Capítulo cinco - Decida sarar

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"Doeu mas não morri, sofri mas sobrevivi, fiquei mais forte, aprendi. Deus pode curar qualquer ferida e como todo sobrevivente, estou dando mais valor à vida..."

- Marcela Tais

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As experiências que obtemos ao longo da vida, sejam elas boas ou ruins, exercem grande influência em nosso caráter, em como tratamos as pessoas, a maneira em que vemos o mundo, como gerenciamos situações e, qual postura adotamos mediante determinados assuntos. Nossas ações e reações dizem muito sobre nós. Somos como esponjas, absorvemos vivências e informações desde a mais tenra infância. Tudo está muito bem registrado em nossas memórias, até o que não gostaríamos de lembrar, ou melhor, se pudéssemos apagar nossas angústias, mas não podemos. Somos moldados pelas circunstâncias, em vista disso, podemos, e, devemos intervir, digo, temos a capacidade de crescer em meio a dor. Optar por isso é essencial para o protagonismo de nossas histórias.

Certa vez, meu gato, o qual carinhosamente dei o nome de floquinho, brigou com um certo gato de cor preta e cara de malvado que estava rondando pela vizinhança. Floquinho, bastante peludo e branquinho, levou uma surra do então gato mau encarado. Pobre floquinho, ficou todo sujo de lama e teve que tomar um belo banho.
A princípio, parecia estar tudo bem com o mascote da casa, eu e minha mãe constatamos que embora ele tivesse apanhado muito, não havia, aos nossos olhos, ferimento algum. Não o levei ao veterinário por falta de profissionais que cuidassem de animais na pequena e interiorana cidade de Muaná, minha cidade. Dois dias depois, floquinho não queria comer. Não queria brincar. Notamos que ele estava mancando, sua pata esquerda dianteira estava inchada. Providenciamos remédio para reduzir o inchaço, mas aconteceu que uma ferida imensa se abrio no local. Lembro - me de fazer vários curativos, no entanto, floquinho não queria nem que chegássemos perto dele para tomar os cuidados necessários, em vez disso, se afastava, enquanto a ferida ficava cada vez maior.

Muitas vezes adquirimos certas feridas que, o tempo passa, a vida segue, mas elas continuam lá, ainda causando dor e encômodo. Mesmo assim corremos para longe do tratamento. Preferimos esconder o machucado dos outros e de nós mesmos. Pode se tratar de traumas na infância que nunca foram trabalhados. Ou a perda de um ente mui querido, que exercia um papel crucial em sua vida. Talvez você tenha passado por uma humilhação pública e nunca superou isso. Talvez seu coração tenha se despedaçado em mil pedaços quando seu relacionamento acabou e você foi deixado para traz. Pode ser o caso de alguém que tenha crescido em um lar desestruturado onde, inúmeras vezes, presenciou o pai ou padrasto bêbado chegando em casa altas horas da noite agredindo mãe e filhos. Talvez tenha sofrido abusos sexuais, privações na infância, negligência, violência psicológica, mas nunca conversou sobre seus medos com ninguém. O fato é que existem becos escuros no coração que precisam urgentemente ser iluminados. O que quero dizer é que feridas expostas correm um sério risco de serem saradas quando expostas ao remédio certo. Mas para que isso aconteça, é preciso trazer para fora o que está escondido nas mais remotas lembranças. E como se faz isso?

"Venha a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso". Mt: 11. 28 ( Nova Versão Internacional)

Desabafar com Deus sobre nossos piores fantasmas traz, sem dúvida, alívio para nossas almas, afinal, Jesus entende cada palavra, cada lágrima, até o silêncio, caso não consigas falar. Além disso, Ele quer dar descanso, se com sinceridade você convidá-lo para entrar em seu coração. Após isso, se sentires necessidade, converse sobre seus problemas com alguém de confiança, que esteja disposto a ouvir e ajudar. Quando você conversa, você está, não apenas desabafando e buscando ajuda, está se ouvindo também, isso diminui a tensão, os gigantes que estão em sua cabeça se tornam anões quando traduzidos em palavras.

Imagine comigo a seguinte cena;
um elefante preso a uma corda. A corda está amarrada a uma cerca. Este elefante está lá porque o fizeram acreditar que a corda que o mantém alí é superior. Não pode correr. Foi acostumado desde pequeno com a ilusão de que a corda é mais forte. Porém, se o elefante soubesse a força que tem, decerto, daria um solavanco
arrebentando a corda e, consequentemente, correria para a liberdade.

Você tem duas opções, continuar escondendo suas feridas fingindo que está tudo bem, ou, aceitar que Jesus tem o poder de curar e aliviar seus fardos, libertando você da dor. Caso você escolha a segunda opção, tenho que lhe dizer que a cura vem, e com ela também vem a maravilhosa possibilidade de curar outras pessoas através das marcas e cicatrizes. Isso é libertador. Mostrar nossas cicatrizes nos torna seres humanos mais empáticos e altruístas, com total capacidade de sentir a dor do outro.

 Mostrar nossas cicatrizes nos torna seres humanos mais empáticos e altruístas, com total capacidade de sentir a dor do outro

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Ei, quanto tempo mais você vai querer andar com sua alma enferma?

Até quando você irá fugir de si mesmo?

Saiba que Deus pode fazer coisas boas à partir do caos. Ele pode fazer brotar flores no deserto da solidão. O lugar onde você foi machucado será um manancial de cura para sarar outras vidas. Seja um condutor do amor, carregue paz em tuas bagagens e compartilhe-a com teu próximo. Dê a alguém encorajamento para seguir em frente. Empreste teus ouvidos a quem só precisa desabafar. Transmita alegria. Quando você tomar a bela atitude de ajudar alguém, o bem voltará em dobro, e o que um dia doeu demais, se tornará uma ferramenta poderosa para salvar vidas.

Você decide sarar ou sangrar.

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