Há algo especial sobre o primeiro amor. Hayley sabia disso pelo formato que a boca de Alyssa fazia quando elas comiam pêssego, o suco descendo pelo queixo até parar no decote. Pelo ângulo que a saía rodada de Aly voava quando ela dançava solta, o sol batendo no rosto, rindo para ela despreocupada, o verão de 40 ° graus esquentando seus corpos até entrarem em combustão.
Tudo nela era perfeito: O cabelo loiro escuro cheirando a jasmim, os dentes brancos tortos em cima, o jeito que seu corpo esguio se encaixava no de Hayley quando elas dividiam a mesma cama.
Começou como geralmente começa: Um dia Hayley olhou para Alyssa tempo o suficiente para se perder nos seus olhos, no canto de sua boca, nas curvas de seu corpo.
Hayley era a artista e Alyssa sua Musa: Ela podia admira-lá o dia inteiro.
Se Hayley soubesse que ia beija-la três noites atrás, teria se preparado melhor. Mas quando a garrafa girou em sua direção e Aly sorriu dando de ombros: "Por que não?", tudo o que ela sentiu foi surpresa. Porém, se fechasse os olhos, conseguia se apegar aos detalhes: A boca macia e quente, o encaixe perfeito, a língua provocadora e certa.
Elas não falaram sobre isso depois. Jovens bêbados bagunçam em festas, não havia nada demais.
Até hoje.
O primeiro dia no Acampamento de Química da Universidade tinha sido como elas imaginaram: Muita festa, muita bebida, rodas de fogueira, uma aposta embriagada: Quem tem coragem de entrar nu no lago?
Alyssa foi a primeira a arrancar as roupas e pular na água. Hayley agradeceu silenciosamente pela visão do paraíso e logo depois entrou também.
Na escuridão a música alta e a excitação as melhores amigas de Hayley, que quando parou de gargalhar percebeu que algo havia mudado: Aly e ela já tinham tomado banho juntas, flertado de brincadeira juntas, risinhos na madrugada e segredos no cobertor. Mas Aly nunca a olhara como fazia agora, embaixo da luz da lua cheia. Uma chama se acendeu dentro dela: Não podia continuar ali. Correndo, saiu do lago, as roupas na mão, em direção a cabana que dividia com a amiga.
Assim que fechou a porta e jogou as roupas no chão, respirou fundo. Se Hayley era a tocha e Alyssa o fogo, todos terminariam queimados.
Ela levou um susto quando a porta de madeira rangeu atrás de suas costas.
Alyssa também estava assustada, molhada e nua... Mas deu o primeiro passo.
Dessa vez, quando o beijo chegou, Hayley sabia que guardaria esse momento para sempre.
- Eu precisava saber. - Alyssa sussurrou, com urgência, quando suas bocas se desgrudaram. - Queria ter certeza que não era criação minha. Que eu não estava ficando louca.
Hayley respondeu a beijando de novo, dessa vez menos gentil, mais rápido, com força. Quando Alyssa caiu por cima dela na cama e começou a morder sua orelha, ela se perguntou como poderia ter enganado a si mesma por tanto tempo: Nada nunca tinha sido tão bom quanto isso. Aly sabia exatamente o que fazer, abrindo o caminho entre suas pernas, a língua perseguindo seu pescoço, os seios, beijos corridos descendo pela virilha, fazendo Hayley gritar de prazer.
- Shii. - Aly pôs as mãos nos seus lábios, rindo maliciosamente. - Vão nos escutar.
Mas Hayley não se importava. E agora era a vez dela. Quando começou a percorrer o corpo de Aly com a língua, o sal do suor juntando as duas, se sentiu completa como nunca antes.
"Aquilo não era o paraíso - pensou, se lembrando da sensação que sentiu ao correr sem roupa com Aly para o lago. - Isso é."
O instinto a guiou até as pernas de Aly, que não ofereceu resistência nenhuma para abri-las, a convidando, molhada e pulsante, e ela foi com sede. O calor da sua boca percorrendo a parte mais íntima do corpo de Alyssa era estuporante, os gemidos sofridos implorando para que continuasse. Hayley se levantou, encaixando-se em Alyssa e quando os dois sexos se juntaram, ela sentiu que estava completa. O cadenciado movimento indo e vindo, os sons de prazer na escuridão, o gozo chegando ao mesmo tempo para as duas, como uma avalanche.
Quando terminaram, Hayley se deitou no abraço de Aly, que beijava seu pescoço, suas costas, seios e bochecha.
- Que sorte temos, não acha? - Ela sussurrou no ouvido de Hayley, ainda sem acreditar na felicidade do destino. - Que eu ame você e você me ame de volta.
- E que nós duas somos tão boas na cama. - Hayley sorriu.
- É, isso também não é nada mal. - Alyssa concordou, apertando mais o abraço.
Aquele era seu paraíso: Não tê-la uma vez, mas tê-la para sempre. E Hayley podia viver o resto dos seus dias nele.

YOU ARE READING
Paraíso Salgado. (Conto)
RomanceHayley e Aly são amigas de infância e estão acostumadas a fazerem tudo juntas. Mas será que se apaixonar também está na lista? O sentimento já vinha crescendo há tempos, mas desde que beijou sua melhor amiga, Hayley não consegue mais pensar em outra...