amor francês

amor

Amor é uma palavra muito forte. Mas sim, eu te amo. Ou, quase isso.

FP- E você conhece ela? 

Hermione- Ela?

FP- A amante do seu marido. -Eu falo um pouco incomodado com aquela situação.

Hermione- Ah sim, eu conheço. Nos encontramos em festas e eventos. Ela é adorável.

FP- Como você pode falar tudo isso com tanta tranquilidade? É loucura.

Hermione- Forsythe, eu e meu marido escolhemos isso. Das 17h ás 19h. É a regra, e funciona perfeitamente. Meu marido é um chanceler francês e eu sou uma mulher muito bem decidida, e eu quero você. Eu quero você das 17h ás 19h.

FP-Eu preciso pensar, sinto muito, mas não posso responder isso agora. A cultura francesa é muito pra mim no momento. 

Hermione- Americanos. -Ela fala baixo e solta uma risada leve, brincando com seus próprios pensamentos- Eu vou estar toda sexta, no parque.

FP- Das 17h ás 19h, eu entendi.

Ela ri baixo outra vez. Se aproxima de mim, deposita um beijo em meus lábios e se despede.

Quando seu corpo some do meu olhar, eu solto o ar que nem sabia que estava segurando. Hermione é uma mulher linda, engraçada e com um sotaque francês maravilhoso. Tem os mesmos gostos que eu e o tempo que eu passo com ela é inesquecível. Mas descobrir que ela é casada com um chanceler francês foi um choque. Nunca nem se quer me imaginei em uma situação como essa. E o que mais me deixa assustado, é o fato de que isso é normal para eles, um estilo de vida, das 17h ás 19h, uma regra. Nada mais que isso. 

Em um livro, essa situação seria ótima, mas na vida do escritor isso não é nada simples. Ou é.

6 meses depois. 

Quando a água quente entra em contato com o meu corpo gelado, naquele segundo, em que tudo para, eu penso na minha vida e em como tudo estaria diferente se eu não tivesse ido naquela sexta-feira, no parque, ás 17h. 

Jantares, eventos e festas se tornaram partes comuns dessa minha vida, onde eu sou apresentado como um amigo da família Lodge. E surpreendentemente eu me dou bem com o Hiram, surpreendentemente mesmo. 

Meu eu de seis meses atrás me acharia louco se eu dissesse a ele, que sim, eu gosto da minha vida.

Saio do banho e me seco, pego meu celular para ver que horas são, e felizmente não estou atrasado. Vamos a mais uma janta hoje. E finalmente, vou conhecer Alice, a amante do Hiram, ela é atriz e estava em turnê, durante exatos seis meses. Como será que ela é?

Me visto e me olho no espelho, pronto á tempo. O motorista chegou. E sim, um escritor amador tem motorista devido as oportunidades de emprego que o marido de sua amante lhe ofereceu.

Amante. É uma palavra um tanto forte, amor também. E nenhuma das duas se encaixa nessa situação.

Enquanto o motorista dirige nas ruas da agitada Nova York noturna, eu pego meu celular novamente e abro a galeria. Boas fotos tomam espaço no meu campo de visão.