Alohomora! Uma História de Magia - O Estudante Misterioso (Temporada 1)

Capítulo 1: Férias conturbadas

O dia nascia mais uma vez no Rio de Janeiro, carinhosamente conhecido como "cidade maravilhosa". Os raios de sol atravessavam as poucas nuvens de um céu azul enevoado e entravam pelas persianas das janelas, tocando o rosto amarrotado de Sarah.

A menina continuava deitada de bruços, seus cabelos loiros cobrindo-lhe o rosto, sendo a única razão para que não se incomodasse com a claridade do dia invadindo o quarto e iluminando sua estante de livros e os quadros nas paredes com figuras mais velhas dormindo apoiadas nas próprias molduras. 

-Ei, dorminhoca- Chamou alguém em uma voz alta demais- Vai hibernar, é?

Sarah Kaeli resmungou algo antes de abrir os olhos e visualizar, após alguns segundos embaçados, o rosto de Camila sorrindo para ela como se estivesse acordada há várias horas.

Foi só neste momento que a garota se lembrara que passara a noite na casa da amiga. Camila era sua melhor amiga desde os cinco anos de idade e era comum uma dormir na casa da outra.

−Bom dia− Disse Sarah com uma voz tão grave de sono que chegou a tapar a boca com as mãos, surpresa. Olhou para o relógio na parece e viu que já passava das onze da manhã.

Camila deu uma risadinha enquanto ajudava Sarah a dobrar os lençóis. Sarah percebeu que a amiga já havia tomado banho e estava muito perfumada. Isso a fez se sentir muito mal por se mostrar tão desleixada na casa dos outros. O que seus pais diriam se a visse acordando as onze da manhã na casa de outra pessoa?

−Eu sei o que está pensando e não seja boba− Disse Camila interrompendo seus pensamentos neuróticos− A gente se conhece há muito tempo e você já dormiu aqui mais vezes do que sou capaz de contar. Eu sei que você não é fã de acordar cedo, ainda mais nas férias e isso não é problema algum. Não precisa se sentir mal com isso, tudo bem? Até porque, eu já paguei tanto mico na sua casa que nunca você chegará perto de bater o meu recorde.

Sarah não precisou de esforço para se lembrar dos tais micos que a amiga falava. Camila tinha uma fama de atrapalhada, pois sempre tropeçava, derrubava objetos, confundia pessoas e nomes... Entre outras coisas.

As duas riram e souberam instantaneamente que pensavam na mesma coisa: há dois anos, quando ambas as famílias estavam reunidas para celebrar o natal, Camila foi querer fazer bonito e ao ajudar com o pernil, se desequilibrou e escorregou no piso liso por todo o corredor, tentando equilibrar a bandeja quente até que não aguentou mais e a lançou para o teto, fazendo o pernil ficar pendurado no lustre.

Camila podia jurar que até hoje, sempre que ia na casa da amiga, notava os olhares das pessoas em volta seguir discretamente para o lustre.

Sarah se olhou no espelho da cômoda e quase levou um susto com sua aparência. Seus cabelos estavam embaraçados e seus olhos azuis estavam cercados de olheiras, dando a impressão de que não dormia há dias.

−Minha nossa− Resmungou, enquanto tentava desembaraçar seu cabelo com a escova da amiga− Eu estou péssima.

−Verdade, amiga− Concordou Camila, com um sorriso alegre e sem maldade. Outra marca registrada da garota era não ter o mínimo jeito de animar alguém, especialmente durante uma crise de beleza− Ah, mas se isso te incomoda... Ao menos, tem sorte de que as aulas não voltam hoje e o Max não vai te ver assim.

Sarah concordou calada e sem perceber, deu um sorrisinho.

Max era um garoto que estudava com ela há quase três anos, mas que apenas se falavam o essencial e, embora Sarah mantivesse uma queda por ele, precisava dividir seu amor platônico por outras várias garotas que tinham uma queda por ele.

−O Max é tão desligado que nem assim ia me notar− Queixou-se Sarah indo para o banheiro do quarto de Camila.

−Isso não é verdade. Você está com uma cara horrível, amiga. Certamente ele ia te perceber, sim− Disse Camila em um tom que parecia que ela tinha mesmo a intensão de fazer Sarah se sentir melhor, mas mal percebera que falhara terrivelmente.