No Fim

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- Não... Merda... Isso não pode tá acontecendo!

Sangue escorre de seu braço direito, pingando ao chão a partir de uma mordida. Rejeitando o que aconteceu, passa a mão esquerda, tentando limpar o sangue e provar que não há ferida alguma.

- Não, não... Por que agora?! Justo agora?! Eu não posso... MERDA!

A seus pés, três corpos caídos, com diversas perfurações em seus corpos, mas principalmente, em suas cabeças, dos furos, sangue vaza ao chão, formando uma poça em volta dele, o sangue que escorre de seu braço se junta ao que está sob seus pés.

Ela... Não posso... Por que isso teve que acontecer justo agora? Ela não pode...

Abalado por tudo que aconteceu, acaba dando alguns passos para trás, onde tropeça em um dos corpos, mas consegue se manter em pé, sua reação, envolta de pura raiva, é chutar o corpo desfalecido com toda sua força

- Seu... MERDA!!! Filhos da puta! Por que vocês... Tinham que estar aqui?!

O chute, de extrema violência, destrói a cabeça do morto, esta que estava, antes mesmo de ser atingida por balas, em estado de putrefação. Seus pedaços se espalharam por toda a sala.

A face dos outros mortos, assim como a do decapitado, apresentavam veias saltadas próximas da testa, a pele, não apenas no rosto, mas por todo o corpo estavam com uma coloração pálida cinzenta, olhos vermelhos pelo sangue ter invadido aquela área. Suas bocas estavam secas e rasgadas, com os dentes apodrecidos e apresentando pedaços de carne nas frestas.

- Isso não pode estar acontecendo... Não...

Mais uma vez, dá alguns passos para trás, onde bate em uma parede e acaba se escorando. Retira a mão que estava sobre o ferimento e a passa involuntariamente em seu rosto, sobre seu olho, sujando a região com o seu sangue, o misturando ao suor que estava ali.

- Ela havia me dito... "Tenha mais cuidado." E sendo o imbecil que sou...

Usando a parede como apoio, escorrega as costas e se senta ao chão, um pouco distante de onde a poça estava. Removendo a mão de seu rosto, deixa seu braço caído ao seu lado enquanto observa o outro com o ferimento, o vendo derramar lentamente seu sangue. Seus olhos estáticos, não apresentam mais esperança, demonstram uma aceitação do fim que está por vir.

- Eu... que isso seja útil para você...

Sem mais crer que poderia ser salvo, pegou um gravador em seu bolso, balbuciando solitariamente, se lembrando de seu passado até ali.

"Tá bom... Começar com um resumo de tudo pra ai sim contar a história...Assim como as histórias que eu lia.

Três anos atrás foi quando tudo começou, milhares de pessoas morrendo, sendo devoradas vivas, mortas sem o mínimo de pena, se transformando nessas coisas, isso apenas nos primeiros dias.

Nosso inimigo de décadas, os arrombados que fazemos fronteira ao sul elegeram em sua última eleição antes do ataque um desgraçado que prometia buscar vingança contra o que fosse que tivéssemos feito no passado e graças a essa atitude, aqui em nosso país elegemos outro desgraçado, um que prometia mais que tudo mostrar quem é que mandava... Dois arrombados. Nós saímos perdendo já que depois que o frouxo do nosso presidente ameaçou um ataque contra eles e se recusou a pedir desculpas, nós, o povo sofremos a retaliação... Se bem que como ele conseguiu vencer na eleição, boa parte da população mereceu por colocar ele no poder.

E assim deu início ao ataque químico. Me lembro das notícias ainda, todos os canais estavam transmitindo quando os primeiros dos imensos galões de gás foram abertos na capital, em seguida, outras cidades tiveram o mesmo destino, sendo atingidas pelo gás. As reportagens, todas se perguntavam o que era aquilo, o que o gás faria, alguns buscavam o culpado, outros apenas disparavam sem pensar que era nossa nação vizinha. Na época nunca soubemos de fato quem era o mandante.

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⏰ Última atualização: Mar 03, 2021 ⏰

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