20 anos (Ninguém se compara a você)

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Alec não conseguia interpretar direito a expressão de Magnus enquanto os dois caminhavam sem rumo pelas ruas de Nova York, mas suspeitava de uma coisa.

- Você não parece estar com raiva de mim. - Ele disse de repente, e Magnus o olhou de lado.

- Você quer que eu fique com raiva de você?

- Não! Mas há dois meses você disse que estava com raiva por eu ter te abandonado, e não é o que parece agora. Eu imaginei esse momento tantas vezes na minha cabeça, e em todas elas você me xinga ou me ignora, e por mais que não esteja falando nada, eu não sinto que você está me ignorando.

Magnus soltou um suspiro e se sentou num banco embaixo da ponte do Brooklyn, encarando o céu alaranjado daquele final de tarde e pensando no seu irmãozinho.

Alec hesitou por um momento, mas então sentou ao lado dele e esperou.

- Eu não sei direito o que estou sentindo, Alec, mas não estou com raiva de você. Acho que nunca estive de verdade.

- Mas... eu fui embora sem dizer nada, Magnus. Eu mereço que você me odeie.

- Talvez. Mas eu estou disposto a ouvir sua explicação, supondo que você tenha uma. Eu nunca quis julgar sem entender primeiro, e acredito até hoje no que o Jay disse quando fomos na sua casa e não encontramos nada.

Alec hesitou de novo com uma dor involuntária no peito ao imaginar os dois indo naquela casa vazia, tanto tempo atrás.

- O que o Jay disse?

- Que você não ia nos visitar porque não podia mais. E naquele momento eu concluí que os seus pais tinham descoberto o nosso relacionamento e por isso te levaram embora.

Alec sentiu as lágrimas se acumulando em seus olhos e baixou a cabeça para encarar as próprias mãos.

Precisava contar toda a verdade pra ele, mas ainda não acreditava que Magnus jamais o odiou nesses 5 anos mesmo sem ter qualquer notícia do seu paradeiro.

Ele era perfeito demais pra ser real.

- Foi o meu pai que descobriu sobre o nosso namoro, Magnus. E a culpa foi toda minha. Eu me descuidei em algum momento porque eu só pensava em você, só falava de você e ele ficou furioso.

Magnus viu as lágrimas escapando daqueles olhos azuis e sentiu vontade de abraçá-lo, ou no mínimo segurar a sua mão, no entanto não fez nada disso.

- A culpa não foi sua, Alec. Eu também ficava assim, além de viver ligando e mandando mensagens quando você estava com eles. Qualquer um podia ver que estávamos apaixonados. A Blink me disse que já desconfiava, mas o Jay foi bem determinado em dizer que sabia que nos amávamos muito.

- O Jay disse isso mesmo? - Alec ecoou espantado.

- Sim! Estávamos conversando naquele dia depois de voltar da sua casa. A Blink descobriu que o Robert e o Asmodeus brigaram feio sobre estarmos pecando, nas palavras deles, e o Jay disse que sabia que nos amávamos e que não gostava de pessoas preconceituosas.

- Eu sinto falta dele. - Alec murmurou mais para si mesmo ao pensar novamente em Jay, mas logo ergueu a cabeça e encarou Magnus. - Não pude deixar de notar que você chamou o seu pai de Asmodeus.

- Eu não chamo ele de pai há muito tempo, Alec. Posso até contar nos dedos quantas vezes dirigimos a palavra ao outro nos últimos 5 anos.

- Mas por quê?

- Porque ele é um idiota ignorante que não aceita o fato de eu ser gay. Ele foi um dos maiores culpados por você e eu termos nos separado e nunca vou perdoá-lo por isso. Ele nem sequer tentou pedir qualquer desculpa, então ele não existe mais pra mim, assim como eu não existo mais pra ele.

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