Achei que iria explodir de raiva quando a vi passar pela porta da minha livraria, onde eu passava as minhas tardes de sexta. O que ela estava fazendo aqui? Ela nem se quer sabe o que é um livro!
Cabelos longos e loiros, corpo definido, nariz em pé, roupas de grife e com 1.64m de pura maldade parou em frente a uma estante de livros perto do caixa.
Karen Lopes. A menina que particularmente (e abertamente) não suporto. Estudo desde
os meus cinco anos com essa piranha e desde lá a vida dela foi infernizar a minha.
Olhei para ela a tempo de vê-la olhar para o cara do caixa, que só agora reparei que era um novato (e gatinho). Tudo ficou claro em minha mente. Agora está explicado o porquê de ela estar aqui.
Balancei a cabeça negativamente e voltei a admirar os clássicos de Shakespeare.
— Paola!
Meu rosto envermelhou ao escutar estridentemente meu nome sendo gritado por Karen.
Pensei em não me virar, mas escutei de novo, aliás, a livraria inteira escutou.Ela me olhou com olhar de "Venha logo ou eu vou aí e te arrasto pelos cabelos". Por esse detalhe, eu resolvi ir lá.
No caminho pensei em algumas probabilidades do que ela queria comigo. 1) Ela iria me humilhar em público. 2) Ela iria me humilhar muito em público. 3) Ela iria me humilhar intensamente em público.
Cheguei até ela, ela me pegou pelo meu braço e me arrastou para o canto.
— Que maneira meio bruta de se dizer um "Oi"!
Ela me soltou.
— Tá, por que me chamou aqui? Não, melhor, o que você faz aqui?
— Eu quero sua ajuda.
— Eu não ouvi direito, o quê?
— Eu quero que me ajude, tá!
— Ser alienígena ou sei lá o que possuiu esse corpo, dá para devolver a antiga Karen?
— Qual é, Paola! Eu não sou tão terrível como pensam — disse ela cruzando os braços.
Olhei com deboche para ela.
— Tá, eu sei que a minha lista com você está um pouco suja...
Olhei debochadamente de novo.
— Muito suja! Mas, me dá uma força nessa vai...
— Em que você quer que eu a ajude? — soltei por fim.
Ela olhou para o cara gatinho do caixa e levantou as sobrancelhas e soltou os braços em um "Tcham-ram!".
Não disse nada, apenas olhava sem expressão para ela.
— Paola, você sabe mais que qualquer um da turma sobre livros, sabe o que é ser intelectual, você deve saber do que ele gosta...
— Sem chance.
— E se eu te der algo em troca?
Começou a ficar interessante.
— Tipo o quê?
— Um convite para minha festa.
Virei-me e comecei a andar.
— Paola, espere!
Parei, sem me virar.
— Victor estará lá.
— Eu não ligo.
Fui dar um passo para frente quando ela soltou.
— Eu sei que você é perdidamente apaixonada por ele. Desde a quinta serie.
Virei-me e dei três passos até chegar a ela.
— Isso não é verdade!
— Então por que ficou toda corada?
Ah que droga! Por que tenho que corar sempre!?
— Há algum tempo atrás eu dei em cima dele — disse ela com um sorriso de canto.
Ela está querendo morrer.
— Não fique irritada, ele não quis nada, mas, consegui arrancar dele uma confissão. Ele disse que sempre a amou.
Suspirei.
— E se você me ajudar com ele — ela apontou para o gatinho do caixa — eu te ajudo com Victor.
Pensei um pouco. Daria mesmo certo fazer um acordo com sua pior inimiga?
— Tudo bem. Eu topo.
Ela deu um pulinho e um grunhido.
— Está bem. O que devo fazer? — disse ela empolgada.
Parar de fazer esses grunhidos e dar esses pulinhos.
— Comece lendo um livro — disse apontando para a prateleira.
— Tem tantos aqui... — disse ela pegando meio com nojo o livro.
— Que tipo de história você gosta?
— Daquelas que dão medo — ela disse meio diabolicamente.
— Venha, a prateleira de terror fica para cá.
Acompanhei-a até a parte dos livros de terror.
— Olha esse! Não é aquele baseado em fatos reais?
Ela apontou para um livro e eu o peguei.
— Ah sim. Baseado na vida de Patrícia. Ela sofreu muito com o jogo da Seita. Parece que se você atendesse a chamada você se salvaria e se não atendesse você morreria. Era algo assim.
— Minha prima me contou sobre esse incidente. Ela estudava na mesma escola que a Patrícia e seus amigos. Da primeira vez foi um maníaco que os matavam, da segunda vez foi o... qual era mesmo o nome dele?
Engoli em seco. Suspirei e dei a resposta que sempre dava.
— Eu não sei. Leia e descubra — disse levantando os ombros.
— Ok. Eu vou levá-lo.
— É só passar no caixa! — disse apontando para o garoto do caixa e ela sorriu animada.
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Chamada Atendida: O último suspiro
Horror(Livro 3) [...] . Ela deve estar por aí, enquanto eu estou aqui, tremendo, indecisa se devo matá-la ou se a deixo me matar. Ou se nenhum dos casos ocorrerem, ele matar nós duas... Paola, uma garota bipolar que sofre por ter tido um assassino em sua...