Ruivo de farmácia e garota cachorro-quente.

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— Levanta, Eijiro! — Gritei, sacudindo com violência o maldito cabelo de menstruação. — KIRISHIMA! Seu maldito!

Preguiçosamente, ele se revirou de um lado para o outro na cama, ato que quase o fez cair no chão. Mas, para a minha infelicidade, ele não caiu, apenas se enrolou mais com os lençóis.

— Só mais cinco minutinhos, mamãe. — Pediu todo manhoso, e eu bufei irritado.

Agora me questiono se seria melhor ter dormido na minha casa mesmo. Pelo menos não estaria passando pela situação de ter que acordar alguém que parecia uma pedra.

Mas, não... eu tive que aceitar dormir aqui.

Kirishima morava com uma mãe solteira que se dedicava tanto ao trabalho, que não era muito presente na vida dele. Talvez eu não devesse ter aceitado dormir na casa dele ontem, porém ele insistiu muito para não ficar só, que acabei aceitando; além de termos ficamos muito entretidos no jogo novo que ele comprou, que não percebi a hora. Fomos dormir tarde da noite, sendo que teríamos escola no dia seguinte. Muito responsável, eu sei! Não dá 'pra esperar muita coisa de dois adolescentes de dezessete anos.

Ah, aliás, saí de casa sem avisar, só contei para minha mãe bem tarde da noite, ela deve estar furiosa uma hora dessas, mas o que não deixa a velha furiosa? Nada de anormal até aqui.

E aqui estou eu, tentando acordar o meu querido amigo dorminhoco que tem o sono tão pesado que parece que está em um coma profundo há dois anos, no mínimo. Sem falar que ele dormia com a boca aberta, falava dormindo e ainda babava no travesseiro como um bebezão, era hilário.

Já sem paciência, coisa com a qual sequer fui agraciado, usei de toda a minha força para derrubar o maldito cabeça de palito de fósforo no chão. Se isso não o acordasse, pegaria um balde de água fria e jogaria sem dó alguma nele.

Até que não era uma má ideia. Já economizava o tempo do banho.

— Por que fez isso? — Kirishima perguntou desgostoso, enrolado com o lençol e coçando os olhos com o dorso da mão. Finalmente a bela adormecida acordou! — 'Tá doido, cara?

— Eu fiquei te chamando muito tempo, mas parecia que você 'tava era morto. — Disse cruzando os braços. — Acho melhor você se apressar, porque daqui há quinze minutos o ônibus passa.

Os olhos dele se arregalaram em espanto, finalmente me fitando e notando que eu já estava perfeitamente arrumado para ir à escola, e ele lá... jogado no chão com remela nos olhos e o cabelo ruivo de farmácia parecendo um ninho de rato — ou coisa pior. Apontei para o despertador no criado-mudo que marcava 7:46, aquilo foi o estopim! Eijiro correu em desespero, tropeçando no lençol até o banheiro e se trancou lá.

Ri da cena, de certa forma, humilhante.

Decidi ir até à cozinha e tomar o café-da-manhã: cereal ou café era uma boa pedida, até porque é o máximo que consigo "cozinhar".

Pouco tempo depois um Kirishima exacerbado surgiu usando uma combinação de roupas que se chamasse de horrível, seria pouco ainda. Ele, com uma expressão confiante, encheu a boca com cereal e leite. Apesar da aparência ridícula, cara inchada de sono e cabelo encharcado de gel, engoliu a gororoba de uma vez só, e parecia muito animado com sabe-se-lá-o-que.

— Você 'tá parecendo um mendigo. — Zombei da cara dele, que sequer se importou, continuou comendo rapidamente quase se engasgando e, mesmo assim, aquele sorriso empolgado não desapareceu do rosto.

— Bom dia 'pra você também, brô.

— E precisa parar de usar essas porra no cabelo. — Disse em desdém, o cabelo dele estava pingando gel na mesa.

Little MysteryWhere stories live. Discover now