Faltavam 3 horas para eu levantar e começar mais um dia, trabalhando na loja de calçados. Minha cabeça ainda não se recuperara do forte cheiro de cola e ainda por cima tinha que lidar com a morte da minha família.
Tudo começou com o meu irmão quando tinha 6 anos, pegou o vírus da varíola na escola e teve que ficar trancado no quarto para não contaminar o resto de nós, mas meu pai não aceitou que ele ficasse sozinho e sempre estava lá fazendo companhia a ele.
Três meses depois, meu irmão morreu e foi horrível ver minha mãe se culpando por não ter ficado com ele e eu me culpei por tê-lo levado a escola, mesmo sabendo de alguns casos da doença. Meu pai não quis mais sair do quarto e um ano e meio depois morreu com a mesma doença.
Com tudo isso acontecendo, minha irmã ficou revoltada e decidiu que, quando terminasse os estudos básicos, iria estudar medicina e acabaria com a varíola. Então em 1936, foi aceita em Harvard para cursar enfermagem.
Infelizmente, neste mesmo ano, minha mãe faleceu de câncer.
Então agora sou somente eu, vou e volto do trabalho todos os dias com a cabeça e o coração doendo. "Isso foi profundo."
O despertador tocou e fui para a cozinha tomar uma xícara bem quente de café. Saí na varanda e estava chovendo...
- Belo dia para ficar doente também!
Entrei, fui me vestir e arrumar o almoço para levar. Duas horas depois, entrava na loja e me deparava com o Sr. Barnes desesperado.
- Creio que hoje não é um bom dia. O que houve?
- Ladrões! Ladrões roubaram nossos estoques!
- Como assim Sr. Barnes? – fui andando até a parte detrás da loja e realmente sobraram dois pares de sapatos. "Talvez não fizessem o estilo dos assaltantes."
- Não se preocupe, iremos recuperar os sapatos. Mas de verdade senhor, poderiam ter levado as colas também...
- Olha aqui Anthony, não me venha com piadas neste momento ou te boto no olho da rua! – disse ele irritado.
- Tudo bem, tudo bem. Se acalme. Vamos ao trabalho.
E então demorei duas semanas para recuperar o estoque e ver o Sr. Barnes rir de alguma piada minha novamente.
Minha vida foi um tédio até o dia 15 de julho de 1940 quando ouvi sobre a guerra no exterior. Fiquei animado com a chance de poder fazer outra coisa além de colar solas.
Fui ao quartel saber mais informações, se talvez iriam recrutar pessoal para ajudar, porém o oficial não me deixou entrar, disse que os Estados Unidos admirava meu patriotismo, mas que era para torcer para que não precisássemos enfrentar a guerra.
Segui de volta para a vida normal, até que um dia naquele mesmo ano, entrou na loja a garota mais incrível que eu já tinha visto.
- Boa tarde senhorita – eu disse animado.
- Boa tarde, gostaria de um par de sapatos vermelhos. Quais o senhor tem a mostra?
- Bom, dessa cor, tenho três modelos diferentes. Espere um instante.
Fui até o estoque com o coração dando voltas de alegria, além de linda, tinha uma voz espetacular.
Quando voltei, ela estava olhando outros pares e me disse:
- O que quis dizer com "dessa cor"?
- Ora senhorita, nada. É que pouquíssimas pessoas vem comprar sapatos vermelhos.
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História sem título ainda
ActionEstou disponibilizando o prólogo e o primeiro capítulo do meu livro para que opinem sobre o mesmo. Devo continuar a história?