Remus observava Dora dormir. Os raios solares adentravam pela fresta da cortina, iluminando o seu rosto. Ela estava tão alheia à isso.. Ele notou que ela provavelmente não podia controlar sua metamorfomagia enquanto dormia. Talvez sua aparência fosse assim se ela não fosse metamorfomaga, ele deduziu. Seu cabelo naquele momento era de um castanho escuro que batia um pouco abaixo de seus seios, lisos e brilhantes. Sua pele também estava levemente mais alva, ele notou. Seus lábios continuavam os mesmos, rubros e carnudos. Sua expressão, que era sempre brincalhona, estava pacífica. Ela parecia tão linda quanto a própria perfeição.
Talvez ele estivesse parecendo um maníaco agora, ele pensou. Seus olhos encaravam o rosto de Nymphadora a tanto tempo que ele simplesmente não estava mais contando. Ele poderia olha-la durante todos os dias de um mês, de um ano.. Ele simplesmente sentia que nunca seria suficiente. Sempre encontraria algo novo que o faria querer mergulhar de novo nela. Mesmo que fosse um conjunto de pintas em formato de constelação. Tudo era tão fascinante para Remus que o mesmo sentia que poderia escrever livros apenas sobre ela. Um sobre sua anatomia, e outro sobre sua personalidade forte, empoderada e ao mesmo tempo tão doce quanto seu chocolate favorito.
A palavra amor sempre fora um substantivo com um poder muito grande para ele, mas Remus não conseguia pensar em uma palavra melhor para descrever a sensação que invadia por inteiro o seu corpo sempre que ela estava no mesmo cômodo que ele. Era sufocantemente bom. Era tão palpável que ele sentia que poderia vomitar a todo instante. Sua mãos suavam, seus olhos a seguiam e ele sentia vontade de explodir quando ela ria. Seu coração apertava tanto que ele tinha que se segurar para não agarrar seu peito inconscientemente. Ela já possuía sua mente, seu corpo e seu coração. Ele já não tinha mais controle sobre seus atos. Talvez, por isso, ele estivesse na mesma cama que ela naquele momento. Ele não sentiu arrependimento ou remorso, mesmo sabendo que era errado. Ela já o tinha em suas mãos.
Uma mecha de seu cabelo castanho escuro caiu sobre o rosto de Dora, e antes mesmo de pensar em se conter, os dedos de Remus já os tinham colocado atrás da orelha dela. Ele percebeu que os seus lábios se ergueram em um sorriso discreto. Tão discreto que, se ele não estivesse a olhando fixamente, provavelmente não teria notado.
"Eu gosto quando você me observa. Eu sempre sinto quando você o faz." Ela murmurou, sonolenta. Abriu os seus olhos devagar, sua testa franzindo levemente graças ao sol que brilhava em seus olhos. Remus olhou diretamente em seus olhos, que eram compostos por um castanho escuro demais para ser âmbar como os dele. Também eram acinzentados, e faziam com que se lembrasse de Sirius. O seu coração ardeu com uma dor insistente.
"Você tem os olhos mais lindos que eu já vi." Ele declarou, e as bochechas de Nymphadora mancharam-se de vermelho.
"Eu gosto de os mudar porque me lembram da minha herança." Dora respondeu, se referindo a genética dos Black. "Quando eu estava no Largo Grimmauld, vi a tapeçaria e a maioria deles tinham os mesmos olhos. O mesmo olhar frio e calculista. Eu simplesmente sinto que essa não sou eu."
"Então qual é sua verdadeira identidade?" Questionou Remus a ela.
"Eu não sei quem eu sou, Remus." Ela sussurrou, seus olhos nunca deixando os dele. "Eu estou sempre mudando. Sempre diferente. Acho que posso ter me perdido."
"Quer saber de uma coisa?" Ele questionou, e ela acenou em resposta.
"Você pode ser tudo o que quiser, Dora." Ele sussurrou, sua voz rouca e profunda. "Você é muito mais que um corpo."