1. night

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Durante a madrugada Yuna e Yerin saíam escondidas de suas casas para se encontrarem em qualquer lugar afastado da atmosfera sufocante da cidade.

De fininho, Yerin terminava de colocar um casaco com detalhes bonitos em renda, bordados à mão, para proteger-se do frio afora, enquanto pulava a janela de seu quarto, tentando fazer o mínimo de barulho possível para não acordar os pais que eram atentos a qualquer sinal que pudesse remeter à desobediência da filha. já Yuna, que a esperava no jardim escurecido, checava aos arredores, no caso de encontrar algum vizinho vigia, fofoqueiro, ainda acordado as espionando com olhares e julgamentos ácidos.

Pegaram suas bicicletas, tendendo a ser meio lentas, não estavam com pressa, embora estivessem ansiosas gostavam de aproveitar o caminho e presença uma da outra; sorriam.

Foram assim até a área mais natural que já avistaram naquela enorme floresta de concreto, onde podiam observar algumas plantinhas e árvores, e bem em frente havia também um pequeno lago. Era um lugar bom caso você quisesse esconder um cadáver, fumar maconha com uns amigos ou no caso das namoradas, passar um tempo ali com alguém que fizesse seu coração ingênuo saltitar.

Era o que elas gostavam e precisavam fazer.

Elas gostavam de sair de todo aquele ambiente repleto da mais pura maldade humana, que usavam das palavras cruas e frias para matar alguém ou feri-lo o suficiente para que este anseie pela própria morte. Não era bom, as atormentava pela manhã, mas a noite era somente delas.

Ah, a noite... Yerin e Yuna estavam ali no momento delas e no cantinho delas, trocando carícias e palavras doces que agiam como band-aids ternos; um pequeno adesivo decorado detalhadamente com o amor delas e uma cola forte que doía ao ser puxada, colocados em cima dos machucados feitos pela manhã por quem quer que fosse, na espera que, durante a noite, estes cicatrizassem.

Porque enquanto o céu ainda fosse um véu negro, repleto de pequenos cristais graciosos de um grande e sofisticado candelabro lunar, nada realmente as poderia afetar.

Compartilhavam beijos calmos, singelos, assim como a noite bonita e gélida que agraciava suavemente ambas as almas meio degradadas pelas feridas temporais.

Yerin demorava a encarar os olhos castanhos, bem castanhos, quase pretos de Yuna, onde ela facilmente se perdia algumas vezes, como fazia agora, mas gostava ainda assim de encara-los, sempre via lá os vagalumes cintilantes que piscavam a todo momento, guiando-a na escuridão ali presente, e desfazendo a tensão que ocasionalmente se esvaía entre elas.

Gostava de passar uma boa parte do tempo imaginando estar caçando esses vagalumes, e logo depois os soltando novamente. Era divertido, e tirava o peso das suas pálpebras que teimavam em cair e dissipar aquela sensação gostosa que infelizmente iria embora junto à lua.

Gostava de quando aqueles vagalumes rondavam o ar que se fazia entre elas. Apesar de tirar um pouco da escuridão elegante e característica da noite, não lhe retirava a autenticidade, apenas aperfeiçoava algo que era naturalmente belo, ela se encantava.

- O que tanto olha?

Yuna então pergunta, sentindo os dedos passearem calmamente pelo couro cabeludo de Yerin.

- Os vagalumes da tua íris escura.

- Vagalumes?

- Sim, você não os sente? quando estamos sozinhas, parece que nos dá esperança. Olhar para a luz deles me aquece por dentro.

- Acho que não são exatamente vagalumes, meu bem. É amor, eu também sinto. Mas não se preocupe, eu gosto dos "vagalumes", são os nossos vagalumes.

Yuna esclarece risonha com o pensamento inocente da mais nova, e esta então concorda balançando a cabeça, a encarando novamente, e enxergando os vagalumes reluzentes planando nos olhinhos da Choi. Então a beija, logo fechando os olhos, assim como Yuna. Já não via mais os vagalumes, mas de alguma forma, sentia a presença deles ali. Talvez fosse realmente amor.

Enquanto elas estivessem acalentadas pela noite, aquecidas pelos próprios vagalumes e suas feridas matinais e efêmeras estivessem bem cuidadas pelo curativo simbólico, elas já não se atormentavam com pensamentos sobre o que viria quando a manhã cálida chegasse, desvanecendo aquela aquarela sombria e acolhedora que pairava sobre elas.

Porque embora a energia solar não estivesse a favor do romance delas, a noite as cedia o direito de desfrutar da graciosa paixão e também de sentir o próprio calor distribuído em pequenos vagalumes metafóricos, presentes em ambos os olhares e auras, amantes do misericordioso manto negrume.

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fireflies┊yerin + yuju ‹gfriend› Onde histórias criam vida. Descubra agora