Em minha frente, minha irmã; fora maquiada, suas feições estão belas, seu cabelo loiro ainda brilha como como um raiar de luz e seu vestido, ah seu vestido, um vestido branco que desce até seus pés, um vestido lindo que combina perfeitamente com a situação, o único pesar está em seu pescoço, as marcas ainda estão lá, as marcas de seu pecado. Não aguento mais isso, sinto culpa, ando para longe enquanto vejo eles chegando passando por mim sem nem mesmo me encarar. Fecham o caixão.
Ficar em casa não é mais o mesmo, meus pais evitam contato comigo, antigamente esta era a minha função como decepção da família. As pessoas me culpam pelo que aconteceu a minha irmã, não que eu esteja diretamente ligado ao fato, mas me culpam por não tela ajudado mesmo sendo um dos mais próximos, eles me culpam para não culparem a si mesmos; menos meus pais, eles culpam a si e a mim simplesmente pelo fato de existirmos e ela não.
Ao pensar no assunto pouco me vêm a mente, eu sabia que ela estava passando por uma fase difícil, havia acabado de terminar com o seu namorado de longa data - uma briga feia – e passava uma fase ruim na faculdade, o que de fora parece pouco, pode significar tudo para uma psique já destruída. Eu e minha irmã nunca tivemos problemas familiares, e apesar de sermos bem diferentes tanto mentalmente – com ela aparentando ser bem mais sociável – quanto fisicamente – Ela era alta e bonita, principalmente seus cabelo dourados , já em meu caso sobrou a genética de meu pai, não muito alto, cabelos negros, magro- compartilhávamos coisas em comum, ambos somos fracos, sinto sua falta.
Irei fazer o que já deveria ter feito desde que descobri o incidente, fingir que nada aconteceu, como um bom ser humano mentirei para mim mesmo. A sala de minha casa está vazia, apesar de ser cedo meus pais não estão lá, coloco os filmes que já havia previamente baixado, não sou muito de filmes, mas eles são ótimos para quando não quero pensar em mais nada. Acabo dormindo na metade do segundo.
Ao acordar, procuro meu celular para ver que horas são e o mesmo está descarregado, coloco-o de lado, ao fazer, um arrepio passa pelo meu corpo, tem algo de estranho onde estou, que até o momento não havia percebido, não na casa em si, mas o clima, está frio e estranho, um frio diferente do comum, sinto-me sem ar.
- Pense racionalmente, não seja afetado por aqueles filmes de terror de baixa qualidade, temperaturas caem, não precisa surtar por causa disso – tento me acalmar, enquanto começo a tremer.
É assim que eu me convenço a desligar a televisão e ir para o quarto, ainda tremendo, mas sentindo que precisava agir; a cada passa minha carne fica mais gelada e meus dentes começam a bater, mas continuo andando, sempre andando em frente; com um sentimento que nunca chegarei em meu destino, e realmente, há algo de errado. O corredor está maior do que deveria.
Minha casa não é pequena, mas o conceito de uma casa de tamanho normal não inclui um corredor infinito, há algo muito errado em tudo, foda-se a racionalização, tem algo de muito errado aqui, coloco o dedo na boca e o mordo. Não estou sonhando, e isso é pior. Começo a olhar para os lados, procurando qualquer que possa me dar respostas do que está acontecendo, não encontro nada, apenas uma imensidão em formato retangular e mal iluminada, então, eu faço a única coisa que não tinha pensado, olho para cima e lá está, minha irmã com seus pés no teto. Caio de joelhos.
Minha visão não está me enganando, talvez a minha mente, mas o que vejo no teto parece real, teto este que é mais alto do que deveria ser, fato que deve ser o motivo de não ter reparado a estranho presença. Estranha não, é minha irmã que está lá, de ponta cabeça; com o mesmo vestido que foi sepultada, vestido esse que não está caindo junto a gravidade, ela está como antes, exceto por algumas coisas que mesmo a distância consigo perceber, sua pele está branca, ela já era branca, mas agora está pálida, como olhos virados e seu pescoço, em seu pescoço está a corda; a corda gasta e espessa, aquela que ela achou no galpão e usou para tirar sua vida, ela ainda está lá e e segue até o chão, onde se perde.
YOU ARE READING
Forge
ParanormalUm one-shot curto de uma história sobre o sobrenatural em nosso mundo, e alguém normal tentando lidar com isso.