Mais um dia estressante chegando ao fim e Marcos mal podia esperar para chegar em casa, beijar sua linda esposa e aproveitar seu delicioso jantar. Já era noite, e a penumbra se lançava na mal-iluminada Avenida Brasil. A movimentação de veículos era constante, mesmo naquele horário. Muitos trabalhadores voltavam para suas casas.
Marcos ainda não acreditava que essa era a sua primeira noite como gerente-executivo, um cargo de respeito e grande responsabilidade dentro da empresa. Foram anos de trabalho, suor, e um pouco de puxa-saquismo para chegar lá.
"Tudo isso finalmente valeu a pena. Agora posso sair do aluguel e comprar uma boa casa. A vida enfim sorriu pra mim." – pensou Marcos.
Despercebidamente um farol iluminou seu rosto e, quando olhou para o lado, viu um caminhão em alta velocidade cortando perigosamente da pista da esquerda para a pista da direita, bem na sua frente.
Instintivamente, Marcos pisou no freixo e jogou o carro para a esquerda, tentando não encostar no caminhão. Seu coração acelerou, o cheiro de pneu queimado subiu e o barulho da mureta do acostamento raspando no metal era ensurdecedor.
Por um triz os veículos não se chocaram. Agora, parado no canto da avenida, Marcos descia do carro ainda trêmulo e tonto.
Então gritou :
— FILHO DA PUTAAA... pé-rapado do CARALHO...
O caminhão não parou, e foi embora como se nada tivesse acontecido. Indignado, Marcos retornou para seu carro, viu que ele estava todo arranhado e amassado do lado que encostou na mureta. Decidiu esquecer tudo aquilo já que o mais importante era estar vivo e chegar bem em casa.
— Finalmente em casa. Suspirou profundamente. Limpando uma grossa linha de suor no rosto.
Era uma casa simples de dois quartos, localizada no bairro de Bonsucesso, Zona norte, e de classe media. As paredes precisavam de um retoque na tinta, assim como o teto com acabamento de madeira precisava ser trocado por causa das goteiras.
Marcos, ao entrar dentro de casa se deparou com sua esposa esperando-o na sala. Ela estava pálida, suava e parecia nervosa.
— Oi Amor.. Aconteceu alguma coisa? – Perguntou Marcos.
— Nada... eu... só... estava preocupada... com a sua chhhegada.. Você demorou um pouco. – ela respondeu.
— Ahh.. Não consegui te ligar, fiquei abarrotado de tarefas e relatórios na minha mesa. Foi uma loucura! E para completar algum babaca quase bateu no meu carro, vou ter que leva-lo amanhã no mecânico.
— Mas, agora estou aqui, do lado da minha amada esposa e, pelo cheiro, vejo que o jantar já está pronto. – Completou Marcus com um sorrisinho.
Marcus deu um beijo na sua esposa, mas foi um beijo tão seco que ele achou estranho. Resolveu que iria tomar um banho e ver se sua esposa mudava de humor durante o jantar.
— Amor, vou tomar um banho e trocar de roupa para podermos jantar. Ok? – Perguntou Marcos.
— Claro Amor... pode ir.
Marcos foi tomar seu banho, trocar de roupa e voltou na sala para jantar. A mesa já estava feita, com pratos de porcelana, e toda a comida foi colocada em grandes jarras azuis. Macarrão com almondegas, seu prato favorito.
-Agora me sento mais leve. É meio estranho, a água do chuveiro estava muito fria. Depois temos que trocar esse aquecedor – comentou Marcos.
— Deve... ser.. problema na fiação, Marcos.
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A Primeira Noite
ParanormalUm homem comum, vai para casa depois do seu primeiro dia de trabalho como novo Gerente. Mas, ele sente que tem alguma coisa errada e as coisas ficam cada vez mais estranhas quando ele conhece um sujeito chamado João.