"Vamos vendê-la"

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Foi horrível a sensação de quando tudo virou fumaça no ar. Quando tudo ficou cinza pela visão de Sn, e ela nem mesmo poderia enxergar quem estava diante dela. Da pequena criancinha perdida no campo, junto a um "nobre". Porém, com certeza para ela, o mais assustador foi mirar o sangue espirrando sobre suas vestes; o coração da pequena apertou-se. Os olhinhoss dela se encheram d'água, e todos os seus sentidos se perderam, quando um clamor, chamou sua atenção.

- Sn! Sn... me ajude! - uma voz ecoou sobre o lugar distante.

Ela até pelejou para se movimentar a procura do menininho que a pediu amparo. Mas foi uma tentativa falha, ao alguém puxar seu braço esquerdo, a assustando também.

- Filha! Sou eu... Seu pai. Precisamos voltar pra casa! Agora! - esbravejou olhando fixamente em seus olhos. [...]

- Pelo amor de Deus! Acorde! Você está queimando em febre... - enunciou a senhora em frente a Sn. - Outro pesadelo?

Mais uma vez, a garota acordava em chamas, como se seu corpo estivesse sido jogado em brasa, após a mesma onirodinia. O mesmo sonho angustiante que lhe causava pânico. E isso tudo porquê, era sempre a mesma coisa, a mesma sensação de impotência, tanto por não poder salvar o garoto nos pesadelos, quanto por não poder ao menos ver seu rosto nas situações.

- É assustador. - expressou diante de lágrimas a mais velha.

No caso, a Maria. Que era sempre a idosa que ajudava depois de ocasiões como essas. Ela sabia o quanto Sn sofria. Não era apenas um pesadelo, a mais nova sentia ao certo, uma dor asfixiante quando isso ocorria, depois de acordada, ela respirava profundamente, procurando o ar que lhe faltava, mas era difícil dele voltar. Ela chegava a ter febres que lhe causavam calafrios, era aterrorizante até de se ver e se escutar de longe. Quantas vezes, Maria não a ajudou por não suportar a ouvir choramingando e gritando tentando se desvencilhar dos "monstros" que a acompanhavam.

- Havia parado Maria... Mas, após a morte de meu pai, voltou. Como um aviso... - expressou, se agarrando nos braços de sua "salvadora".

- Você precisa de um chá minha filha. Não se preocupe... Isso irá passar! Continue com esta pano em sua testa, certo?! - questionou  a menina, e ela assentiu.

Sn continuou grudada a cama. Encolhida nos lençóis que presenciavam seus lamurios quase todos as noites. Apesar de tudo, ela era forte demais. Até agora, estava suportando demais! Ainda quando pequenina, deixou sua terra de origem para viajar com seu pai, como um fugitivo, mesmo ela não sabendo a causa dele ser tachado disso. Por ser muita pirralha, não se lembrava de nada do que havia ocorrido nos tempos atrás, por meados dos seus sete, oito anos de idade. Ela apenas guardava esse pesadelo horrendo de toda a sua infância. E era vago, era triste, era horrível.

Depois do barulho na caldeira, ela imaginou que a bebida quente que a confortava estaria pronta. E sim, Maria logo se aproximava com uma bela xícara de chá de Camomila.

- As vezes eu me sinto estranha, por ser assim... - murmurou, fazendo Maria reprovar totalmente essa fala.

- Você não é estranha! Sabe, nossos ancestrais eles acreditam que os sonhos horripilantes nos trazem uma mensagem. E também, acreditam que não vemos quem não conhecemos nos sonhos. Se você vê esse garotinho, provavelmente deve ter o visto em algum lugar, quando brincava ou quando se divertia com seus amigos. - a explicou.

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⏰ Última atualização: Apr 16, 2020 ⏰

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