Prólogo - A Queda da Tormenta

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"Dai-me os seus fatigados, os seus pobres,
As suas massas encurraladas ansiosas por respirar liberdade
O miserável refugo das suas costas apinhadas.
Mandai-me os sem abrigo, os arremessados pelas tempestades,
Pois eu ergo o meu farol junto ao portal dourado."

O Novo Colosso - Emma Lazarus.

Armiscia, Castelo Fullgur.


5 anos antes.

Magno

Magno sempre dormiu melhor em noites de tempestade. Ele se sentia protegido pelo som dos trovões, como se pudesse ouvir segredos sendo sussurrados pelo céu. Experimentava em sua pele uma sensação reconfortante, finalmente podendo entender a si mesmo.Os trovões ainda rugiam no céu quando foi acordado pela entrada abrupta em seu quarto. Era seu irmão, Nova, e pelo terror em seu olhar ele soube que aquela tempestade não traria o conforto que ele conhecia.

- Eles estão aqui - Disse Nova, sua voz ofegante e desesperada.

- Como descobriram? - Magno questionou. Mesmo sentindo o efeito de seu sono interrompido, se levantou rapidamente e ativou seus braceletes, materializando duas adagas em forma de luas crescentes.

Nova retornou ao corredor sem dizer uma palavra, com Magno em seu encalço. Ele conseguia ouvir sons de luta e gritos vindo do fim do corredor, misturando-se às trovoadas que pareciam se aproximar do castelo. O cheiro forte de fumaça e sangue era perceptível. Ao chegar no topo das escadas, Magno avistou seu pai decapitando um cavaleiro inimigo. Olhando rapidamente pelo hall, ele pôde ver vários destes lutando contra as forças de sua família, todos portando em seu peito um brasão de uma águia dourada. Ele conhecia bem aquele símbolo e percebeu a dimensão da situação.
Ele procurou desesperadamente outro rosto familiar e encontrou sua mãe sendo encurralada por inimigos no saguão principal.
- Magno! - E Nova não precisou dizer mais nada, Magno já estava correndo em direção à sua mãe o mais rápido que podia.
Passando rapidamente pelos inimigos, ele desviou dos ataques com destreza, chegando a tempo de interromper a espada que acertaria sua mãe. Sem se abalar, ela aproveitou a deixa para conjurar uma magia que ele conhecia bem.
- Vehementi! - Sua voz ecoou pelo saguão, a forte rajada de vento derrubando o restante dos inimigos.
Magno não teve tempo de ao menos falar com ela, precisava encontrar seus irmãos. Trocando apenas um olhar, Magno correu em disparado para fora enquanto sua mãe se dirigia à sala do trono, enfrentando outra horda de inimigos pelo caminho.

Chegou ao jardim sem muito esforço onde conseguia, com um certo pesar, ver a quantidade absurda de corpos no chão que em grande maioria eram guardas de sua família. A fumaça estava mais espessa ali, a ala leste queimava tão intensamente que era difícil manter o olhar. Ele só esperava que seus outros irmãos não estivessem ali.

Retornando ao hall, Magno podia ver as luzes distantes de relâmpagos através do que sobrou dos vitrais. Viu que Nova e seu pai seguravam a entrada do castelo. Não havia tempo para discutir ou raciocinar, apenas agir. Ao ver uma armada invadir os portões, teve apenas segundos para conjurar algo antes de seguir em frente.
- Fulgária! - Sua voz soou cansada mas a magia seria forte o suficiente.
Os relâmpagos conjurados correram ao redor dos cavaleiros, entrelaçando-se até formar uma teia elétrica. Eles não se mexeriam tão cedo.
Ainda ouvindo gritos pelos corredores, partiu em direção a ala sul onde esperava encontrar mais alguém vivo.

O corredor principal ainda estava inteiro apesar de alguns escombros. Magno encontrou alguns guardas de sua família ainda lutando contra os invasores. Avançou em direção às hordas, os cavaleiros não conseguiam acompanhar os seus movimentos, suas adagas cortavam de forma rápida e impiedosa. Seu pai estaria orgulhoso.

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⏰ Última atualização: Jul 28, 2020 ⏰

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