sintonia

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No relógio, seis e vinte da tarde. Os últimos raios de Sol se despediam com um show de luzes no céu, alternando entre vermelho, laranja e amarelo. Estávamos sentados no pequeno sofá redondo do clube vazio, dividindo os antigos fones de ouvido enquanto nossa playlist tocava baixinho, mesclando com os sons ambientes. Batucava os curtos dedos em minha coxa, seguindo o ritmo de 'Space Song e as batidas de meu coração, em completa sintonia com cada instrumental e cada sentimento que vagava dentro de mim com a sua presença. O vento fraco soprava em nossos rostos, bagunçando os fios de cabelo bem alinhados e eriçando os pelinhos de meu braço. Seu silêncio gritava.

Assistindo juntos o fim de mais um dia e o início de outra noite gelada, eu olhei pra você, e me perguntei qual era o motivo da sua angústia, dos dedos apertados em punho, dos dentes firmes no lábio inferior, mas algo me dizia que eu já sabia a resposta. Pensativo, me perdi nas orbes escuras quando finalmente me dei conta que você também olhava pra mim, e, por um momento, vi suas mãos relaxarem novamente, sua respiração acalmar quase em sintonia com a minha e seus lábios se curvarem num meio sorriso, como se me dissessem que eu era a razão de sua inquietação, mas também era o calmante para tudo que sentia. Era louco, Jeon Jungkook, porque eu me sentia da mesma forma.

Ao fim da música, com os olhos presos aos teus, eu sorri de volta, tentando passar a calma, quase inexistente dentro de mim, para você. Poucos segundos depois 'Myth soava em nossos ouvidos, e sua atenção voltava para o céu quase completamente escuro. Suspirando fraco, eu tomei coragem em ir um pouco mais para perto de você, deitando minha cabeça em seu ombro e sentindo o corpo inteiro relaxar quando aconchegou a bochecha entre meus fios.

— Jun? — Chamei, com a voz quase falha.

— Hm?

— Fecha os olhos. — Pedi, sabendo o quanto aquela música que tocava significava para nós dois. — Por favor.

Desvencilhando-me do aconchego de seu ombro, eu me afastei, observando-o recostar a cabeça no travesseiro e fechar os olhos quando nossa parte favorita começou a tocar. Atento a cada uma de suas reações, soltei um riso baixo quando vi seu sorriso crescer ao mesmo tempo que meu coração errou uma batida e meu corpo quase por impulso voltou para perto do seu, onde agora meus olhos capturavam cada simples detalhe de seu rosto sereno, de pertinho.

— Jun.. — Quase como um suspiro, chamei por ti novamente, tremendo dos pés à cabeça. — Abre os olhos.

E o mundo pareceu colapsar quando, daquele jeito, seus olhos encontraram os meus, as respirações se fundiram em uma só e os corações pareceram começar a bater em sintonia pela primeira vez. Não fui eu quem deu o primeiro passo quando agora, os lábios se juntavam num beijo tão calmo ao mesmo tempo em que a lua dava seus primeiros sinais de luz no céu estrelado. Me prendi à seu corpo quando passei os braços por sua cintura, apertando-o contra mim como se estivesse com saudades de algo que nunca havia acontecido. Você riu contra minha boca e alcançou minha nuca com carinho, fazendo-me derreter contra seus dedos quando me beijou outra vez e eu o apertei ainda mais.

— Eu não vou à lugar algum, Ji. — Sua voz soou calma e certeira quando nossas bocas se separaram, dando lugar à sorrisos bobos e atrapalhados. — Vou ficar aqui pra sempre.

— Eu sei.

Num riso soprado, selei seus lábios rapidamente e levantei num pulo, fugindo do seu abraço apertado. Firmei meus pés no chão e quase desmontei em uma risada quando você levantou também, tirando os fones do ouvido e correndo atrás de mim, enquanto até a lua crescente parecia sorrir em meio à escuridão. Tudo finalmente parecia estar certo. Seus braços agarraram minha cintura por trás quando me alcançou, ambos rindo feito loucos, espalhando os sons agudos e o alívio de estarmos juntos, do jeito que sempre imaginávamos.

Minutos depois de tanta euforia, a noite completa quando a tela do celular mostrava a hora exata em sete e quarenta, nós decidimos ir embora para casa, com aquele aperto no peito de saudades antecipada. No caminho de volta, andando juntos e conversando sobre tudo, você agarrou minha mão e apertou os dedos contra os meus, e mais uma vez, naquele mesmo dia, o mundo parou. Porque quando nossos dedos se entrelaçaram, todas as estrelas daquela noite se transformaram nas pequenas faíscas que eu sempre via em seus olhos quando você olhava para mim.

Era sintonia, Jeon Jungkook. O universo inteiro se alinhou completamente quando nós descobrimos que nossos corações sempre andaram juntos, sincronizados como as nossas músicas favoritas.

Park Jimin e Jeon Jungkook sempre foram a mais pura sintonia.

Sintonia. (JJK + PJM) Onde histórias criam vida. Descubra agora