Todas as vezes que eu olhava pela janela, pensava a mesma coisa...porque eu tive de tirar uma vida para entrar no mundo?










Eu estava na varanda sentada na cadeira de balanço, olhando para a floresta que fica em frente a minha casa, apenas relaxando tranquilamente.

Foi quando senti meus olhos pesando e eu resolvi entrar, mas antes disso acontecer eu senti um frio na espinha, e quando olhei pra trás vi um vulto atrás da árvore.

Eu dei dois passos na direção da floresta, a curiosidade em minha mente ficou aguçada, mas algo me tirou a atenção

-Lys! Almoço!

Meu pai.

-Tudo bem...já vou

E olhei novamente para a floresta...nunca senti curiosidade nela, mas hoje algo parece me atrair pra lá, como se alguém estivesse me chamando para adentrar e me aventurar no meio de suas árvores. Não posso negar que senti um pouco de medo, mas a curiosidade se tornou maior.

Fui até a cozinha onde meu pai estava. Nossa casa era pequena então não demorou muito pra isso.
Meu pai parecia perceber que eu estava distante.

-Tudo bem Lys?

Ele tocou em meu braço enquanto sentava ao meu lado na mesa.

-Tudo sim pai, estou apenas com fome

Eu disse sorrindo.
Eu amava muito o meu pai, ele cuidou de mim depois da morte de minha mãe e eu imagino que não deva ser muito fácil cuidar de um bebê sem ser sua mãe. Por isso eu cuidava muito dele e prestava atenção em sua saúde, seu peso, e tudo mais. Eu o amo demais.

-Lys...eu vou ao banco quando acabar de comer, cuida da casa?

Minha mente pensou em apenas uma coisa...floresta

Eu teria tempo para ir lá e voltar como se nada estivesse acontecido.

-Sim, claro pai, eu olho a casa sim.

Ele abre um sorriso, e isso me deixa muito feliz.

-Muito obrigado filha

-De nada pai.

Depois disso nós almoçamos, eu até fiz meu pai descansar um pouco, e depois ele saiu para poder ir ao banco.

Eu fui até a varanda depois de 10 minutos após a sua saída para conferir se ele já tinha saido.
Eu olho para os lados e não vejo o meu pai.

Perfeito, vou ir até a floresta, conferir o que está lá e voltar como se estivesse em casa o tempo todo -penso comigo mesma.

Tranco a porta de casa colocando a chave dentro do bolso da minha calça e vou em direção a floresta.

Ouço sons de folhas e galhos se balançando na direção do vento. A tarde esse lugar até que é bem bonito.
Quando de repente eu escuto um som de passos na direção oposta a que eu estava.

Me viro devagar e começo a seguir o som da forma mais silenciosa possível.
A minha frente os passos aumentaram o ritmo, então dive de acelerar o meu também. Eu segui os passos até uma espécie de muro feito por árvores.

Uau, parece que tem algo que a floresta quer proteger ali atrás...penso

Quando eu vejo o dono das pisadas que estava seguindo um susurro sai de mim

Pai...

Eu não acredito, ele me disse que ia no banco, por que iria mentir pra mim? O que ele estava escondendo?
Essas perguntas rondavam a minha mente e eu não podia acreditar no que meus olhos viam.
O homem que cuidou de mim minha vida inteira, que me ensinou a sempre contar a verdade, a nunca mentir pra ele e sempre confiar nele como ele confia em mim, havia mentido pra mim.
Ele descumpriu uma ordem que ele mesmo me deu.

Eu o vejo se aproximar das árvores que formavam o muro e sumir dentro dela, como se tivesse sido sugado por ela.

Me assustei a principio, mas resolvi ir até lá ver o que havia acontecido com o meu pai.
Me aproximei aos poucos e com um pouco de medo. Hesitando eu coloquei uma mão na árvore e nada aconteceu.
Eu achei que estava ficando doida ou alucinando algo, mas, eu senti uma vibração muito alta em minha mão e logo depois uma onda, mais parecendo um choque, me empurrou para trás, me fazendo bater a cabeça em uma árvore e cair no chão gelado daquela floresta.
Minha visão foi escurecendo aos poucos, mas antes de fechar os meus olhos eu vi alguém sair novamente do muro de árvores e apenas chamei...






Pai...
















:*

A GuardiãOnde histórias criam vida. Descubra agora