Quase Um Irmão, Quase

just relax, ok?

São meus dois últimos dias aqui no Brasil antes da viagem. Tô com umas cinco camisas assinadas, presentinhos, cartas e estou terminando de me despedir de geral.

Esse terceiro dia, eu dormi na casa de uma amiga, onde nos reunimos com as que eu mais amo e fizemos uma noite de filmes. Começou às sete, e pasmem, terminou as cinco da manhã! Assistimos três filmes. O nosso favorito, 10 coisas que eu odeio em você, o Entrevista com o Vampiro e Isso não é mais um besteirol americano. Claro que teve muita pizza, chororô, joguinhos, nos maquiamos... foi o dia que tiramos para fazer tudo o que gostávamos.

E nesse segundo dia, a insegurança só aumenta. Porque ao mesmo tempo que eu quero ir, eu sei que vou sentir a falta da minha família, dos amigos e da cultura brasileira. Depois da farra com as meninas, acabou que acordamos às duas horas da tarde, e eu precisava voltar para casa. Quando cheguei, fiz as minhas malas, juntando poucas roupas, por que sei que meus agasalhos não vão dar conta do frio de Ohio. Então, no caso eu teria que comprar algumas coisas lá mesmo. Malas feitas, casa arrumada, tomei um banho, e decidi chamar o melhor amigo do mundo pra sair. Afinal eu só tinha visto ele na escola, por que até então eu só havia saído com as meninas. Me arrumo e peço ao meu pai para a gente pegar o Yoda na casa dele para ir ao shopping. O Gabs sempre foi meu melhor amigo até o momento, que eu prefiro chamar de Yoda. Motivo: ele adora tentar dar uma filosofada, e acaba saindo alguma coisa nada com nada. O apelido ficou desde o oitavo ano e estamos aí.

No carro, foi um pouco constrangedor. Não queríamos tocar muito no assunto do intercâmbio, pois é algo que vai nos "separar" de certo modo por algum tempo, então a tentativa de falar de alguma outra coisa, falhava um pouco.

Meu pai nos deixou no shopping, alegando que passaria para nos pegar às sete. Ainda eram uma três e meia, então poderíamos aproveitar. Como eu estava com fome, lanchamos primeiro. E claro que os melhores amigos de todos os tempos tempos tem o sanduíche favorito de todos os tempos, que não é nada mais nem menos que o Subway. Sério, não é gorduroso, fica pronto rapidinho e é feito do jeito que você quer. Tem melhor?

Na praça de alimentação:
♟O que acha de depois de comermos pegar dois ingressos para aquela cabine?
♘ Que cabine, doido?
♟Aquela...- ele levanta as sobrancelhas.
♘ Você tá ficando maluco?- rimos junto fazendo as pessoas olharem.- Você sabe que eu morro de medo, e além do mais, logo depois de comer? Não vai fazer bem pra minha digestão.
♟Por favor, Anaaa! Não vamos poder fazer isso depois...- ele me olha fazendo um biquinho lambuzado de molho, que me faz rir.
♘ Tá! Seu chato. Mas eu vou ficar de olho fechado.
♟Aaah... mas do que vai valer o dinheiro?
♘ Quer que eu vá, ou não?- termino de comer o sanduba e limpo minhas mãos.

Depois de comer, estava lá, eu igual uma idiota na fila com o Gabriel. A tal cabine, é na verdade um lugar que havia aberto a pouco tempo no shopping. É uma cabine mesmo, só que de susto. E o palhaço do Gabriel já estava me enchendo o saco pra ir a um tempo. Ela é toda escura, e meio que tem uns desafios para você chegar no final, e os obstáculos são zumbis, "demônios", vampiros... tudo que eu tenho um certo medinho.

A nossa vez chega, e eu já tava me borrando toda.
♟Vai morrer uh uh, vai morrer!- ele fica sussurrando isso no meu ouvido até levar um soco.
♘ Eu vou ficar agarrada no seu moletom por atrás, e não ouse correr de mim.- falo enquanto ele entrega o dinheiro e pega com a moça uma lanterna.- Ow, qual é a dessa lanterna aí?
♟Essa vai ser a única luz que a gente vai ter para passar.- ele solta uma risada maléfica e me faz cócegas. Tínhamos de deixar bolsa, celular e até óculos!

E esses foram momentos antes da desgraça acontecer. Relatório: Gabriel correu de mim, e foi direto pro final, com a lanterna. Eu fiquei morrendo de medo igual uma idiota com o olho fechado no meio do bagulho gritando ele. Eu só conseguia ouvir a risada dele de lá do final da cabine. Então, uma "caveira" me assustou e além disso, eu fica pisando em uma espécie de slime e pra piorar ficava andando alguém atrás de mim. Quando eu chego no final tem um último susto, que é um flash de câmera que tira uma foto sua lá dentro. Saí de lá toda me tremendo, me entregaram minhas coisas e eu já fui voando no Gabriel, que estava gargalhando com meus óculos e uma foto na mão. ♟ Essa é a sua melhor foto!- ele ri e entrega ambos pra mim.
Nela, óbvio que eu estou com a pior cara possível, e tem uns dois zumbis atrás de mim, o que explica os passos que eu ouvia.
♘ Yoda seu puto! Pena que eu nem tenho tempo para planejar uma vingança!- eu tava brava, mas estava tão assustada ainda que não conseguia respirar direito.- eu vou te matar!
♟ Calma, calma... respira. Eu sou o melhor pode falar!- e bate no peito e anda de costas. E o pior é que eu não consigo ficar brava com ele, mesmo me sacaneando.
Depois, continuamos a andar pelo shopping procurando algum entretenimento, e ele para, e me olha com um sorrisinho.
♟Quero te dar um presente!
♘ Mais um?- ele confirma com a cabeça.
♟Eu vi semana passada como você gostou daquele moletom amarelinho. Ainda quer ele?
♘ Não precisa, sério mesmo! Eu já sou feliz com sua amizade.
♟ Mas não é sobre você já ser feliz, pq eu sei que você é. Além disso, eu que você leve um "pedacinho" meu, enquanto ficarmos separados.- eu me derreti tanto, que tive que aceitar. ♘ Tudo bem, eu quero sim.- nos envolvemos num abracinho gostoso e entramos na loja. O Gabriel, pode ser um idiota e ser um fofo de uma hora para outra.

Até as cinco, já havíamos tomado sorvete, comprado o moletom, ido a biblioteca e tirado umas fotinhas. E eu olho para esse dia e só sinto felicidade, não tristeza, mas amor e carinho. Dois anos sem o Yoda vão ser meio chatos, mas nós prometemos manter contato.
No fim, eu estava de buchin cheio e cansada. Então tomei um banho quentinho e fiz um skin care para dormir.