Eu gostava de ir em festas. De todos os tipos. Balada, casamento, aniversário, noivado, comemoração, de criança, chá de bebê. Absolutamente qualquer tipo de festa me animava. Mas mesmo assim, por mais festeira que eu fosse, sempre existia o momento em que eu simplesmente enjoava.
Era o famoso momento em que as pessoas achavam que eu estava triste, solitária, me sentindo mal, porque eu ia para o canto mais afastado e vazio da festa inteira. Todos que passavam me olhavam daquele jeito. Mas a verdade é que a única coisa que eu precisava era de um tempo para respirar um ar um pouco mais puro e colocar minhas próprias ideias no lugar. Eram dez, vinte minutos sozinha que recarregavam minha energia e me permitiam voltar para a festa para dançar, beber ou comer mais. O que estivesse à disposição.
Naquela festa não seria diferente.
Eu tinha ido para me encontrar com um amigo e dançar pela madrugada inteira, mas fui trocada nos primeiros trinta minutos quando ele encontrou um cara que estava disposto a levá-lo para casa e deixar a noite bem mais íntima. Em defesa do meu amigo, o cara era realmente muito bonito, então tudo bem.
Naquele momento eu pensei em simplesmente ir embora porque... ficar sozinha em balada? Não é a coisa mais divertida do mundo. Mas eu tinha pagado trinta libras para entrar naquele maldito local de luxo, em um maldito prédio no centro de Londres, não podia apenas voltar para casa e deixar meu dinheiro desperdiçado daquela maneira.
Então eu decidi que mesmo sozinha, no máximo com um pouco mais de álcool do que o planejado, eu iria me divertir naquele local e aproveitar ao máximo aquela noite. Era o que meu amigo faria com o outro cara, não era?
Foi divertido por várias e várias horas. Existe uma coisa muito interessante sobre o álcool que é como ele consegue desinibir mais as pessoas. Era fácil para mim sair falando com todo mundo, rindo com pessoas que eu sequer lembrava o nome, dançar com completos desconhecidos. E eu me divertia. Conhecer pessoas novas era realmente legal.
Mas claro que, no meio da madrugada, eu precisei do meu tempo de respiro. Pedi licença a todas as pessoas desconhecidas com as quais estava conversando e fui até uma porta nos fundos, que julguei se tratar da porta para área de fumantes. Abri-a e vi uma escada, o que até fazia algum sentido. O local era em prédio, talvez o fumódromo fosse no telhado.
E, quando cheguei ao fim das escadas e abri mais uma porta, percebi que havia acertado e errado. Era, de fato, no telhado. Mas não parecia em nada com uma área de fumantes. Parecia apenas um... telhado.
Enquanto a porta batia alto atrás de mim, caminhei um pouco por ali. Tudo parecia uma enorme construção, com caixas d'água e caixas de concreto e painéis e cinza. As únicas iluminações eram a luz da lua e as luzes da própria cidade, que refletiam pelo horizonte. Londres era uma ótima vista e, enquanto eu caminhava até a borda, tomei um tempo para admirar o quanto eu gostava da minha cidade natal.
Eu sei que é clichê, mas ali de cima, parada na borda, eu conseguia perceber um pouco mais o quanto nós somos pequenos. O mundo sempre acontecendo o tempo todo, não nos esperando ou sequer se importando com a maneira que levamos nossas vidas.
Ali estava um ótimo pensamento, mas o vento estava realmente gelado e eu não tinha levado minha blusa de frio para lá, então o melhor era voltar para dentro logo e encontrar alguma outra parte calma na própria festa. Ou encontrar o verdadeiro fumódromo.
Mas, assim que cheguei na porta, percebi um pequeno, bobo problema: aquela era uma daquelas portas que abriam apenas por dentro. E eu tinha deixado ela fechar.
Enquanto meu coração acelerava e eu tentava puxar a maçaneta com toda minha força, apenas dois pensamentos brincavam em minha mente: um, eu tinha deixado meu celular dentro da bolsa, no guarda volumes. Dois, eu ia morrer naquele maldito telhado.
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[One-shot] Up View [Tom Holland]
FanfictionPor mais que eu amasse festas, sempre existia um momento em que eu cansava e precisa ir para um canto sozinha, apenas para respirar um pouco. Não seria diferente naquela festa. Mas as coisas nunca eram realmente simples e eu sempre tinha que contar...