Parte 1

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A caminho do vilarejo pra comprar alimentos na feira, ouço barulhos vindos do castelo abandonado e decido me aproximar. Deparo-me com Geralt desacordado e gravemente ferido no chão, diante da entrada principal. A luta com a estrige tinha sido difícil. Naquele castelo, só podia ter lutado com ela, a princesa.
Precisei usar minhas habilidades de feiticeira para levá-lo à carroça e transportá-lo até o meu quarto no porão do curandeiro da cidade, que abrigou-me secretamente, depois que apareceu pedindo ajuda e dizendo que corria risco de vida. Na verdade, eu procurava lugar seguro onde pudesse praticar a magia sem correr o risco de morrer na fogueira. Usava as plantas para disfarçar minhas reais intenções.

Somente com magia, eu conseguiria levantar Geralt vestido com sua pesada armadura. Ao me aproximar da casa, meu senhorio ajuda a levá-lo para a minha cama, considerando que não teria forças para fazer sozinha. Ele ainda não sabe que você eu sou uma feiticeira.

No quarto, acomodo Geralt com o corpo coberto de lama, estilhaços de vidro e secreções malcheirosas do corpo da estrige. Se nada fizesse para evitar, meus lençóis certamente poderiam ficar com aquele cheiro entranhado para sempre. Tenho todo o cuidado ao remover a armadura de couro não querendo lhe causar mais dor. Geralt murmura pela movimentação que eu provoco, mas não acorda.

Uso um punhal para cortar sua calça e continuar limpando. Mesmo com a sujeira, identifico hematomas em suas coxas, assim como tinha visto nos braços e antebraços e começo a pensar qual  seria a melhor combinação de ervas para preparar um emplastro e amenizar as marcas daquela luta corporal violenta. Seu pescoço ainda sangra pela mordida da criatura.

Livro-me de toda a roupa de Geralt e começo a limpá-lo com uma esponja embebida em água de alecrim e calêndula, ensopando minha cama com a mistura de ervas. Novamente, Geralt reclama com a aspereza da esponja na pele, mas ainda não estou nem perto de finalizar o processo de limpeza. Levo um tempo até terminar de limpar seu corpo grande e musculoso. E, honestamente, não tenho pressa em terminar, desde que o sangramento seja contido.

Geralt começa a respirar mais fundo quando passo a esfregar a esponja em seus membros inferiores, inclusive partes que intimamente eu já conhecia. Poderia usar meus poderes para limpá-lo com algumas palavras de magia, mas quer fazer isso com as próprias mãos. O envolvimento que nós tivemos há tempos ainda era fresco em minha memória e Geralt era o único homem por quem eu considero ter me apaixonado ao longo dos meus 230 anos. Era significativo para alguém que tinha vivido por tanto tempo. De todos os reis, governadores e homens da realeza com quem eu tinha me envolvido sexualmente por interesses e poder, ninguém tinha sido tão importante pra mim. Não sei o que ele sentia, acho que não era capaz de sentir absolutamente nada, mas nunca se negou a dormir comigo nem tratou-me com indiferença. Sua natureza mutante lha dava um apetite sobrenatural e disso não podia me queixar. Nunca iríamos formar família ou gerar filhos, de todo modo. Então ficávamos com o que nos restava.

Geralt começa a gemer e balbuciar palavras que não consigo compreender. Suas pálpebras começam a se mexer como se estivesse sonhando. Não sei se ainda significa algo para ele e que meu suave perfume de lavanda — com o qual já estava mais que habituada — está trazendo-o de volta, ainda que de forma inconsciente, lembranças de momentos íntimos entre vocês dois.

Geralt já está limpo e eu preciso remover os lençóis sujos, mas não quero movimentá-lo e correr o risco de acordá-lo.Resolvo ignorar os constantes gemidos confusos e uso a magia para deixar a cama limpa novamente. Macero ervas com efeito cicatrizante e aplico em seus ferimentos, dando atenção maior à ferida causada pela mordida da estrige em seu pescoço. Geralt urra de dor quando a mistura entra em contato com o ferimento, mas ainda assim não acorda, então invoco palavras de encantamento para que ele seja curado de imediato, mas o ferimento da criatura maligna não pode ser curado com magia.
Ele parece agitado e murmura o meu nome, seu corpo relaxa e noto o membro dele parcialmente excitado, tendo alucinações. Geralt continua chamando meu nome e acredito estar despertando.

— Esse cheiro... lavanda... — Geralt diz com clareza e mais uma vez reclama de dor.

Sou é a primeira coisa que ele vê quando abre os olhos e fica surpreso. Respondo com um sorriso no rosto.
— Geralt.
— O que aconteceu? — ele diz e tenta levantar se sentindo dolorido.
— Fique deitado. Você está muito machucado. Vai levar alguns dias para que se recupere.
Geralt tinha aquela expressão emburrada que você adorava ver.
— Aquela filha da mãe! — Ele dá um soco no colchão com o punho cerrado e sente o quanto o simples movimento faz todo o corpo doer.
— Você vai ficar bem — tranquilizo.
— Você falou que vou levar alguns dias aqui? — ele pergunta.
— Sim. Até que fechem os ferimentos eu vou cuidar de você... Sentiu saudade de mim?
Ele desfaz a impressão de emburrado e se rende com um sorriso quase imperceptível. Sua mão áspera envolve a minha.
— Eu tenho sentido sua falta há décadas. Você não mudou nada. Por onde andou? — ele questiona.
— Por aí, agradando reis covardes que me pagavam bem para fazer previsões para suas batalhas.
— Hmm. — sua voz tinha um som gutural e profundo. — O que acha de recuperar o tempo que perdemos afastados? Eu quero dizer, só deixe seus utensílios e ervas de lado e me dê atenção!
— Não seja mimado, Geralt. Eu estou cuidando de você! Além do mais, precisa descansar.
— Ah, porra! Espera até eu melhorar e eu vou te tratar como você merece.
Caio na risada com sua ousadia.
— Eu não vou achar ruim. Agora você trate de voltar a dormir que eu preciso ir à cidade comprar mais ervas. Não contava receber um hóspede doente.
Ele quer protestar, mas lanço um encantamento para que volte a ficar inconsciente.

• Continua...

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⏰ Última atualização: May 09, 2020 ⏰

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