Capítulo 31 - Silêncio!

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Me remexo desconfortável. Pego mais um livro do carrinho e o limpo.

Depois do pequeno "surto" de Noah, o Inspetor apareceu e nos deu uma bela bronca. Nossos professores não aceitaram o atraso e fomos mandados para a biblioteca, ajudar na limpeza e organização de alguns livros que estavam guardados no depósito.

Afasto meu rosto com a mão e espirro pela quinta vez seguida em apenas dois minutos. Fala sério, desde quando tenho alergia a pó?!

– Silêncio!– Zeferina, a bibliotecária, apareceu de repente ao meu lado, sussurrando pra mim.

Dou um mini pulo no lugar, não esperando a presença repentina dela.

Mais dez minutos se passam e uma sensação estranha de ser observada me atinge. Como eu odeio isso, é tão... desconfortável.

Por que está tão quieta?

Por estar, agora, atenta ao que acontecia ao redor, não me surpreendi quando Noah falou comigo. Talvez eu tenha, sim, ficado confusa, mas assustada não!

Levanto meu olhar para a estante a minha frente. Através da pequena abertura entre duas madeiras sem livros, encaro os olhos claros de Noah. Pacíficos, mas com uma grande confusão acontecendo por trás. É, sei como é isso.

– Não sei se você viu, mas eu levei uma bronca da tia Zeff por ter espirrado– digo da forma mais calma e baixa possível, o que chegou a ser algum tipo de deboche.

– Ela é uma mulher... intrigante– Noah olhou de relance para a entrada da biblioteca, onde a mulher estava folheando papéis.

– Se com intrigante você quer dizer assustadora, sim, ela é muito intrigante– respondo de forma descontraída enquanto limpava a capa de couro de um livro de algum século passado.

Faço Noah soltar um riso anasalado. Mudo a direção do meu olhar, curvando levemente os lábios pressionados. Essa é a nossa primeira conversa decente em três dias.

Pego outro livro e o folheio antes de o limpar.

– Você ainda está brava comigo, não é? – Noah volta a falar.

Como resposta, mesmo que imatura, fecho com um pouco de força o livro. Como é de capa dura fez um barulho que cortou o silêncio da biblioteca.

Mas que diabos...?!

– Tá tão claro assim? – pergunto colocando o exemplar ao lado dos outros, como se nada tivesse acontecido.

– Mais do que imagina.– Noah murmura – Eu te pedi desculpas?

Erguendo as sobrancelhas, faço um ar de espanto. Ele estava bêbado quando implorou pra que eu o perdoasse. Pessoas no estado em que ele estava não se lembraria tão facilmente do que fez no outro dia. Como estava acontecendo agora.

– Você não se lembra? – o indago, enfileirando outro livro na estante. O encaro.

Noah inclinou a cabeça para o lado e se encostou no seu carrinho de livros. Pareceu pensar por algum tempo até desistir. Pois é, ele não se lembrava mesmo.

Sorrio sem emoção e volto ao meu trabalho. Por um momento eu quiz que não estivesse falando sério.

– Me desculpa.– ouço sua voz minutos depois, porém não levanto meu olhar.

– Está tudo bem. Pessoas alcoolizadas tendem a ficar emotivas. Sei que é sem intenção. As vezes, dizem coisas que não querem. Mas está tudo bem...

Puxo o carrinho mais para frente. O espaço vazio na estante estava se preenchendo e eu agradecia por isso.

– Não... eu... – pigarreou – Eu estou pedindo desculpas pelo que eu fiz. Fui um estúpido.

𝐌𝐘 𝐋𝐈𝐓𝐓𝐋𝐄 𝐁𝐋𝐎𝐍𝐃𝐄 | Fanfic Nofya ✓ (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora