Run Devil Run

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– Volta aqui sua vagabunda! Seguranças, atrás dela! – um grito ecoava pela mansão como um trovão.

Enquanto o homem gritava, uma jovem de cabelo castanho claro corria para fora da casa como se não houvesse amanhã. A rua não estava movimentada, pois já eram 18:00. Carregava uma mochila na mão e nas costas sua guitarra, apesar do peso, era extremamente veloz, pois precisava fugir daquela casa urgentemente. Olhou para trás e viu cinco homens altos de terno a perseguindo. Continuou correndo até ver um táxi, entrou fechando a porta e tentou controlar o folego.

– Por favor, para o aeroporto o mais rápido possível. – disse enquanto via se ainda estavam atrás dela, ajeitou o capuz na cabeça para não ser reconhecida. O senhor apenas assentiu e começou a dirigir sem a questionar para o aeroporto. Assim que chegaram ao destino, a jovem o pagou e saiu para pegar sua passagem que comprou há dias. Em poucos minutos já estava dentro do avião olhando as luzes de Tóquio.

Assim que o avião aterrissou, ficou mexendo no celular procurando por hotéis com quarto vago, mas não conseguiu encontrar nenhum, já que sua bateria acabou na terceira pesquisa. Quando ia colocar o celular para carregar, notou os passageiros posteriores saindo e entre eles, os mesmos rostos que a seguiram em Tóquio. Correu em direção à saída antes que a notassem, mas dessa vez não tinha um táxi por perto para salvá-la.

– Merda, merda! – xingou enquanto quase voava sem rumo pela cidade. Não demorou pra ver que estava sendo perseguida, parecia que não tinha descanso para nada. Permaneceu na velocidade e por instinto começou a virar esquinas para atrasá-los, mas na terceira vez acabou esbarrando em alguém.

– Porra... Não olha por onde... – o garoto foi interrompido rapidamente pela moça.

– Me tira daqui, por favor! Me salva! – ela implorou para ele.

Ele olhou nos olhos escuros da jovem e ouviu vozes masculinas, logo viu os rostos dos homens e eles foram correndo na direção dos dois. Não pensou duas vezes e se levantou a puxando para longe dali. Começaram a correr juntos, na direção da feira que tinha logo na frente. Misturaram-se entre as pessoas, conseguindo despistar os homens temporariamente e aproveitando para recuperar o folego.

Conseguiram passar pelas pessoas e foram na direção das lojas, mas acabaram sendo notados por um dos homens.

– Eles estão ali! – gritou apontando para os dois e iniciaram a correria de novo.

– Me deixa sozinha, vai sobrar pra você! – tentou se soltar.

– Tu implorou minha ajuda lá trás, já sobrou pra mim e eu não "tô" a fim de apanhar desses caras. Agora fica quieta e guarda folego pra corrida que falta pouco! – continuou correndo e segurando o pulso dela. A garota apenas obedeceu, pois não tinha muita escolha.

O garoto conhecia aquelas ruas como ninguém então já sabia o que deveria fazer. Passou por dentro de um bar e saiu do outro lado do quarteirão, continuou correndo e foi para área dos apartamentos.

– Rápido! Sobe aqui! – fez pezinho para a jovem alcançar as escadas de emergência. Ela subiu assim que deixou sua mala no chão: – Na moral que tu tá subindo em mim com esse bagulho nas costas?! – falou com o pouco de folego que sobrava.

– Essa guitarra vale a minha vida! – alcançou a escada e começou a subir a mesma.

– Achei que sua vida valesse correr de cinco tanques de guerra – ironizou e pegou a mochila no chão quando ela já estava subindo as escadas: – Entra nessa janela aí que tem vaso de cacto! – lançou a mochila nas escadas.

– E quanto a você?! – perguntou pegando a mala e entrando na janela com cuidado.

– Eu dou um jeito!

Os dois ouviram as vozes de antes e a garota se abaixou imediatamente para se esconder. Tentou ouvir o que estava acontecendo, mas ouviu apenas os homens resmungando alguns palavrões. Esperou mais alguns minutos antes de levantar a cabeça e ver aquele lugar totalmente vazio, ficou se questionando o que havia acontecido com o garoto. Ao se virar levou um susto, pois deu de cara com uma faca de cozinha apontada para sua face.

– Quem é você? Que porra tá fazendo na minha casa? – uma mulher negra e de cabelo rosa perguntou sem rodeios segurando a faca com firmeza.

– U-um garoto loiro me disse para entrar aqui. – engoliu em seco encarando a faca.

– Ele tinha um raio pintado de preto? – perguntou ficando ainda mais séria e apertando o cabo da faca. A garota menor apensa assentiu com a cabeça enquanto suava frio. Ao ver o sinal da jovem, a mulher suspirou e abaixou a faca: – Eu já falei pro Denki avisar quando for trazer alguém aqui, puta que pariu. Desculpa te assustar, moça, aceita uma água?

– Aceito. – suspirou de alívio se sentando no chão.

– Você parece ter corrido uma maratona, o que aconteceu? – perguntou rindo enquanto pegava um copo para a garota: – Meu nome é Mina, qual o seu?

– Tecnicamente eu corri... – respondeu pegando o copo hesitando um pouco e acabou não se apresentando.

– Relaxa, não sou namorada do Denki, tenho bom gosto, ok? Pode ficar com ele a vontade. – riu se sentando no banco que tinha na bancada da cozinha.

– O que? – engasgou com a água. Não teve resposta, pois na mesma hora as duas ouviram batidas na porta.

A mulher de cabelo rosa foi ver quem era, enquanto a outra estava preparada para pular a janela de novo caso fossem os seguranças. Mas, para seu alívio, era o garoto de antes.

– Denki, onde tu tava? E sério, tu pelo menos falou pro Sero que ia trazer essa guria pra cá, né? – o encarou entrando no apartamento.

– Não avisei ninguém, porque não estava nos meus planos fugir de cinco caras para ajudar ela. – jogou-se no sofá enquanto arfava.

– Como é que é? – Mina arqueou a sobrancelha sem entender a história.

– Denki me ajudou a fugir de uns homens que estavam atrás de mim, muito obrigada por me salvar. – a jovem fez reverencia para demonstrar que era grata pela atitude do jovem.

– Não precisa agradecer – deu um sorriso para ela e sentou no sofá normalmente mantendo o sorriso: – Você já sabe meu nome, mas qual o seu?

– Meu nome é... – olhou para o lado um pouco insegura, mas criou coragem e começou a falar: – Jirian, meu nome é Jirian.

– Seja muito bem vinda ao nosso apartamento, adoraria perguntar por que você estava fugindo deles, mas agora só quero tomar um banho e tirar esse cheiro horrível. – Denki se levantou caminhando em direção ao banheiro.

– Eu também quero saber como fugiu deles, não tinha como você escapar naquela hora.

– Digamos que sou o rei do parkour. – deu uma piscada antes de se fechar no banheiro.

– Você vai querer tomar um banho também, né? Afinal está fedendo a atleta. – Mina perguntou enquanto olhava para Jirian que apenas assentiu suavemente: – Vou pegar uma toalha para você. – foi em direção ao quarto.

A suposta Jirian sentou no sofá e soltou um suspiro, só conseguia pensar no quão irreal era toda aquela situação, pois finalmente estava fora daquela casa e isso parecia mais um sonho. Começou a rir baixo de alegria e imaginando a cara de certo alguém. Enquanto comemorava silenciosamente sua vitória em Quioto, um homem estava enfurecido em Tóquio. Ele ouviu seu celular tocar e atendeu imediatamente aguardando boas notícias sobre a garota que escapou.

– Senhor, não conseguimos encontrá-la...

– Inúteis! Não conseguem nem pegar uma vadia?! Não descansem até a encontrarem! – gritou jogando o celular para longe e virou a garrafa de whisky. Acalmou-se um pouco e ficou batendo os dedos na mesa enquanto olhava para o retrato da jovem que escapara: – Ah, Jiro, você está muito enganada se pensa que pode fugir de mim assim.

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⏰ Última atualização: Apr 17, 2020 ⏰

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