"Querido diário,
Eu beijei uma garota!
Ela é linda, latina, cabelos negros, olhos castanhos, brilho labial de cereja, o gosto do seu beijo é de menta, seus lábios são macios e seu toque e de hipnotizar...
Eu não estou apaixonada por ela, pelo menos...
"Ficamos atrás de portas fechadas Toda vez que te vejo, eu morro um pouco mais Momentos roubados que nós roubamos enquanto as cortinas se fecham Nunca serão suficiente"
ღ
Seattle - Janeiro de 2002
Arizona Robbins
— O que deu nela? - minha amiga perguntou me olhando.
Mordi meu lábio em nervosismo, enquanto April mantinha os olhos fixos em mim, querendo entender toda a situação.
— Eu e Callie nos beijamos...- sussurrei baixinho.
— O quê? Não entendi nada - minha amiga franziu o cenho.
Respirei fundo.
— Eu... e Callie... nos... beijamos - falei mais alto e pausadamente.
April engasgou com o suco que tomava e me olhou com os olhos arregalados.
— Co-como? Quando? - perguntou curiosa.
— Ontem... na festa, eu estava na sacada da sua casa e ela foi me procurar... e me deu esse berloque - mostrei a pulseira para minha amiga — E depois que ela colocou no meu pulso, estávamos próximas e... e quando eu vi, nossos lábios já tinham se tocado... e...- parei de falar, soltando um suspiro pesado.
— E?
— E... eu não sei - olhei para minha amiga, a ruiva estava com os olhos brilhantes e alegres.
— Você gostou? - sua curiosidade era bem evidente.
Sorri com a pergunta e memorias do beijo inundaram minha mente.
— April! - a repreendi — Eu... eu não estou apaixonada, eu acho.
— Acha! Não tem certeza - arqueou a sobrancelha — Mas eu... eu tenho certeza, por que nunca te vi com os olhos tão brilhantes, quando como está perto de Callie, o sorriso bobo que fica em seus lábios e a ansiedade de tê-la por perto - foi constatando suas afirmações nos dedos.
— É complicado, Keps... Eu namoro o Andrew... e eu nem sei se Callie gosta de mim do mesmo jeito - coloquei o rosto entre as mãos.
— Primeiro, seu namorado é um babaca; segundo, a Callie gosta de você, e o modo como ela saiu depois de ver a marca que Andrew deixou em você, só comprova a minha teoria - fez uma pausa e eu a encarei — E você acabou de assumir mesmo sem querer, que gosta dela - piscou o olho.
— Eu não sei o que fazer, April.
— Bem, pra começar... poderia ir atrás da latina - sorriu. — Diga o que sente, eu estarei do seu lado para qualquer coisa - acariciou minha mão.
— Obrigada - sorri em agradecimento, minha amiga fez sinal com a cabeça na direção que Callie foi.
Levantei e entrei em casa, vi a latina de costas, ela olhava as fotos expostas na estante, e ela tinha nas mãos um porta-retrato.
— Terminou sua ligação? - perguntei e a morena deu um pulinho de susto — Não queria te assustar, desculpe.
— Tudo bem... sim já terminei a ligação - me mostrou a foto — É você?
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