Capítulo 1

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Era uma noite fria em Janeiro e Chanyeol andava pelas ruas sem rumo, ele estava quebrado de todas as formas possíveis. Não se lembrava exatamente de quando as coisas começaram a dar errado em sua vida, mas tinha uma ideia. E isso, é claro, era culpa de vários acontecimentos ruins que o levaram a pensar que não havia mais jeito. Afinal, também pudera! Ele não sabia mais o que era felicidade, não sabia o que era dar um sorriso sincero, não sabia o que era viver, ele apenas... existia.

Chanyeol suspirou enquanto se encostava em uma grade em frente ao Rio Han. Era seu aniversário de 26 anos e, mais do que nunca, queria apenas sumir. Não tinha amigos para comemorar e estava cansado de sentir pena de si mesmo. Quando tinha 16 anos, sua mãe morreu em um acidente de carro e ele foi obrigado a morar com o pai novamente, um indivíduo prepotente e que não tinha nenhum amor pelo filho.

O pai de Chanyeol era um homem de dinheiro, dono de uma rede de hotéis bastante conhecida e, tendo seu filho novamente embaixo do seu teto, viu a oportunidade perfeita de transformá-lo em uma cópia de si mesmo, coisa que o rapaz não passava nem perto de ser. Havia puxado a mãe, uma mulher humilde e de bom coração, que não media esforços para alegrar aos outros e dava um amor incondicional ao herdeiro.

O casamento dos pais não havia dado certo. Se casaram muito cedo, graças à paixão avassaladora, mas o dinheiro corrompeu o homem bom que ali existia e, com o tempo, se tornaram o oposto um do outro. O velho Sr. Park queria que o filho seguisse seus passos, exigia dele coisas que Chanyeol odiava. A a Sra. Park Dahye sempre ia a favor do filho, o defendendo em tudo, o que acarretava longas brigas entre o casal enquanto o pequeno ficava encolhido em seu quarto, chorando.

Por essas e outras, não foi novidade quando, aos 11 anos, os pais anunciaram a separação e Chanyeol preferiu partir com a mãe. Ele evitava ficar com o pai, e este também pouco o procurava, só quando precisava mostrar o filho para os amigos ricos em eventos. Ainda assim, quando Chanyeol se assumiu gay aos 15 anos, Sr. Park cortou qualquer contato com o filho, que, por sua vez, não se importou nenhum pouco.

A notícia de sua sexualidade foi bem aceita por sua mãe, que continuou dando seu amor incondicional ao menino. Mesmo desejando que a vida tivesse sido um pouco diferente, ela sorria todos os dias e demonstrava ser superior a tudo que tentava colocá-lo pra baixo. Assim, quando sua mãe anunciou estar namorando, Chanyeol ficou feliz por ela, a incentivava, dizia  que merecia viver novamente, que ainda era uma mulher nova e que precisava ser feliz e ter um relacionamento.

O namorado de sua mãe, por sua vez, também era um cara legal. Haviam se visto poucas vezes, mas Chanyeol sabia que ele a fazia feliz. Por isso, sempre que o casal saía, ele ficava com a tia, irmã mais nova de sua mãe, e esses, ao menos em sua opinião, eram os melhores e mais engraçados dias - já que ela o mimava e fazia todas suas vontades.

Chanyeol apenas não esperava que, em uma dessas noites, todos seriam acordados com a notícia de que Dahye havia falecido em um acidente de carro enquanto voltava para casa. E, com isso, o menino que sorria a todo momento foi, então, deixando de existir aos poucos. Ao morar com seu pai, Chanyeol foi obrigado a se afastar da família materna, os anos foram se passando e ele apenas seguia os planos que Park tinha para si, aceitando tudo sem contestar enquanto caia mais fundo em sua tristeza.

Apesar de tudo, achava ser melhor assim. Foi deixando seu verdadeiro eu de lado e vivendo uma vida que não gostava, os poucos amigos que fez eram considerados inapropriados e, assim, sempre era forçado a mudar de escola. Nem sua graduação pode escolher, pois seu pai apenas disse que faria administração. Tinha que aprender a lidar com os negócios da família para substituí-lo em um futuro próximo, ele dizia.

Além disso, Chanyeol ia a encontros às escuras com mulheres e fora imposto a um casamento heterossexual que deveria se submeter antes de assumir a empresa. O que poderia fazer? Não havia saída. Ao menos, acreditava que se fizesse tudo como seu pai queria, poderia ter controle de algo no futuro. Que ironia!

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