8 - Prima-irmã

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Na manhã seguinte, Yumi foi acordada pelo despertador do celular que marcava 8h da manhã. Levantou, ainda com cansaço, e olhou-se no espelho. Na noite anterior, após ouvir a história de Madame Kim sobre Taehyung, Yumi decidiu que, antes de ir para o trabalho, iria para a fazenda do tio. Não sabia o que encontraria lá, mas de duas, uma: ou acharia Taehyung por lá ou ficaria mais perto das lembranças do tio, e as duas coisas eram conquistas. Trocou de roupa com rapidez e minutos depois já estava no carro dando partida. O enterro do tio tinha sido na fazenda, então sabia muito bem chegar lá.

Não era muito longe da cidade, então, uns 20 minutos depois, ela avistou a pequena casa de tijolos no fim da estrada com uma cerca de madeira ao redor. Estacionou o carro antes da cerca e entrou nos limites da fazenda. Bateu na porta por alguns segundos, mas nada de alguém atender. Continuou batendo por cerca de dois minutos, até que uma figura masculina surgiu de trás da casa, assustando Yumi.

— Quem é você? — Perguntou o homem com uma voz firme.

Passado o choque inicial, Yumi reparou no homem à sua frente. Ele era alto, bem magro e parecia fraco. Seus cabelos eram castanhos e tinha mechas verdes quase invisíveis.

— E-eu me chamo Yumi.

— Não conheço nenhuma Yumi. Vá embora! — Respondeu ele, virando de costas para voltar de onde tinha vindo.

— Espera, Taehyung! — O chamou e ele se virou lentamente.

— Como sabe meu nome? Quem é você?! — Ele ficava irritado.

— Eu sou sobrinha do seu pai, sua prima! — Disse ela com um sorriso forçado. — Não sabe mesmo quem eu sou?

Taehyung paralisou, não sabia o que responder. Ele a fitou por alguns segundos, analisando a garota e a situação.

— O que veio fazer aqui? — Perguntou ele, por fim.

Yumi sentiu-se decepcionada. Esperava que, quando encontrasse o primo, eles teriam uma longa conversa divertida sobre a vida do tio e suas façanhas.

— Eu vim conversar com você. — Respondeu ela, sem graça. — Conversar sobre meu tio...

— Ah, entendi. — Ele soltou uma risada debochada. — Você quer falar sobre o meu pai morto?!

Yumi sentiu uma pancada no peito. Por que sempre que tentava falar com algum homem daquele grupo era tratada dessa forma? Se sentia cada vez mais culpada por estar sendo insensível.

— E-eu só pensei que... como somos família... tipo... — Ela gaguejava envergonhada. — podíamos falar sobre o que aconteceu e... superar o luto juntos.

— Dispenso. — Respondeu. — É só que eu não quero comentar com uma estranha sobre meu pai que está neste momento debaixo da terra.

A culpa de Yumi passou em um segundo para raiva. Como ele podia estar falando assim do próprio pai?

— Eu sou sua prima! — Esbravejou ela. — E eu também perdi ele, okay? Não foi só você que perdeu alguém importante! Ele era um pai para mim.

— Desculpe? — Taehyung riu. — Você está dizendo que meu pai era um pai pra você? Você foi criada por ele por literalmente só três anos.

— Não menospreze isso! Você não entenderia.

— Não mesmo! Como uma garota chega aqui, fala que considera meu pai o pai dela e eu nem ao menos a conheço?

Yumi não soube o que falar. Não a conhecia? Isso quer dizer que o tio nem ao menos a mencionava? Taehyung percebeu o silêncio da garota e todo seu semblante de fúria começou a cessar e ele abaixou a guarda.

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