The Ladder

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Will Graham andava pelo consultório, falando freneticamente, desesperado por fazer seus confusos sentimentos compreensíveis para o dr. Hannibal Lecter, que calmamente observava sua agitação, como tantas outras vezes, sempre entretido. Hannibal estava de pé, encostado em sua mesa, uma postura razoavelmente relaxada, que ele assumia apenas na presença de Will. Seus comentários eram a mistura de uma análise sincera como psiquiatra e manipulação. Hannibal o compreendia, e isso parecia deixar Will mais calmo, por mais que sua agitação jamais o deixasse. O doutor sabia também que Will era inteligente demais, e percebia que existia algo de errado em seu cérebro, embora ainda fosse muito cedo para que soubesse a verdade.

Will parou, encostando-se na escada de acesso aos livros de Hannibal, como se buscasse por apoio. Parecia prestes a desmoronar. Estava enjoado pelo cheiro de sangue ainda preso em suas mãos. Frágil e vulnerável como nunca, compartilhando com Hannibal o que não compartilharia com mais ninguém. Uma plena e cega confiança. Estava exposto, dizendo de forma melancólica as fantasias do assassino e as próprias também. Hannibal o observava, questionando a si mesmo até onde iria a confiança que Will tinha por ele. Estava curioso para saber o quanto o agente poderia entregar-se a ele.

Movido um tanto pela curiosidade, mas principalmente pela beleza que Will exalava de forma tão doce e vulnerável, Hannibal deixou sua mesa, dando alguns passos na direção da escada.

— Você tem que enfrentar honestamente as suas limitações com o que faz – Hannibal disse, cortando a distância entre eles. Ele parou na frente de Will, que inspirou pesadamente e recuou, parecendo se esquecer que estava apoiado na escada. Ainda existia uma distância considerável entre eles, mas não o suficiente para impedir que Will se sentisse ainda mais exposto e desconfortável – E como isso te afeta.

— Se por limitações você quer dizer a diferença entre sanidade e insanidade, eu não aceito isso – ele respondeu, sempre evitando os olhos do doutor.

— O que você aceita?

— Eu sei que tipo de louco eu sou, e não é esse tipo de louco – Will disse, agora um pouco irritado, além de frustrado – Isso poderia ser convulsões... Poderia ser um tumor... Um coágulo...

— Eu posso recomendar um neurologista – Hannibal quase se sentia culpado pela situação de Will – Mas se não for fisiológico, você terá que aceitar que está lidando com uma doença mental.

Will o encarou por um momento, então assentiu como se achasse a ideia do doutor razoável, e esperou que ele se afastasse após isso. No entanto, Hannibal permaneceu no mesmo lugar, encarando Will com o rosto sem qualquer expressão clara. Hannibal sentia que poderia ver através de Will naquele momento. Todas as barreiras e distanciamento que ele construíra ao longo da vida eram quase inexistentes na presença do dr. Lecter, como se estivesse nu, sendo observado bem de perto.

Os olhos de Hannibal encontraram os azuis, que não sustentou o olhar por mais do que alguns segundos. Então desceram admirando os traços do rosto de Will, que não era capaz de esconder sua beleza nem mesmo atrás de tamanho desleixo. A barba sempre por fazer, os olhos cansados cheios de olheiras, as roupas amassadas. E ainda assim Hannibal Lecter o achava absurdamente lindo.

Will Graham poderia lhe causar todos os tipos de excitação.

Hannibal aproximou-se mais um pouco, ao que Will se forçava contra a escada. Ele não estava preso, poderia sair se quisesse, mas estava muito atraído pela forma que os olhos misteriosos de Lecter exploravam seu rosto e corpo, parando em seus lábios. Hannibal se divertiu, prestando atenção aos sinais. A boca entreaberta com a respiração acelerada, e o tom avermelhado que surgia lentamente nas bochechas de Will. Mesmo que estivesse se forçando ao máximo contra a escada, ele não queria realmente quebrar a distância, então Hannibal se aproximou um pouco mais. Uma mão se apoiou na escada, a altura da cintura de Will, enquanto a outra tocava suavemente seu rosto, apenas com as pontas dos dedos. Acariciou os cabelos levemente enrolados que lhe caíam sobre a testa, até finalmente parar na nunca do agente, segurando-a com firmeza.

Lovesick (Hannigram)Onde histórias criam vida. Descubra agora