09h10m
Novo dia e os problemas voltaram, estou com uma dor de cabeça que nem posso. Ontem a noite foi longa parece-me, apesar de não me lembrar da maioria dos acontecimentos.
Levanto-me da cama, mas rápidamente me volto a deitar, não me posso levantar com esta dor de cabeça, ainda morro.
Volto a dormir.
11h30m
Finalmente consigo levantar-me da cama e ir tomar o pequeno-almoço.
Mas algo me surpreende assim que chego á cozinha.
- Como assim não conseguiram salvá-la?! Isso é falta de profissionalismo! Ela ainda podia viver muito, ainda tinha muito para dar! - Dizia a minha mãe ao telefone.
- Pedimos desculpa, e os nossos sentimentos, tenha um bom dia. - Do outro lado do telefone ouvia-se uma mulher a falar não percebi bem.
Entrei a passo apressado, pois desconfiava que tivesse sido alguma coisa com a minha avó, a minha mãe estava desfeita em lágrimas.
O meu irmão, que estava de fim-de-semana e o meu pai que estava ainda em casa levantam-se de imediato para ver o que se estava a passar.
A minha mãe nem nos deu tempo de chegar ao pé dela, ela foi a correr para o quarto e deitou-se na cama a chorar e a gritar.
Pronto, confirma-se, a minha avó faleceu.
Todos percebemos e começámos a chorar sem que a minha mãe percebesse, porque senão aí choraria mais. Abraçámo-la e confortámo-la. De repente ela larga-se de nós e volta a deitar-se na cama.
- Quero os meus irmãos aqui comigo, vão buscá-los. - Disse choramingando.
Rápidamente o meu irmão e o meu pai foram buscar os meus tios.
Passado uns minutos alguém toca a campainha. Era a minha madrinha para vir confortar a minha mãe.
Não conseguia ficar ali a ver a minha mãe chorar muito mais tempo por isso quando a minha madrinha chegou ao pé dela, fui para a minha cama e desabei.
Será que agora tudo me corre mal?! Está a acontecer tudo ao mesmo tempo, nem acredito.
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- Vamos? A avó já está na igreja, no velório. - Dizia a minha mãe com a fala um pouco quebrada.
- Sim vamos, mas a Anna não entra no velório! Quando foi do avô ela entrou e ficou traumatizada, não reagia, não quero que lhe aconteça o mesmo. - Disse o meu irmão protetor.
- Eu entro, não era justo, fui ver o avô, vou ver a avó. - Defendi.
- Como queiras mas depois não te queixes. - Disse o meu pai insensivelmente.
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Chegamos e eu fui a primeira a entrar, assim que entrei na zona do caixão paralisei e passei de passo apressado a estar completamente parada a olhar para aquilo.
Ajoelhei-me no chão e comecei a gritar e a dar murros no chão, não aguentei, ela viveu 3 semanas comigo! Não consegui mesmo ver aquilo.
Lembrava-me dela com muita vida, cheia de cor, sempre a sorrir e a rir-se comigo e agora está ali deitada naquela caixa aberta, onde seus olhos verdes azulados estão fechados e não permite que se vejam, está pálida, está tão... sem vida.
- Foste uma guerreira avó, aguentaste o cancro no pâncreas e aquela operação em que todos diziam que não ias aguentar, lembras-te? Eram 99% de probabilidades de não sobreviveres, mas tu, minha guerreira, sobreviveste e ficaste cá para mostrar o quão forte és, mas claro que um guerreiro chega um certo ponto que tem de ceder, pois já deu tudo o que tinha a dar, e tu deste muito! Todos os médicos por onde passavas te admiravam, porque lutaste até ao fim, não deixaste nada por fazer. Até quando morreste foste uma guerreira, todos pensavam que no 2º dia tinham de fechar o caixão porque o líquido na tua barriga começaria a sair por todos os orificios, mas não, mais uma vez tu aguentaste, mesmo sem vida e ficaste impecável desde que te meteram no caixão até que te puseram naquele buraco horrivel no chão. - Disse chorando para o corpo sem vida, em esperança que me pudesse ouvir e sentir o orgulho que tinha em chamar-lhe avó.
Rapidamente os meus pais e o meu irmão entraram e viram os meus lamentos, o meu irmão agarrou em mim e levou-me lá para fora para não ver o primeiro contacto que a minha mãe iria ter quando a visse naquele estado.
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00h00m
O velório acabou de fechar e vamos todos para casa, incrível a quantidade de pessoas que apareceram no velório porque gostavam da minha avó e tinham respeito por ela. Ela realmente não merecia, era uma pessoa impecável, mas um dia todos temos de ir e ela já estava a sofrer demais. Sofreu calada muitas vezes.. Dizia sempre que não lhe doía nada mas era apenas para não a levarmos para o hospital, porque ela sabia que o fim estava perto e queria passar o máximo de tempo connosco.
Ia vê-la naquele dia ao hospital, mas já não fui a tempo..
Chegámos a casa e eu fui logo para a cama sem dizer nada a ninguém. Passei o dia todo sem reação. Não falava, não dormia, não olhava para as pessoas, apenas sentada na cadeira ou onde quer que fosse.
A maior parte dos meus amigos deu-me bastante força, mas eu respondi a poucas dessas mensagens porque, lá está, não tinha reação.
Foi um dia péssimo, só quero dormir e acordar com ela na sala outra vez e perceber que foi tudo um sonho.
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Military Heart
Teen FictionAnna é uma adolescente que sonha ir para a Força Aérea , seguir as pisadas do seu irmão mais velho, Andrés, que sempre a apoiou nesta decisão e que espera o melhor dela. Os seus pais tabalham a tempo inteiro, a mãe de Anna trabalha no café da famíli...