Atualmente 02 horas depois do caos.Você não percebe o caos, até que ele te atinja. É inevitável. Não percebemos que queremos algo até precisarmos. Se é inverno... você assopra as suas mãos devido a intensidade do frio e torce para chegar em casa e tomar um banho quente. Porém, se é verão...você corre até o chuveiro com o seu biquíni preto após tomar um sol no quintal da sua casa, e tudo o que você quer é que aquela água fria ignorada durante três meses atinja o seu corpo o mais rápido possível. E agora eu estou deitada no chão e ao olhar nos seus olhos consigo sentir o impacto da nossa queda, porque eu sei que você está me levando junto contigo. O seu sangue manchou o meu moletom branco e admiro o meu esforço para tentar fazer você ficar. Porque eu grito mais ninguém me escuta, e meu desespero não me deixa pensar. A sua vida já parecia infeliz antes de mim e agora eu percebo... eu piorei a sua escuridão. O tom preto da sua pupila se tornou ainda mais obscuro. Você está pálido e as suas mãos sobre a minha estão frias, como aquela chuva de dezembro.
Um ano atrás - 8760 horas antes do caos.
Acordei com o impacto do carro sendo estacionado em frente a minha nova residencia. Como se não bastasse a correria de uma mudança repentina, o céu resolveu se emocionar com a nossa chegada e mandou uma chuva repleta de emoções para nos recepcionar. Limpei com umas das mãos o vidro embaçado da janela, o que me deu uma breve visão do que estava me aguardando lá fora. Notei uma casa aparentemente grande, com uma arquitetura muito distinta. Ela era toda feita de tijolos antigos, com pilares de pedras e janelas brancas e portas pintadas. Nosso novo bairro é um desses desconhecidos pelos turistas e se chama Draven. Com uma qualidade de vida aparentemente mediana e com residencias longe uma das outras. Confesso que nos poucos momentos em que estive acordada durante o caminho, fiquei um pouco apreensiva com o quanto as ruas pareciam sombrias. Parecia que estávamos entrando em uma floresta extensa e assustadora, rodeada de montanhas. O bom do inverno é que as vezes você pode imaginar estar vivendo algum cenário de ficção. Abri a porta saltando um pouco apressada daquele antigo sedan preto, após alongar meus braços na tentativa de relaxar. Afinal foram aproximadamente cinco ou seis horas até aqui, com pausas apenas para necessidades fisiológicas. — Élise, me ajude a pegar as malas no porta mala... a chuva está engrossando. — Obedeci as ordens da minha mãe e fui correndo até a parte traseira do automóvel. É difícil pensar que agora talvez eu não tenha uma figura paterna, os meus pais se separaram e eu não acho que ele irá manter contato. Coloquei minha mochila nas costas e peguei alguns objetos soltos, os colocando nos meus braços.
Comecei a tossir quando adentramos o local pois o mesmo estava todo envolvido de poeira. Observei a pouca quantidade de moveis, na cozinha havia apenas alguns balcões, armários antigos, um fogão e uma geladeira. Na sala um sofá bonito porém com alguns rasgos e uma televisão de aproximadamente quarenta polegadas encima de uma raque, e ainda um pouco mais ao lado uma lareira. Coloquei as coisas no chão e fechei a porta atras de mim. Caminhei por um pequeno corredor que dava acesso para dois quartos e um banheiro. Entrei nos dois na esperança de analisar qual era o maior porém os dois pareciam ter a mesma medida. Assim, como as duas camas de casal e os guarda-roupas idênticos. A unica diferença entre um e outro era que um continha uma janela transparente com vista panorâmica para um tipo de bosque e foi exatamente nesse que eu escolhi ficar. Ficamos o restante da tarde tentando organizar o ambiente, limpamos o chão e abrimos as janelas para que o ar fresco entrasse. Enquanto minha mãe colocava nossos objetos pessoais como retratos, quadros e bugigangas que ela gostava e que couberam no carro em seus respectivos lugares, fiquei responsável por organizar o meu quarto. A tarefa foi simples, visto que não pude trazer exatamente nada do que eu gostava. Deixei toda a minha coleção de livros guardada em caixas na minha antiga casa, a casa do meu pai. Coloquei minhas roupas dentro do roupeiro, e utilizei uma pequena mesa como penteadeira, depositando encima dela maquiagens e perfumes. Consegui trazer meus posteres de bandas, visto que sou uma ótima apreciadora musical. Quando terminei tomei um banho quente, e coloquei uma roupa de frio confortável. Minha mãe fez uma espécie de Rijsttaart com as coisas que compramos para comer no decorrer da viajem. Logo estávamos no nosso respectivos quartos para descansarmos para o novo dia que viria.
YOU ARE READING
Surviving: O caos.
Teen FictionNão tenha medo de amar, você não sabe quando vai ser a última oportunidade.