Não posso me identificar simplesmente por pura proteção... se bem que eu nem sei se ainda tenho direito a tamanho luxo. Enfim, eu... encontrei um filmagem minha em uma câmera jogada nas escadas do sótão da minha casa... sótão esse que eu nunca abri... além de que eu não tenho nenhuma câmera em casa.
Eu me mudei recentemente pra cá pois já não aguentava mais a supervisão dos meus pais sobre qualquer coisa que eu fizesse em casa. Eles são viciados em segurança, colocando câmeras em qualquer um dos cômodos daquela casa, tornando a minha vida um ''reality show'' estúpido e desnecessário que meu pai insistia em dizer que era ''pro meu próprio bem''.
Aqui eu me sentiria muito mais livre pra fazer o que eu quisesse, além de que eu já tenho idade pra ter uma própria casa e muito mais independência sobre as coisas que eu faço. Aqui seria o meu mundinho particular, com todas as coisas que eu gosto, somente com a minha companhia, completamente longe daquelas câmeras e daquela segurança desnecessária... ao menos era o que eu achava.
Alguns dias atrás, eu passeava pela casa, analisando outros cômodos... até que eu vi, nas escadas do sótão, uma câmera de vídeo jogada, ainda filmando, como se tivesse sido deixada com pressa. Eu logo corri em direção a ela, perguntando-me o que era aquilo e sem entender o por quê de o sótão estar aberto, já que eu nunca havia entrado lá, fazia pouco tempo que eu havia me mudado. Eu peguei a câmera tremendo, com aquele medo irracional que eu havia adquirido na casa antiga e passei pelas filmagens...e ... era eu... andando pela casa... pelos mesmos cômodos que eu havia passado naquele dia...
As filmagens mostravam a minha figura andando pela casa nova. Eu logicamente me apavorei e saí correndo pela casa inteira, até mesmo pelo sótão, procurando por alguém e me perguntando como eu não vi nada durante todas as minhas andanças, como eu não ouvi som algum... nenhum sinal de outra alma a não ser a minha... eu me tranquei no meu quarto durante aquele dia inteiro, pois sabia que lá eu tinha o mínimo de segurança.
Conforme o tempo passou, eu fui deixando isso de lado e imaginei ter sido apenas um invasor estranhamente silencioso que passou pela casa durante os primeiros dias e eu não precisava mais me preocupar. Ontem, por exemplo... vai ficar marcado na minha cabeça com todos os detalhes. Enquanto eu tomava um banho matinal, eu ouvi um som da porta do banheiro abrindo... algo que eu estranhei demais já que não tinha como existir uma outra pessoa nessa casa. Minha primeira reação foi abrir o box completamente embaçado que bloqueava a minha visão, e eu vi uma figura segurando uma câmera igual àquela mesma encontrada nas escadas para o sótão, mas não era uma figura comum: Suas mãos eram longas, seus cabelos cobriam o rosto, deixando apenas uma boca mostrando um sorriso com uma falta absurda de dentes, um corpo magro, com roupas velhas que mal cobriam aquele semi-humano grotesco.
Eu estava completamente imóvel com exceção das minhas pernas que tremiam mais do que nunca. O ser não parava as filmagens, mas sim, ele ria a cada vez que capturava mais imagens e eu não entendia, já ele foi tão sigiloso antes, por quê ele mudou a sua postura completamente ? Por que ele me encarava e ria do meu medo nessa hora, sendo que dias atrás, ele ainda temia a minha presença ?
O momento de questões durou pouco, já que ele passou a se aproximar, mas não se atrevia a tentar tocar, ele simplesmente me filmava de uma forma desconfortável e parecia sentir prazer no meu sofrimento, até que o meu celular tocou e eu voltei pra realidade, assim eu passei por ele e consegui atender. Eram os meus pais, e eu atendi praticamente berrando, pedindo por ajuda, até que ouvi meu pai dizer: ''Achou mesmo que ia se livrar da segurança ? Por que acha que foi tão fácil pra você se afastar de nós ? Peço pra que não tenha medo, ele não vai fazer nada com você, só vai relatar a sua vida pra nós já que você está tão longe, tenha uma boa estadia, docinho'' e desligou. Completamente desnorteada, eu larguei o celular e o ser que havia me seguido desde o banheiro, parou a filmagem e se distanciou
Hoje eu vivo sem medo dele, daquela criatura que tanto me assombrou. Ele ainda não fala, só ri, mas nunca me toca ou se comunica. Os meus pais passaram a me ligar mais frequentemente, e têm completa ciência sobre como eu passo a minha vida, enfim, eles me privaram da minha privacidade. Eu já não encontro outra alternativa há não ser mostrar pra eles o que eles devem ver. Uma corda, um ventilador de teto e uma cadeira é tudo que eu preciso, acho que... posso me livrar finalmente.
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Ainda não sei,ok ? desculpa:(
Mystery / ThrillerAs vezes eu tenho umas ideias e eu simplesmente posto aqui,irmão,não é complexo não.Os temas variam,though.