• Chapter 2 •

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6:28PM

Andrew me esperava no portão da casa de nossos pais. Saio do táxi, com um certo desconforto por causa da roupa que Alyssa me fez vestir.
O vestido vermelho longo com uma fenda até a coxa da perna esquerda me deixava desconfortável. Roupas sensuais eu costumava usar somente quando iria encontrar algum homem que valesse a produção.
O casaco quente, que pertence a Alyssa, assim como o vestido, não deixava que o frio me congelasse.

— Uau! Ana, você está deslumbrante!

O sorriso de Andrew me confortou.

— Obrigada, maninho. Espero estar à altura de quem esteja lá dentro.

Ele suspira.

— Não pense muito nisto.

Ele oferece seu braço, e eu aceito.
Entramos no salão de festa, que fica ao lado da casa, e todos os olhares se voltaram para Andrew. Ou para mim, não sei dizer.

— Anastasia! Minha filha, você está impecável!

Minha mãe se aproxima enquanto tiro o casaco e entrego para Jason, o auxiliar administrativo de meu pai que ofereceu em pegar meu casaco para guardar.

— Obrigada. É... quem são todas essas pessoas? Achei que o jantar seria mais em família.

— Ah, são uns colegas do trabalho do seu pai. Ele insistiu. Sabe como ele é teimoso.

Tento sorrir.
Olho em volta e meia dúzia de pessoas eu poderia dizer que conheço. Mas somente uma pessoa chamou minha atenção.
Seu cabelo, levemente bagunçado, de um castanho claro, seus músculos evidentes mesmo de terno. E o sorriso de lado, que nos presenteava com uma leve covinha na bochecha esquerda. Quem era ele?!

— Ana? Está me ouvindo?

Desperto de minhas fantasias e tento colocar toda minha atenção nas palavras da minha mãe.

— Desculpe, o que disse?

— Para voltar para cá. Sei que não deve estar sendo fácil pagar o aluguel. Posso falar com seu pai, ele vai aceitar que volte.

Respiro fundo. Aquela conversa novamente.

— Não se preocupe, mãe. Eu estou bem. Estou fazendo vários trabalhos. Não estou passando dificuldades. Alyssa e eu nos damos muito bem, e damos conta.

Ela tenta sorrir, mas sei que se preocupa. Única pessoa que sinto falta desta casa, é da minha mãe. Andrew ainda sempre me visita, mas ela é prisioneira desta casa, e me dói ver ela tão submissa ao meu pai.

— Tudo bem. Entendo a sua vontade de ser independente. Mas sabe que estou aqui sempre que precisar.

Sorrio.

— Obrigada, mãe. Bom, vou dar uma volta, conhecer pessoas. Quem sabe nem todos são babacas.

— Anastasia! Não brinque com essa gente, eles são da alta sociedade.

Dou de ombros, e sorrio com malícia. Minha mãe ri, disfarçadamente.
Corro os olhos pelo salão em busca daquele ser maravilhoso, mas nenhum sinal.
Seria algum amigo que Andrew nunca me apresentou?
Ou será namorado de alguém ali?
Ando pelo salão, e Jason se aproxima com duas taças de vinho ao meu lado.

— Uma bebida? – sua voz rouca próximo ao meu ouvido faz minha pele arrepiar.

— Obrigada pela gentileza. Achei que meu pai te expulsaria... – o encaro com desdém.

Digo após pegar a taça de vinho.

— Seu pai guarda segredos, ele jamais poderia se livrar de mim. – ele diz com um sorriso cínico.

Jason devia ter seus 28 anos. Negro, olhos verdes, e alto. Um homem que pode deixar qualquer mulher molhada somente com um toque.
Começou a trabalhar para meu pai como office boy, até que passou a ajudar na administração da casa (que alguns chamam de mansão) e da empresa.
Fui expulsa de casa após meu pai descobrir que eu e Jason nos divertíamos nas horas vagas, na minha cama, e as vezes na dele.

— Você me dá nojo. – digo revirando os olhos.

— Engraçado... uns tempos atrás não era isso que você sentia.

Sinto sua mão tocar minha cintura, e uma onde de calor se instalar com seu toque.

— Não lembro o que sentia. Já faz muito tempo. Agora com licença, que quero encontrar uma pessoa.

Ao tentar me afastar ele segura forte minha cintura, impedindo que eu saia do lugar.

— Eu to doido para matar a saudade de você. Não seja orgulhosa. Sei que também sente falta do que eu fazia você sentir.

Mal compreendi suas palavras, pois falava muito próximo a minha nuca, causando arrepios que me impediam de raciocinar.
Mas então vi o homem misterioso do outro lado do salão, e me despertou.

— Fica para outro dia. Sei que você está louco para eu brincar com você de novo, mas esta noite tem outro na fila.

Digo fria, encarando seus olhos, que refletiram raiva após minhas palavras ditas.
Sorrio vitoriosa por não ter caído em mais um de seus encantos.
Atravesso o salão e vou até o homem misterioso que estava no bar.

— Olá. Nunca te vi por aqui, é colega de trabalho do dona da festa?

Tento soar casual.
Ele me olha. Azuis. Olhos azuis, tão intensos como o mar.
Ele sorri, deixando a covinha aparecer.

— Sim. Trabalho na empresa do Sr Leonova.

— Interessante. E está curtindo a "festa"?

— Vou ser sincero. Odeio festas monótonas. As pessoas aqui são muito certinhas. Desculpe se é uma delas, mas eu realmente prefiro algo mais agitado.

Sorrio maliciosamente.

— Perfeito. Está afim de ir a outro lugar?

Ele me encara. Seus olhos percorrem o meu corpo, e ele sorri de lado.

— Qual é o seu nome?

Me aproximo dele, e toco em sua gravata, alisando-a.

— Desculpe bonitão, mas não sou fã de nomes. Estou querendo me divertir, mas você parece o típico homem que se apaixona fácil. Sem meu nome não tem este risco. Então, topa?

O homem volta a me analisar.

— Se continuar perdendo tempo em admirar meu corpo não vai poder tocá-lo. Não gosto de perder tempo. É pegar ou largar. Decida. Vou estar lá fora esperando o táxi.

Ao dizer estas palavras me afasto e vou em busca do meu casaco. Sinto o olhar de Jason me seguir, mas sabia que não viria atrás de mim. Jason me conhecia tão bem para saber que sou decidida com quem eu quero passar a noite.

DIA SEGUINTE
6:32AM

Acordo, e olho para o homem misterioso ao meu lado.
O edredom estava até a altura de sua cintura, deixando suas costas expostas, assim permitindo que eu admirasse sua tatuagem.
Era uma águia com as asas abertas, com suas garras prontas para atacar. Era hipnotizante.
Olho as horas no celular, e decido me vestir antes que ele acordasse e eu acabasse ficando por mais tempo que devia.
Coloco o vestido e o casaco, e como sempre, deixo o bilhete no lado que dormi na cama.

"Obrigada pela noite incrível.
A.L."

Saio do apartamento dele e começo a andar nos corredores, que me pareciam conhecidos.
Merda.
O homem misterioso mora no mesmo prédio que eu.

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⏰ Última atualização: Apr 04, 2020 ⏰

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