E X P D - 2020
Ruiz Victor
Projeto Secreto.
"Para todos os ídolos que eu já matei, para todos que questionam como vivemos, para todos
que não consegui dizer adeus".
Capítulo 1- A Carta de intimação.
O Som da chuva fraca, deixa o preparo daquele café ainda mais gostoso. Paulo encara pensativo o lado de fora, as muitas plantas ali do lado de fora são um privilégio absurdo de grande... Mas a que custo? A Lampada pisca ao lado iluminando sua pele negra com suas charmosas manchas brancas no rosto. Ele gira a lampada e seus braços criam gomos de músculo, e após ele acertar a lampada, ele puxa a cordinha ao lado a desligando. Se dirige até o fogão apagando o fogo que aquece o café, despeja o café na xícara escrito "Eu não estou morto" e seu olhar se satisfaz quando a fumaça do café sobe até suas narinas, o agraciando com o cheiro do bom e velho capucino. Ele deixa a bandeja do café na mesa atrás e verifica se deixou tudo nos conformes no corredor que vai ao banheiro no pequeno cômodo. Sobe a escada de madeira, calmamente, até mesmo cansado. E por fim, se senta na sua cama que fica bem ao lado da escada. Sua cama fica no chão em um colchão de madeira, em frente a uma janela onde ele pode enxergar bem as árvores do lado de fora. Ele dá um gole no café e então, puxa seu notebook ao lado, o abre e então, a grande luz branca bate em seus olhos. Ele se incomoda e diminui o brilho da tela, e do jeito que está... começa a gravar uma recordação.
-Elo! Cau Vau? Hoje foi mais um dia daqueles, daqueles bem rotineiros. Eles me pegaram de novo.-Ele dá os ombros de pois uma risada sem graça, um gole do café para lembrar que tudo está bem. Então uma lampada se ascende em sua cabeça.-Ah, por favor, se tiver um barulho de chuva no fundo eu peço desculpas de antemão. É que eu não posso esperar pra falar sobre minhas indignações.-Ele diz, então pensa um pouco e retorna seu olhar pra câmera.-Foi o mesmo de sempre, me chamaram de dálmata, que original. Eles me ameaçaram me dar uma punição mas já é a quarta vez que eles dizem isso, não dá nada.-Ele diz meio despreocupado.-Acontece que eu fui pelo menos o décimo sexto a entrar aqui, eu tenho muitas estrelas no meu perfil e eles não querem parar de movimentar isso. Mas sabe? As vezes eu me pergunto se tudo isso realmente tá fazendo sentido, nós já estamos aqui a dez anos mais ou menos, e é mesma coisa quase todos os dias. Eu me pergunto se a gente realmente ta vivo ou se...-Ele pensa um pouco. Outra lampada de ascende em sua mente.-Na verdade eu tenho a teoria de que tudo isso aqui é uma simulação e que lá fora tá tudo bem, o mundo não acabou de verdade e isso não passa um surto coletivo. Ah, outra coisa, mais um processo nas minhas costas do outro lá, mas a gente ta saindo na porrada com isso e uma hora dá em alguma coisa.-Ele toma o café e então decide que é suficiente por hoje.-To cansado, se você gostou então me dá uma estrela e se você não gostou, então entra na fila pra sair na porrada comigo mais vai ter que disputar com o outro lá. Ah, só mais uma coisa, se você acha que eu to ficando com olheiras você tá certo, eu não tenho dormido direito então eu durmo enquanto estou acordado. É o que todos estão fazendo. Tchau.
Ele desliga a câmera do notebook e aquela recordação vai direto pro seu canal. As estrelas começam a surgir quase instantaneamente após a postagem da recordação. Ele fica encarando aquelas estrelas, pensando onde estavam todas aquelas pessoas quando alguém se mete o otário com ele. As estrelas negativas também aparecem, e essas sim, essas estavam presentes todos os dias, presentes na ignorância de todos que cruzavam com ele. No fim das contas, o dia acaba mas os problemas não. E Por que isso valeria a pena? O Que Paulo Qualquer Coisa estava fazendo de sua vida? A Porta bate, mais ou menos três vezes até Paulo acordar assustado. Ele percebe que derramou café na própria cama pois dormiu com a caneca na mão. Ele revira os olhos e então se levanta as pressas pra atender quem estivesse na porta. Ele veste a camiseta branca de forma desleixada enquanto desce as escadas e então por fim, abre a porta. Uma garota de chanel azul é quem batia, ela usa cílios de gatinho. Ela sorri para Paulo, que boceja. -Eita laia, migo seu loko a gente ainda não é rico.-Nana, uma das colegas de trabalho de Paulo.-Puts, entra aí e...-Ele nem sabe o que ia dizer, ela apenas entra e olha em volta. -Finalmente você seguiu meu conselho de limpar essa casa, conseguiu rebocar aquela parede?-Ela pergunta enquanto entra, ele assente preguiçosamente. -Limpei a casa mas derramei café na cama, acabei dormindo com a caneca na mão.-Ele responde, Nana se vira para ele e cerra o olhar, apontando para ele como se ele tivesse aprontado algo.-Você ficou gravando vídeo de madrugada e é por isso que está com essa cara de sono.-Ela diz com tom de julgamento, ele solta uns risos e concorda.-Eu sabia, o que eu disse sobre isso? -Você viu o vídeo?-Ele pergunta. -Assim que acordei. Eu tinha esperança de você ter gravado pelo menos antes das meia noite. -Não, eles me soltaram só de madrugada.-Ele diz, então ele caminha pelo corredor indo até o banheiro. Nana procura algo na geladeira.-Amigo não é por nada mas já são nove e meia, você tá uma hora e meia atrasado. Eu vim aqui pra te buscar por que o chefe pediu então acelera aí.-Ela diz enquanto encara os produtos da geladeira.-Ai que legal! Você comprou aquela manteiga diet que eu te indiquei...-Achei uma porcaria de ruim, pode levar.-Amigo isso é ótimo, principalmente pro seu corpo. Eu vou fazer um café da manhã decente pra você por que ultimamente você só tem tomado café e comido hambúrguer.-Ela diz, coloca o café para esquentar e procura algo que preste para fazer de café para Paulo.Paulo e Nana trabalham juntos no departamento de ilustrações a muito tempo, eles são grandes companheiros. Paulo tem um dos canais mais famosos do Utupi enquanto Nana está no processo de ascensão.
YOU ARE READING
Projeto Secreto Colônia Vírus
Teen FictionE Se pra ser um cidadão registrado você fosse obrigado a ter um canal em uma rede social? E se sua condição de vida dependesse da maneira como sua imagem é atribuída em sociedade? Objetivos, adolescência, descobertas, distopia. No maior estilo de...