Capítulo VI

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Capítulo VI

“Você já dançou com o demônio sob a luz do luar?”.

Mais uma manhã tinha início no Condado de Castlewood, e Bruce Wayne adentrava a sala de jantar, onde o café da manhã já estava servido. Naquele momento Wilfred trazia numa bandeja alguns bules de café e leite que faltavam, saudando o hóspede assim que o viu:

–       Bom dia, Bruce.

–       Bom dia, Wilfred.

Logo depois o mordomo seguiu até a porta que levava à cozinha, mas antes de deixar a sala, recuou alguns passos até a mesa ao notar algo sobre ela, do lado oposto ao qual Bruce se sentara. Tratava-se de um exemplar de jornal com uma manchete no mínimo aterradora:

Massacre em Gotham: centenas de mortos!

 

Apreensivo, o criado certificou-se que Wayne não notara aquela edição do periódico e em seguida apanhou-a discretamente, colocando-a debaixo de um dos braços enquanto caminhava tranqüilamente até a cozinha. Após todos os seus esforços, aquela notícia fatídica simplesmente não podia fazer seu sobrinho em consideração voltar a Gotham! Todavia, assim que seus dedos cobertos por uma luva branca tocaram a maçaneta da porta, o irmão de Alfred ouviu Bruce chamá-lo:

–       Wilfred!

–       Sim? – indagou o empregado voltando-se lentamente para o norte-americano, um sorriso na face.

–       Estas panquecas estão simplesmente extraordinárias, elogie os cozinheiros por mim, sim?

–       Certamente, Bruce – respondeu Pennyworth, ocultando seu alívio.

O mordomo finalmente saiu do recinto e, logo que ganhou a cozinha, tratou de jogar o jornal na lixeira mais próxima. Tinha de manter Bruce ali, distante da cidade sombria que ele por tantos anos insistira em defender. Ao menos até que ele esquecesse completamente o Batman...

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Em seu esconderijo em Gotham, Coringa, sentado na mesma poltrona reclinável forrada de palhaços, tinha em mãos um exemplar do Gotham Globe com uma manchete semelhante à presente no jornal britânico do qual Wilfred se livrara antes que Bruce pudesse vê-lo. Sorrindo amplamente, o Príncipe-Palhaço do Crime exclamou:

–       Minha performance não poderia ter sido melhor! O prefeito está morto, a cidade em polvorosa e o comissário de polícia é nosso prisioneiro... Melhor, impossível!

–       Concordo plenamente, pudinzinho! – disse Arlequina, surgindo atrás da poltrona e abraçando o peito do amado, cobrindo-lhe o pescoço de beijos. – Mas o que faremos com ele?

–       Essa é a melhor parte, meu amor... É a melhor parte!

Ambos soltaram longas e apavorantes gargalhadas, que se estenderam por vários minutos como se fossem apenas uma.

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Numa sacada de frente para o amplo e belo jardim da mansão, Elizabeth Castlewood, sentada diante de uma moldura sustentada por um cavalete, alternava seus movimentos entre passar o pincel sobre a tela que pintava e apanhar algo para beber ou comer na pequena mesa dobrável à sua esquerda, onde havia uma modesta parcela do café da manhã servido na sala de jantar. À sua direita havia outro pequeno móvel, este com vidros de tinta e outros materiais que a jovem utilizava em seu trabalho.

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