epígrafe

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Minhas pernas adquiriram controle próprio, elas ficavam tremendo a ponto do meu pé ficar batendo no chão fazendo um barulho desagradável fazendo todos no ambiente me olharem de cara feia. Os minutos não passavam nunca e eu ja tinha rezado para todos os deuses que eu conhecia, não que fosse fazer alguma diferença, pois minhas preces em nenhum momento da minha vida foram atendidas.

Maya tentou me acalmar por um tempo, mas vendo que aquilo só me deixava ainda mais ansiosa, ela resolveu ficar em silêncio, o que também não foi uma escolha muito agradável.

Ouvi meu nome ser chamado para dentro de uma das salas, e com isso minhas pernas pararam de fazer seus movimentos irritantes fazendo todos no ambiente suspirarem de alivio. Eu não queria levantar, não estava pronta para ir naquela sala e confirmar minhas suspeitas. Ouvi meu nome ser chamado novamente e senti as mãos de minha amiga pegando na minha, ela me lançou o seu olhar mais calmo e me levou para a sala.

- qual de vocês duas é a Charlotte Price? - o medico falou.

Embora eu quisesse responder, minha voz não saia e minhas pernas voltaram com seu maldito tique.

- ela é a Charlotte - maya aponta para para minha direção - Eu sou a Maya, a melhor amiga.

- entendi - sua entonação um pouco desagradável e aquilo me deixava impaciente - estou com seus exames aqui senhorita Price e vejo que tem apenas dezesseis anos.

Seu olhar passou do papel para mim, embora fosse ética não julgar os pacientes, seu olhar estava carregado de julgamentos e ofensas, o que ja me deixava a par do resultado.

- está grávida senhorita Price.

Após ele falar isso, meu estomago se revirou me fazendo correr para o banheiro mais próximo, infelizmente, eu não consegui chegar e vomitei na lata de lixo.

Dentro do carro Maya me levava para longe do hospital, embora eu não tenha reparado em muita coisa depois do vômito

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Dentro do carro Maya me levava para longe do hospital, embora eu não tenha reparado em muita coisa depois do vômito.

- fala alguma coisa - a voz tranquila de Maya me fez sair do transe.

Senti uma lágrima deacer do meu rosto, eu não sabia o que fazer, tinha tanta coisa para pensar, meu pai, blake, nadine, o céus a nadine.

- a Nadine - minha voz saiu tão baixa que nem achei realmente que a Maya pudesse ter escutado.

- o que tem a Nadine?

- meu pai vai me expulsar de casa e com isso a nadine...- as lagrimas já desciam sem meu controle.

Minhas mãos automaticamente foram para o meu rosto, o soluço então veio, e eu ja não conseguia pensar em mais nada, tudo estava prestes a desmoronar, e eu não fazia a menor ideia do que fazer.

Maya estacionou o carro e me deu um abraço aconchegante, eu a apertei com todas minhas forças, o panico naquele momento me dominava. No momento que eu soltei ela, vi sua jaqueta molhada.

- vai contar para o blake?

- eu tenho que contar para o blake, não é algo que eu possa decidir.

Minha cabeça ja estava doendo de pensar em tudo aquilo.

- vocês não tinham terminado?

- sim.

- como vai contar pra ele?

Não sabia como responder aquela pergunta, então apenas encostei minha cabeça no encosto do banco e fechei meus olhos, na tentativa de fingir que eu não teria que parir um bebe pela minha vagina daqui alguns meses.

- Eu te deixo lá - minha amiga falou dando partida no carro.

O caminho até a casa do blake fora silencioso, sendo quebrado apenas pelo fato que meu pai tenha me ligado algumas vezes, ignorei e mandei uma mensagem falando que estava com colica e Maya estava me levando em uma farmácia.

O carro parou na frente da casa e eu ouvi as portas destrancando, meu corpo parecia colado no banco.

Ouvi batidas no vidro do meu lado e vi que era o Blake, seus cabelos estavam em um topete bagunçado, um leve sorriso escapou dos meus labios.

- tudo bem com você? Estava chorando? - seu tom de voz saiu um pouco preocupado.

Desprendi o sinto e vi ele se afastando da porta dando espaço para eu abrir a porta. Sai do veículo percebendo que ele segurava uma caixa que estava escrito bem grande com marcador "Blake" com um dos braços.

Só então reparei no caminhão de mudanças, e me veio a lembrança de que hoje seria o dia em que a mãe dele iria embora, e pelo o que eu vi, ele iria partir tambem.

Mais lagrimas brotaram no meu rosto, elas eu fiz questão de controlar.

- o que aconteceu? Está tudo bem?

Seu tom de preocupação quase me fez falar. Quase.

- está, eu só estou sensível hoje - fiquei em silencio e acompanhei ele até o caminhão- eu tinha esquecido que sua mãe iria embora hoje.

Falei fitando o chão, nao conseguiria esconder um segredo desses olhando para seu rosto.

- pois é... - sua voz saiu sem graça o que novamente me fez soltar um riso fraco - eu iria ficar, mas como a gente terminou, não tem mais nada nessa cidade, certo? - ele colocou a caixa dentro e me encarou.

Não.

-certo - falei sem rodeios - eu vim buscar uma jaqueta minha, mas pelo visto você não vai encontrar ela.

- sua jaqueta? A nadine veio buscar -um sorriso sem graça brotou de seus labios - ela me chamou de cachorro infeliz e disse para eu queimar no inferno.

Meu rosto ficou vermelho imaginando a cena, coloquei a mão no rosto e só conseguia pensar em desculpas para a atitude da minha irmã de doze anos.

- tudo bem, eu a entendo.

Um silencio enorme se instalou entre nós, eu não sabia o que falar diante daquela situação constrangedora, por isso resolvi acabar me despedindo.

- eu ja vou indo -acenei - boa sorte com sua nova vida.

- obrigada, você também.

E por fim nos despedimos em um abraço desconfortável, e eu corri para o carro de minha amiga.

- não contou para ele não é?- ela falou dando partida

-eu não consegui - falei com meu corpo mole .

- ja decidiu o que vai fazer?

Suspirei e encarei a realidade, eu estava fodida.

- não.

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