Londres, 1817Lady Margareth não sabia exatamente o que a levara até aquele labirinto nos jardins dos Kemblers, mas tinha total certeza de que estava a ponto de acontecer algo.
Saíra do baile, pois estava demasiado chato, não encontrara suas amigas nem algo que lhe pudesse prender a atenção por mais de cinco minutos, então saíra para a sacada e acabou avistando o belo jardim mais ao lado, um pouco escuro e reservado, perfeito para se esconder. Margareth, ou Mag, como gostava de ser chamada pelas pessoas mais próximas, nunca gostou muito dos eventos aglomerados da cidade, já vinha tendo que suportar duas temporadas, mesmo não alimentando nenhuma perspectiva que envolvesse um futuro matrimônio, afinal, não era nenhuma beldade, e sabia muito bem disso, já que não se encaixava nos padrões impostos pela sociedade. Não era loura, nem tinha os olhos azuis, muito menos verdes. Era na melhor das hipóteses, simplória, ou como costumava dizer seus pais, um pouco exótica. Desde seu debute, Mag escandaliza as matronas e as demais damas com seu corpo pouco convencional, como era descrita por muitos em sussurros soltos aqui e ali, possuía seios fartos e provocantes, sendo curvilínea como uma cortesã.
Seguira para dentro dos jardins até que se viu em um labirinto, as sebes que envolviam as paredes eram grandes e grossas, haviam também algumas espécies de flores, que não saberia reconhecer nem se sua vida dependesse daquilo. Margareth sentou-se em um pequeno banco que se encontrava bem ao meio do local, ela estava cansada de bailes e todas aquelas coisas que seus pares diziam ser o apropriado. Não, ela queria viver uma grande aventura, poder sair sozinha, sem que uma acompanhante vivesse nos seus calcanhares, ela na verdade, queria liberdade.
Risinhos afetados soaram nas sombras e Margareth percebera que não estava sozinha, levantando-se com um solavanco, arfando de surpresa, ela se aprumou e seguiu os sons para saber de quem se tratava, com certeza era uma mulher. E talvez ela precisasse de ajuda.
Parou estática quando escutara a voz de um homem.
Então, não só eu estou sozinha, como também a outra não está. Pensou divertida.
Com repentina curiosidade, continuou caminhando até que se deparou com uma cena estranha e um tanto engraçada.
A mulher, a qual não reconhecera, estava sentada no banco com o vestido enrolado na cintura e com o pescoço para trás. Enquanto o homem que estava agachado em sua frente, lhe subia as mão por suas pernas. A mulher parecia maravilhada e muito satisfeita, pois arfava e gemia alto. Então a cena ficara muito mais estranha, pois o homem aproximava sua boca de...
Margareth surpresa, soltou um gritinho agudo, assustando o casal de amantes.
O homem se levantara depressa e procurou de onde saíra o som, porém Margareth se ocultara ainda mais nas sombras.
-Acho melhor pararmos por aqui, Ruth - falou o homem com a voz grave.
-Mas, nós nem começamos! - retrucou, a mulher denominada Ruth.
-Você ouviu. Tem alguém aqui! Agora vá. - falou autoritário, a mulher o olhou tristonha, mas acabou fazendo o que ele pedira. Ela se aprumou, ajeitou o vestido e o cabelo, e seguiu pelo outro lado do labirinto.
-Saia de onde quer que esteja, mocinha - falou, olhando em sua direção.
Margareth se assustara.
Ele me vira?
Derrotada e com um súbito de coragem, ela suspirou e saiu das sombras, se revelando.
- Ora, se não é Lady Margareth.
Margareth arregalou os olhos assustada.
Como ele sabia meu nome?
Seu coração acelerou quando o homem começou a caminhar, encurtando a distância entre os dois, no entanto, permaneceu a uma distância considerável a fim de manter seu rosto coberto pelas sombras.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Cinco Bailes para Encontrar o Libertino Perfeito
Ficción históricaQuerido Leitor, Esse é um projeto de duas amigas que no tempo livre dão asas a criatividade, além de serem loucas por romances de Época. Estávamos nós sem fazer nada e tivemos a grande ideia de escrever contos. São pequenas histórias, românticas...