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•Negão•

Estava na boca quando do nada eu escuto um barulho de fogos, já peguei meu fuzil joguei nas costas e vi que era o morro inimigo invadindo. Com sangue no olho saí de casa, fui entrando em uns becos. Ajudei uma senhora que não conseguia sair de um beco e deixei ela lá na casa da minha coroa que era perto.

Fui pulando de laje em laje, e atirava para caralho. Foi 10 de uma vez, fui correndo já. Vi Marcella caída, e gritei para ela ir agachada até uma escolinha que tinha ali. E continuei atirando nos cara.

Foram umas 2 horinhas de trocação de tiro, aquele morro era fraco demais!

Cheguei em casa, tomei um banho. Morreram pouquíssima gente da minha tropa, mas mesmo assim reforcei a segurança do morro, para não ter vez para eles.

Estava tarde resolvi ir lanchar, até que vejo, a Maria Júlia de bobeira na praça e já fui nela.

Negão - Fala tu, como tu tá nega?

Maju - Oi Negão, tô bem, e você? - fez cara de quem está interessada mas senti uma falsidade, sonsa demais essa mina, namoral.

Negão - Tô bem também gatinha, topa lanchar comigo? - ela fez cara de desconfiada - Para de graça é só lanchar porra.

Maju - Ai tá bom Negão, vamos lanchar aonde? - peguei na mão dela e mandei ela subir na moto - Diz carai, sou curiosa.

Negão - É na lanchonete da Dona Márcia, é bem aqui perto. - vi ela observando as ruas e puta que pariu a bicha é linda.

Maju - Tá bom, mas não podemos demorar pq vai ficar tarde e tô traumatizada daquela invasão. - eu sorri para ela vendo a cara de desespero dela.

Negão - Fica tranquila eu te levo em casa - ela tentou falar, mas eu interrompi - Eu vou te levar em casa sim! - ela revirou o olho

Chegamos lá, e Marcella tava lá com as amigas e ela já olhou com nojo para Maju que nem percebeu pois estava vendo o cardápio.

Garçonete - Boa noite, o que desejam?

Maju - Oi boa noite! Eu gostaria de um X- Bacon. - a garçonete anotou.

Garçonete - E você Negão o que gostaria?

Negão - Quero um X- tudo dobrado e uma Coca Cola de dois litros e trás dois copos. - ela sorriu e saiu.

Maju - Tu come para caralho tá doido. - ela riu e ficou reparando ao redor, e focou no céu e eu fiquei observando ela - A lua tá linda demais, tá tão brilhante que iluminava meu quarto inteiro. - ela dizia com um sorriso bem fraco mas verdadeiro, olhei para cima e tava mermo.

Negão - Ainda gata, tu gosta desses bagulho né? - Maria Júlia voltou o olhar para mim, sem entender. - Dessas paradas po, lua e sol, as estrelas é pá - ela sorriu e concordou

Maju - Aprendi com os meus pais que devemos a dar valor as coisas simples. Eu amo cada lugarzinho do meu país Rio de Janeiro, e acho que quando olhamos uma árvore, uma flor é uma obra de Deus. - caralho, ela é foda. Os olhos dela até brilham ao falar dessas paradas. ela mudou a expressão do nada - Mas cara, por que tu tá me marcando tanto? Quer me conhecer tão rápido assim? Sou linda mas não precisa ser tão emocionado. - gargalhei dela, convencida para caralho.

Negão - Po tu é nova aqui, você me chamou atenção pela transparência e de não querer se jogar por saber que sou dono de morro - ela me olhou e fez sinal para que eu continuasse - E tô querendo saber mais de você.

Maju - Vai me contar de você também? Porque odeio falar só da minha vida - eu ri e concordei - E como eu sei que tu é dono de morro não precisa me contar muita coisa, tá legal?

Negão - Pode começar a me contar da tua vida. - olhei atento para ela.

Maju - Então, meus pais eram advogados eu morava em Copacabana. Mas como eles morreram em um acidente de carro a duas semanas eu vim morar com minha tia que é irmã da minha mãe e sempre fomos próximas. Parece que não tô triste com isso tudo, mas ás vezes pego pensando neles sorrindo e choro pensando neles, mas eu tento manter minha cabeça com pensamentos sobre minha vida, curtir ela conversar e sair de casa para não me abalar. - ela riu sem graça e eu só escutava - Bom, quando eu vim para cá eu tinha começado a minha faculdade mas tranquei pelo momento delicado da minha vida. E pretendo voltar ano que vem, eu achei que não fosse me adaptar, mas até que tô sabendo lidar bem com a morte dos meus pais mas sinto a falta deles. Eu tô gostando daqui, porém tenho que resolver o dinheiro dos meus pais por que sou maior de idade então já posso resolver, mas eu pretendo morar aqui por um bom tempo. - a garçonete chegou com os pedidos - Agora é a sua vez, como eu disse não precisa me contar tudo.

•aperte na estrelinha•

No alto do VidigalOnde histórias criam vida. Descubra agora