e gelados pelo banho recém tomado de Lio atravessarem a pequena distância entre os dois indo até a nuca de Thymos que o mesmo sentiu os lábios do loiro chegaram até dia testa. Um pequeno beijo fora deixado ali como uma hora d’água.

Era algo terno e simples, algo que apenas Lio teria a capacidade de fazer de maneira tão sensível. E era exatamente isso que Galo Thymos apreciava nele. Ele amava o modo como Fotia era um exímio poeta ao mesmo tempo que era um guerreiro. Amava o fato dele mais fazia que falava, gostava de vê-lo com a inseparável xícara de café e em como ele se esquecia sempre de arrumar a mesa de estudos. Amava todas as vezes em que ele aparecia de surpresa em sua porta apenas para entregar-lhe suas cartas e em como era impaciente diante de coisas bobas mas se mantinha totalmente calmo quando tocava. De fato, estava amando tudo em Lio Fotia e não conseguiria mudar isso.

- Minha bunda está doendo.__ Lio murmurou.

- Desculpe.

- Tudo bem. Eu queria ser direto mesmo, nada de sutileza.

- Não queria machuca-lo.

Os lábios de Lio formaram uma lua crescente.

- Eu não me importo.__ ele selou seus lábios enquanto segurava a bochecha cotada de Thymos.__ Preciso de café.

- Quer que eu prepare.

- Não. Hoje eu posso cozinhar.




End
 

 Unforeseen; GalioOnde histórias criam vida. Descubra agora