O sol batia timido nas vidraças da janela do quarto, a luz fraca e morna de outono tinha tons dourados como que da cor de um pão acabado de cozer, ou a espuma de um café, algo amarelada, com um tonalidade escura e cansada, de quem brilhou durante todo o verão e percisou agora de um descanso, no entanto foi brilhante e quente o suficiente para despertar Sibil, que por mais voltas e contra voltas desse nos lençóis pretos com entalhes cinzentos, caligrafia imperceptível a branco espalhada por todo o seu comprimento, não foi capaz de permanecer com a cabeça no traveseiro. Ao levantar-se sentiu uma tontura momentânea, então passou-se-lhe pela mente que talvez seria da noite anterior com Guil, ou talvez tivesse ficado assim graças á noite mal dormida que passara por ele.
Vestiu então o seu robe branco que havia deixado espalhado pelo chão quarto, calçou os chinelos junto da frente da cama e ainda a passo meio morto tomou rumo para um banho,não tem isto como habito, mas, como já foi referido, Sibil havia tido uma noite comprida e não estava no melhor dos estados.
O pequeno almoço estava servindo quando chegou á mesa, a sua mãe e o seu pai já o esperavam, como de costume a sua mãe sentada na cabeça da mesa de madeira de noz, que recheada com aquele banquete parecia uma visão divina para alguém com uma ressaca, o seu pai, sentado á sua direita, já se havia servido com um prato que parecia de um anúncio televisivo, com as mais exóticas frutas e bolos que pareciam de uma padaria de renome, os seus irmãos, sentados um á sua frente e outra oposta ao seu pai, já todos se haviam servido exceto Sibil.
Foi então acordado do seu transe e delírios da ressaca pela rispida voz da sua mãe.– Sibil, o que fazes ainda assim vestido, a esta hora com um robe, não tens noção de que horas são persumo. – Disse, com ar reprovador.
– Queres ver que agora... Já não posso andar assim dentro de casa... Qualquer dia tenho de acordar com fato e gravata. – Disse Sibil, desvalorizando as palavras de sua mãe enquanto agarrava no colarinho do roube.
– Sibil, sabes que não podes continuar com este estilo de vida filho, não é saudável, estar a perder a qualidade. – Disse Dorothy diringindo-se para Sibil.
– Mãe agora não por favor... Estou sem paciência para as tuas lições de moral... Para isso já me basta o menino de ouro. – Disse revirando o olhos, terminando a olhar com desdém pelo cerrado do olho para o irmão gémeo.
– Sibil, tento na lingua, não somos esse tipo de família, não te permito essa falta de respeito para com o teu irmão. – Fez uma pausa, sentando-se de novo. – E agora senta-te para terminares o pequeno-almoço, e vais te vestir para vir comigo, tou farta de ver em casa em sem fazer nada.
– Mãe não me vais obrigar a sair de casa para ir contigo e muito menos com esta ressaca que tenho em cima dos cornos. – Disse pegando no seu telemóvel e correndo até ao quarto, onde fechou a porta de modo a fazer ruido.
– Sibil volta aqui... Quem manda nesta casa ainda sou eu. – Já fervia de raiva.
Não obteve resposta, Dorothy não entendia a maneira do seu filho ser, sempre lhe havia dado tudo o que ele pedia, não era agressiva com ele e nunca o proibio de fazer as coisas que ele mais gostava, toda esta raiva e indiferença pelos outros indignava a mãe.
Fred era o irmão de Sibil, apesar de gémeos tinham personalidades opostas, Fred era calmo e coordial enquanto Sibil era enfurecido e destrutivo por natureza, algo fascinante para quem não os conhecia, mesmo para quem conhecia era algo incógnito, enquanto Fred ajudava os pais e a irmã para tentar ter uma vida feliz com a sua familia, Sibil tentava destruir a própria familia, para além de si próprio.
Havia passado trés dias, era mais uma vez de manhã, com o sol cansado e morno de outono, mas desta vez manhã de terça feira, por isso, dia de trabalho para toda a familia, exceto Dandy, que ainda estudava numa escola dos subúrbios da cidade. Era sempre Sibil que a levava de manhã, estranhamente, tinha um carinho especial pela pequena Dandy, nunca havia sido rude ou mal educado com ela, sempre que podia comprava-lhe brinquedos e mimava-a, chamava-a de "leoazinha" por causa do seu nome, que tinha origem no dente-de-leao, sempre foi o irmão favorito da pequena, e por mais estranho que fosse para a sua mãe, o seu pai ou até o próprio irmão gémeo, a verdade é que ninguém entendia Sibil tão bem como a inocente menina.
Todos haviam saido para os trabalhos, Sibil estava de volta a casa e sozinho, sem ninguém para o aturmentar, nem o seu pai para o lhe pedir satisfações, ou a sua mãe para lhe dar lições de moral, nem o seu irmão que tanto o amava, mas não era reciproco. Podia finalmente ser ele próprio e libertar-se, sentir que podia dizer o que quisesse sem ser julgado, mas, estranhamente, nada saía da sua boca, era como se tudo o que ele sentisse tivesse saído do seu peito... Todas as manhãs Sibil tinha esta sensação, de um vazio, que não conseguia completar de maneira alguma, não que ele tivesse tentado, mas sempre se sentiu assim, vazio.
O som das mensagens no seu telemóvel livrou-o dos seus próprios pensamentos... Era Guil, havia deixado um mensagem sobre a noite anterior.
" – Bom dia bebe, ontem doi lindo, mal poso esperar por repetir-mos aquilo denovo."
Os erros gramaticais incomodavam-no, toda aquela falta de atenção era algo que o corroía, como se o estomago tivesse rebentado e os seus orgãos estivessem a derreter, apagou a mensagem e continou com o seu dia, era a 20° mensagem que apagara naquela semana.
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Bom meus amores, aqui temos uma história nova, não sei se vai haver aderência mas espero que gostem, foi algo que tive inspiração durante uma noite que não consegui dormir a pensar sobre certos aspetos negativos da vida.