Sonhos, danças e presas.

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Você é a noite, e só a noite o compreende e o acolhe nos braços. Unido com as sombras. Sem pesadelos. Uma paz inexplicável.

Ela odiava sair na rua, isso era certo. Mia odiava andar pelas ruas estreitas e escuras da pequena cidade onde morava, sem contar os inconvenientes barulhos estranhos que ouvia conforme passava pela calçada de pedra. As vezes ela achava que estava sendo observada, mas torcia para apenas ser uma impressão.

– ... – Ela apertou a sombrinha amarela entre os dedos, olhando para todos os lados de forma cautelosa um tanto medrosa, se alguém se aproximasse Mia se contentaria em usar aquele objeto como arma. Céus, século 19 e não podia-se ter nem ao menos guardas na rua para proteger a sociedade?

Mia suspirou e ignorou os calafrios que passeavam por seu corpo, continuando sua caminhada interminável pelas ruas de Londres a noite. Fazia quase um mês que se mudara para aquela grande cidade da europa que trazia vida aos poemas e grandes histórias do lugar onde vivera. Ela se lembra que adorava sentar perto da lareira juntamente a sua mãe e ouvia as histórias da formosa Londres e como as mulheres vestiam longos da mais vistosa ceda e os rapazes abriam as portas dos lugares para suas damas passarem. Embora estivesse ali, não se sentia parte do coração de Londres, tão pouco de suas veias.. Sentia-se uma prisioneira. Uma prisioneira das decisões de seus pais, os grande Vouglorian dos quais insistiam que era totalmente inaceitável uma jovem de seus 16 anos não estar casada. Era para isso que estava ali, e teria que cumprir rigorosamente as decisões de seus amados pais, cumprir sua missão na terra: Se casar. Deveria ser por aquele "pequeno detalhe" que Londres perdera todo aquele brilho que um dia teve por ela.

— ...! - De repente um barulho de passos arrepiou cada fio do corpo de Mia, fazendo-a arregalar os olhos e se virar bruscamente para quem quer que seja, apontando a sombrinha.

Ninguém. Estava sozinha.

Talvez, apenas talvez esteja apenas imaginando coisas por conta do medo... O melhor seria andar mais rápido, e assim o fez. Mia sentia o coração mais apertado, afinal não conhecia aquelas ruas... Sabe-se lá o que teria ali? Ladrões, estupradores, assassinos... Céus.

-...! - Os passos novamente soam atrás de si e Mia decide não cometer o erro de olhar pra trás, apenas decide apressar ainda mais seus passos. Ela respira fundo, tentando se controlar.
Ela ousou ver as sombras ao seu lado e notou uma criatura esguia seguindo o mesmo caminho que o seu, andando calmamente atrás dela. Era certamente um homem, o que apertou ainda mais seu coração, porque sabia que ela vivia num mundo dos homens... Onde eles ou a maioria deles tinha poder sobre as mulheres e inclusive sobre seus corpos. Não era algo que ela diria em voz alta, até porque ela sabia as consequências de seus pensamentos... O pior era saber as consequências se continuasse com aquela corrida.
– ...! - Mia fechou os olhos por um momento, tentando ignorar aquele sentimento horrivel queimando em seu peito dizendo que ela estava em perigo e decidiu seguir seu caminho. Quem sabe se ela pegasse alguma outra rua, talvez onde ela pudesse gritar por ajuda ou se esconder....
Ela ouviu o estranho esguio aproximar ainda mais seus passos, ficando a poucos metros dela... E se gritasse por ajuda?!? Será que teria um fim diferente?!?
– ...! - A garota gritou quando o rapaz tocou em seu ombro e a primeira coisa que fez foi bater em sua cabeça com a sobrinha, ouvindo seu grito.
— AhHHH!! - Ele gritou de dor, tocando sua cabeça, e isso foi o suficiente para Mia sair correndo, desesperada.
– ...!! - Ela olhou para trás e viu o suposto agressor (e talvez agredido) correr atrás da mesma, ele a estava perseguindo! Era obvio, com certeza se tratava um monstro que deixaria completas marcas em seu corpo...
— SE AFASTE DE MIM! - Ela gritou, sentindo às lagrimas inundarem seu rosto e o medo crescente queimar abundante em seu coração. Mia ergue as saías para ter facilidade ao correr e vira a rua, entrando infelizmente num beco sem saída. Ja imaginava a dor de seus pais de encontrar seu corpo morto de manhã, completamente frio e cheio de marcas.... Não queria morrer, tinha tantas coisas que queria fazer, tantos lugares que queria conhecer, e céus, ela nunca amou ninguém! Ai meu Deus!

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