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Cidade de Nordeza, uma pequena cidade do lado sul da Grécia.

É onde Meu reinado se inicia! Observava pela janela a água cristalina até ficar como um céu escuro. A brisa fria do inverno bateu em meu rosto, fazendo sentir um calafrio

- Breno! - Maria, minha governanta entra pela porta com seu típico avental sujo de farinha.

- Fale Maria - suspiro saindo da sacada de meu quarto

- Você ainda vai pegarum resfriado nesse vento! - ela diz vindo até mim e ajeitando meu colarinho - um dos pescadores estão lá embaixo.. o homem está com uma cara totalmente estranha e afirma ser urgente. - ela diz

- Ok, vamos ver - digo a acompanhando até a sala ao andar de baixo

Isso não era normal.. mas como o governante de Nordeza, era minha obrigação de saber se havia algum problema com os pescadores ou com os peixes, já que é um dos nossas maiores fontes de comida.

Vejo o homem em trajes velhos e meio sujo, ele tira o chapeu quando me vê

- Senhor, peço mil desculpas por incômoda-lo mas juro que é algo urgente. - ele diz me olhando com os olhos inquietos

- Não se desculpe. Por favor me diga qual o problema? - eu vou até a mesinha servindo dois copos de uísque

- Licença - diz Maria se retirando para a cozinha

- Por favor sente-se - Eu digo entregando o copo a ele

Ele se sente incomodado

- Senhor.. ontem a noite eu e uns homens.. nos fomos pescar, o senhor sabe existem peixes mais ativos a noite - ele começa a jorrar suas palavras por cima de mim como se não estivesse aguentando mais segura-las - E pegamos uma coisa que... sinceramente eu acho que estou louco, mas.. o senhor precisa ver

- O que é? - pergunto agora realmente colocando minha atenção nisso

- Pegamos uma sereia! - ele diz firme

Fazendo-me rir

- Senhor é sério.. É uma criatura linda! - ele diz cabisbaixo

- Por favor, se veio tomar meu tempo pode ir embora. Tenho coisas importante para fazer! - Digo tomando meu uísque

- É verdade senhor. - ele sussura - ela vai estar no meu barco "Lá lune" com meus homens até as 16h, depois vamos entrega-la para a igreja... provavelmente vão queima-la.. aquela beleza não pode ser de Deus - ele diz

- MARIA! - chamo a velhinha que aparece em poucos segundos - Acompanhe o senhor até o porta. Vou estar em meu escritório.

Eu havia poucas opções, na verdade só duas; A primeira, acreditar nessa loucura. Como rei de Nordeza, eu precisava averiguar. E a outra era deixar de lado.

Meu pai rei Edgar, era totalmente obcecado pelo mar e essas criaturas, ele tinha amor e admiração sobre elas eu só tinha repulsa.

Afundo na velha cadeira de couro que era de meu pai, me sinto tão pequeno nela.. um peso enorme cai sobre meus ombros

Haviam cartas sobre minha mesa, minhas correspondências, convites de festas, uma de Ethan que devia ser sobre a sua chegada, e uma de Beatriz, uma amiga noturna.

A carta de Beatriz trazia seu perfume

" Breno querido

Como está?
Te escrevo pela grande saudade que meu peito e minha cama sentem de você. E a pedido de uma amiga!
Não se, você se lembra da moça de vermelho aquela noite no bar? Ela te achou uma gracinha e não é para menos...
Adoraria apresentar vocês!
Atenciosamente
Sua
B "

Essa é nova.

Depois de ler todas as cartas e assinar alguns documentos, o nada me invade e o barulho do relógio se torna alto e irritante

17:21

Com um suspiro, levanto relutante da cadeira, não me custava nada ver a loucura de homens que vivem nesse mar.

- Maria, já volto, vou dar uma olhada no cais. - Eu saiu antes da vovó me questionar por não ter colocado algo mais quente.

A cidade estava calma, quase até deserta, o barulho mais alto era do vento. O cais estava mais movimentado, depois de comprimentar alguns homens eu finalmente vejo o barco que o homem havia me falado
"La Lune"

- Senhor! - o mesmo homem que estava em casa me comprimenta - que bom que veio.. - ele faz um sinal de cabeça para que uns rapazes mais novos que ele saiam do barco

- Seja rápido. Onde está a tal? - eu sentia algo no estômago.

- Aqui senhor.. - ele sobe no barco fazendo-me ir atrás. Havia uma caixa grande que parecia ser de ferro

- Comprei o barco de um ferreiro.. Ele não usava.. - ele da de ombros - Ela está assustada.. não faça movimentos bruscos. - ele me alerta e eu sinto meu corpo rígido

Sem minha resposta ele tira a tampa de ferro dessa caixa deixando duas mãos de espaço

Parece que levei um soco no estômago.. 

Ela estava ali! A criatura alada!

Seu cabelo é branco, como se tivesse uns 100 anos, seus olhos são azuis claros e a única cor viva nela era sua boca, um rosa bebe.. seu corpo era coberto por pequenas esquemas totalmente prata.. assim que ela olha pra cima e que o sol toca seu corpo já somente úmido ela solta um grito.

Fazendo-me recuar e finalmente recuperar o fôlego

Seu corpo agora parecia feito de papel molhado, quando foi mexer sua calda ela se dividiu, dando lugar a pernas!

Ela havia pernas?
Eu estava louco!

Ela se olhava, parece que nem percebeu a nossa presença. Ela tirava o que foi as suas escamas revelando sua pele.. era branca de mais!

Quando a criatura finalmente nos olhou, foi como se visse a nossa alma.

Ela se mexeu rápido, até o homem fechar a tampa de novo por cima dela

- É inteligente... - ele diz - Viu? Eu não estou louco

- Eu não sei..

- Se eu devolver para o mar.. senhor é uma sereia! Imagina quanto pagaram por ela? - ele diz

- Quando quer por ela? - pergunto
- 10 mil dracmas! - ele diz sem hesitar
- Prometa-me que nunca falará sobre o assunto.
- Senhor, por 10 mil dracmas eu venderia minha mãe!
- Ótimo. Eu venho buscá-la a noite. Vou trazer seus dracmas.

Quando cheguei em casa, cheirava a bolo.

- Aonde você foi? - ela grita da cozinha
- Não me incomode Maria.

Eu subi os degraus de dois em dois entrando novamente no escritório abrindo a segunda gaveta de minha mesa, onde estava o diário de meu pai.

Folhei o caderno de couro até achar o desenho que meu pai havia feito da criatura

" A beleza do meu verdadeiro amor! Infelizmente a única que sabe disso seja a velha bruxa de Nordeza. "

MamaOdi!

Aylla Onde histórias criam vida. Descubra agora