[00] Sensação estranha

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Confesso que odeio mudanças. Não me dou muito bem com poeira, caixas, trilhões de tralhas que não tem utilidade nenhuma mas que ainda sim eu levarei para a nova casa. Tudo piora quando eu estou indo para o meio do nada, meu irmão me mostrou a foto do lugar para qual iremos nos mudar, ele estava bastante animado, sua esposa também, quanto a mim... Bom, eu tô querendo morrer.

Eu sei que eu poderia muito bem sair de baixo das asinhas do meu irmão e ir viver sozinho, mas acontece é que ele é meu irmão mais velho e meu único parente vivo, eu não quero viver sozinho... Miyeon sempre aceitou com que eu morasse com eles, ela me trata como um irmão, eu gosto dela.

Chegamos ao lugar depois de um longo tempo, não é tão distante da cidade, porém é uma enorme distância do nosso antigo apartamento.

— Finalmente temos nossa própria casa, e ela é linda. Não é, Jiminie? — Eu resolvi não responder a minha noona. — Olha só! Ela é enorme, temos até um lago! Tudo bem que não é nosso, mas nossa casa é próxima a um lago! Imagine olhar da sacada o pôr do sol! Nossa eu amei esse lugar.

— Você está bastante animada, Mi-noona.

— Estou!

— Temos quartos o suficiente para pensarmos em filhos.

Foi com essa fala que o Miyeon ficou completamente paralisada, sua animação sumiu por completo... Pelo visto ela não comprou essa casa visando ter filhos, e sim mais espaço para todos nós.

— Me ajude com minha mala. — Ela pediu puxando meu braço e me arrastando para perto do carro.

— O que foi? — Ela negou. — Você desanimou totalmente quando Jin-hyung mencionou a palavra filhos.

— Jiminie, eu tenho um ótimo emprego. Eu sou uma ótima profissional e uma ótima esposa, mas eu não serei uma ótima mãe. — Disse pegando uma mala de mão e deixando com que eu pegasse outra.

— Você trabalha com crianças, noona... É lógico que seria uma boa mãe.

— Aí é que está, eu trabalho com crianças... Todos os dias eu atendo crianças doentes, perdi a conta de quantas crianças eu atendi vítimas de alguma barbaridade cometida pela sociedade. — Eu ouvia ela atentamente enquanto caminhávamos em direção a entrada da casa. — Não quero colocar uma criança no mundo sabendo que ela estará sujeita a esse tipo de coisa! Eu não sei o que eu faria se eu tivesse uma filha com um problema no estômago, ou qualquer outra coisa, ou que minha filha tivesse que ir correndo para o hospital junto com a polícia.

— Todos nós estamos sujeitos a esse tipo de coisa.

— Eu sei que estamos! Mas eu não sei o que faria se um filho meu se tornasse uma dessas crianças... Sabe, eu não quero ter que ser a pessoa do outro lado.

Eu entendia o lado de Miyeon, ela sempre chega completamente exausta do trabalho e me conta o que aconteceu em seu dia, muitas vezes eu falto chorar porque nossa... Eu sou a pessoa mais sensível do mundo. A mais velha voltou a falar, mas eu parei de escutar no momento que eu entrei na casa, porque eu senti uma sensação muito esquisita, que fez até com que eu ficasse paralisado na entrada da casa.

— Jiminie? — Sacudi minha cabeça e olhei na direção da minha noona. — Parou aí do nada, ta tudo bem?

— Sim... Eu só senti uma coisa estranha.

— Espero que tenha comido direito. Mas venha, me ajude a colocar essas coisas no meu quarto, aí a gente desce e preparamos algo para o jantar.

Assenti logo começando a segui-la novamente, subindo as escadas com um pouco de dificuldade por estar levando duas malas suas, pesadas, meu deus ela tem roupa demais.

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